Capítulo 7 O TRANSE DO PAJÉ: VISUALIDADE, GEOSSÍMBOLO E TERRITÓRIO CULTURAL DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS 7 o TRANSE DO PAJÉ: VISUALIDADE, GEOSSÍMBOLO E TERRITÓRIO CULTURAL DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS (original) (raw)

Este artigo busca ampliar o conhecimento e alimentar o diálogo acadêmico sobre a exibição do “ritual”, um dos momentos apresentados pelos bois Caprichoso e Garantido durante o Festival Folclórico de Parintins. Este evento geográfico festivo ocorre, anualmente, na insular cidade localizada no estado do Amazonas, região Norte do Brasil. O item “ritual” é uma expressão dramatizada de ritos e lendas ameríndias, constituído pela encenação de aspectos e essências de religiosidades e misticismo dos grupos sociais ali reunidos, amplificados no tempo e no lugar festivos, e potencializados pela disputa pelo título. A luta do Bem (representado pela figura do Pajé) contra o Mal (representado por espíritos malignos que ameaçam as populações indígenas e o meio ambiente) é reproduzida, cenicamente, no Bumbódromo. A abordagem elencada envolve a conjugação de teorias e metodologias de caráter interdisciplinar, privilegiando – sem se limitar – as atinentes à geografia cultural, sobretudo aquelas vinculadas ao estudo da religião em sua espacialidade e as abordagens visuais do espaço. A primeira nos oferece a possibilidade de enfocar o fenômeno considerando o Bumbódromo um território-terreiro, acionando os conceitos de território cultural e geossímbolo para entender as dinâmicas sociais e (quase) religiosas que dele partem, por ele circulam e a ele chegam no tempo da festa. Da segunda incorporamos reflexões acerca de regimes de visibilidade, ponto de vista e visualidade para compreender alguns dos vínculos e simbolismos presentes na articulação entre religiosidades com o território durante a apresentação de 2017. A investigação efetiva-se por meio da análise de vídeos disponibilizados em redes sociais. E almeja compreender de que maneira esses elementos – visualidade, geossímbolo e território - se integram na composição da cena do “ritual”, um dos itens julgados durante a apresentação dos bois Garantido e Caprichoso.