Literatura e diáspora: o caso dominicano nos Estados Unidos (original) (raw)
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Literaturas da Diáspora Lusófona nos Estados Unidos da América e Canadá
Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, série 128, numero 1-12, pp.112-121, ISSN 0037-8690, 2010
O primeiro problema-de entre muitos possíveis-que um projecto de investigação sobre as literaturas de emigração de expressão portuguesa na América do Norte levanta, prende-se com a designação "Literaturas da Diáspora Lusófona". Esta não será uma expressão pacífica pela sua natureza compósita: as produções literárias de vários países de expressão portuguesa que se fixaram nos EUA e Canadá. E, igualmente, por reunir em si múltiplas áreas de estudo em vez de uma única. De acordo com os objectivos deste trabalho, reportar-me-ei, principalmente, a três países: Portugal, Brasil e Cabo-Verde, relativamente aos quais analisarei algumas das correntes literárias de maior centralidade, autores mais relevantes, e questões mais prementes que interrogações académicas desta natureza podem suscitar. No caso da diáspora oriunda de Portugal, em que se filia o corpus literário com mais tradições e um maior número de obras publicadas, a designação mais frequentemente usada é literatura 'Luso-americana' ou, em inglês, "Portuguese-American literature". No entanto, esta expressão é com frequência usada por alguns académicos-embora menos vezes do que com o sentido a que me referi-como referindo-se às literaturas de expressão portuguesa de um modo geral, incluíndo-se na designação, portanto, as contribuições literárias de países como o Brasil ou Cabo-Verde. No caso do Brasil, um país cuja emigração para os Estados Unidos é bastante mais recente, datando dos anos 80, sensivelmente-o que explica um corpus literário muito mais reduzido-a designação que com mais frequência se utiliza é literatura brazoca ou brazuca, utilizada com algum humor e espírito auto-depreciativo pelos próprios autores brasileiros, e que tem origem, segundo o crítico Luciano Tosta, da junção das palavras "brasileiro" e "carioca." (Tosta, "Between Heaven and Hell" 715) Considerar as expressões literárias de cabo-verdianos como fazendo parte da "diáspora lusófona" corresponde a um esforço recente e não destituído de controvérsia e dificuldades. Isto terá a ver com o facto de as expressões literárias diaspóricas cabo
REBELA - Revista Brasileira de Estudos Latino-Americanos, 2022
Este artigo busca compreender as obras Gabriela, cravo e canela (1958) do escritor brasileiro Jorge Amado e Trilogía sucia de La Habana (1998) do escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez como modelos da literatura nos trópicos que devem ser (re)lidos a partir do entendimento dos movimentos descoloniais dos seus autores, de romperem com modelos hegemônicos, originários, sobretudo, da Europa, e de buscarem caminhos mais condizentes com as suas perspectivas de criação. Tal movimento é defendido aqui como uma descolonização literária latino-americana, fundamentada a partir de uma necessária retomada da teoria crítica literária de Santiago (2000) sobre o entre-lugar do discurso latino-americano, que nos serviu como fio condutor crítico-metodológico durante as investigações e análises, literárias e culturais, que foram realizadas. Como principais resultados obtidos, destacam-se os recursos evidenciados nas obras que atestam os movimentos descoloniais dos escritores.
Letras de Hoje, 2015
Resumo: Este artigo propõe um diálogo entre as literaturas das escritoras Toni Morrison e Conceição Evaristo, partindo dos romances Beloved (1987) e Ponciá Vicêncio (2003), respectivamente, além de discutir alguns aspectos presentes no trabalho das autoras que podem ser percebidos como desafios à tradução. Tal objetivo se baseia no fato de que, embora o continente americano seja um território marcado por uma complexidade no que diz respeito aos povos, tradições, costumes, línguas, entre outros fatores, é possível estabelecer um diálogo entre as diferentes histórias e culturas relativas às Américas se pensarmos na diáspora africana no contexto em questão. Na literatura, Morrison e Evaristo utilizam referentes culturais e/ou variedades dialetais ligados aos povos da diáspora africana com o intuito de trazer a público a história dos afrodescendentes em seus países de origem, história essa geralmente relacionada à escravidão, ao racismo e à busca pela construção de suas identidades.
Políticas na exterioridadenotas sobre o exílio de escritores latinoamericanos
… de Pós-Graduação em História da …, 2009
Resumo: O artigo analisa alguns escritores latinoamericanos obrigados a deixar seus países por perseguições políticas nos séculos XIX e XX. O exílio como imposição política é notadamente distinto da emigração, esta última geralmente decorrente de conjunturas econômicas mas também por opção pessoal. A condição de escritor exilado constituiu uma dupla exterioridade: Ao mesmo tempo em que interferiu na atuação política e na vida privada destes escritores, o exilio também influiu na respectiva produção e divulgação da literatura latinoamericana.
Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea, 2013
Darlene J. Sadlier é professora de Espanhol e Português da Universidade de Indiana (EUA) e certamente uma das brasilianistas que mais escrevem sobre nosso país. Seus livros e artigos surpreendem pela profundidade das pesquisas que os fundamentam e pela acuidade das análises que os constituem. Em conjunto, oferecem a leitores de todo o mundo uma visão arguta do que somos e, a nós, a possibilidade de nos colocarmos em perspectiva. Nesta entrevista, Darlene privilegia a ficção brasileira, mas abre o foco para tematizar igualmente nosso cinema e contextualizar a imagem que os norte-americanos constroem de nós à luz da economia e da política. O resultado é um composto de honestidade e lucidez que chama a atenção para o fato de o desinteresse pelas humanidades, a cultura e a literatura ser um fenômeno propriamente global.
Escrita manchada: Literatura latino-americana e identidade
Travessia, 1993
Na tentativa de refletir sobre 0 lugar e 0 papel da literatura latin~-americana na constru~ao da identidade cutural de urn povo, tomarei .como metonimia-base a personagem Mascarita do livro 0 faladoI, de Vargas Llosa (1), observando em sua trajetoria caracteristicas da literatura de que faz parte, como por exemplo, a busca de supera~ao de fronteiras. Mascarita e Saul Zuratas, urn judeu que recebeu esse apelido por causa da mancha roxa-escura, vinho avinagrado, que the cobria°lado direito da cara (p. 11). Dessa forma era duplamente estigmatizado, pela ra~a e pelo aspecto fisico. AIem disso tern em sua origem a divisao: "seu pai erajudeu e sua mae, urna crioulinha de Talara". E como se tudo isso nao bastasse, Saul realiza sua alia, nao indo a Israel, mas passando a viver entre os indios machiguengas como urn de seus faladores, juntando-se assim, por op~ao, a urn outro povo, marginalizado como 0 seu.