Antropologia pública dos mundos policiais (original) (raw)

Na resenha crítica que escreveu ao livro que publiquei, Patrulha e Proxi-midade. Uma Etnografia da Polícia em Lisboa (), resultante da tese de doutoramento, João Freire () deixa em aberto uma sugestiva ques-tão: Quem serão os públicos deste livro? Freire imagina que a obra será de interesse para o conjunto da comunidade, e aqui reside a dúvida. Será que se refere à comunidade cientítifica (para quem usualmente escre vemos), à comunidade profissional e institucional (a quem por vezes chegamos), à comunidade ativista (na qual também eventualmente nos engajamos), ou será que abre para a comunidade dos leitores, anónimos e indiferen-ciados (que em geral confundimos com a comunidade hu mana)? Esta é uma dúvida que persegue os cientistas sociais e pensadores críticos há mais de um século. Freire compreendeu o livro que lia. Em geral, na sociologia ou na antro pologia, escrevemos de modo diferente quando imaginamos públi-cos diferentes. E as teses são, além do estudo temático e teórico, o resul-tado de uma longa imersão em convenções meta-narrativas e hermenêu-ticas de concepção científica e disciplinar. Por isso escrevemos mais e de modo mais seletivo para comunidades científicas onde o nosso discurso se inscreve. Mas e quando tentamos, a uma só voz, no mesmo texto, con-templar os vários públicos por nós imaginados? Estas perguntas estão na base de mais de duas décadas de contato e conversas inacabadas que tive com João Freire.

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