"Matéria de caderno": jocosidade e evitação nas aulas de ensino religioso em uma escola pública (original) (raw)

Laicidades possíveis: religiões no espaço público - o caso das escolas públicas municipais em Juiz de Fora

2014

Na presente dissertacao procuramos averiguar a presenca da religiao em tres escolas publicas municipais da cidade de Juiz de Fora. A partir de entrevistas e observacao participante analisamos tres pressupostos: a presenca de simbolos religiosos em suas instalacoes, a influencia do calendario escolar e situacoes de incomodos, enfrentamentos, negociacoes e acomodacoes a partir das interacoes da religiao com os conteudos escolares, didaticos, pedagogicos destas escolas. Paralelamente a isso consideramos a invisibilidade dos simbolos, o panorama historico da presenca religiosa na sociedade, cultura e espaco publico no Brasil e uma breve discussao sobre a laicidade. Na analise foi utilizada uma bibliografia diversa, o depoimento de professores e gestores das escolas municipais e principalmente a observacao participante.

NOTAS ETNOGRÁFICAS SOBRE A RELIGIOSIDADE NA ESCOLA

Este artigo relata uma pesquisa que visa identificar e analisar a presença/ ausência da religiosidade na escola pública a partir da observação de estratégias e mecanismos de socialização difusos. Com base em estudos sobre religiosidade e socialização, verificou-se que a religiosidade está presente na escola de forma velada e naturalizada, mesmo quando não há oferecimento da disciplina Ensino Religioso. Para alcançar o escopo pretendido, procedeu-se um estudo de caso em uma escola pública municipal na cidade de Santo André/SP. Utilizou-se um arsenal de recursos metodológicos inspirados na metodologia etnográfica, dentre eles, a observação de campo, questionários e entrevistas semiestruturadas realizadas com professoras.

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NOS ESPAÇOS ESCOLARES

Introdução A proposta deste estudo é trazer para o campo acadêmico um assunto pouco abordado entre educandos e professores. Ouve-se com freqüência: " – Religião, cada um tem a sua e não se discute ". Será? É assim mesmo que acontece nas escolas? Alunos e professores convivem de forma harmoniosa, dialogando de igual para igual acerca da fé que professam ou até mesmo se não professam nenhuma? E quando há divergências, há espaço para o debate respeitoso ou prevalece a autoridade do professor, subjugando as minorias religiosas que se encontra entre os discentes? Procuro, com este trabalho, questionar a posição dos professores diante das minorias religiosas, em particular as religiões de matrizes africanas, e o poder que eles têm de inferiorizar seus alunos, punindo-os pela fé que professam. Sabemos que os cristãos (católicos e protestantes) são maioria nas escolas e que todo professor carrega consigo seus dogmas e crenças. Nenhum professor ao entrar numa sala de aula, deixa do lado de fora sua fé e suas origens. A questão é: o que ele faz quando se depara com religiões contrárias as suas? Há nas escolas espaços para estudar de maneira respeitosa a origem de todas as religiões, independente de sua estrutura e sua formação? Quando se fala em religião, está se falando no conceito religião (re-ligação com o sagrado) ou de uma religião específica, como por exemplo, a cristã? A verdade é que quando falamos de religião se torna quase impossível a imparcialidade. Na maioria das vezes, o professor irá expressar seus princípios e valores, sua opinião e visão, quanto mais em relação a um assunto tão subjetivo e envolvente como a religião. Uma solução viável que podemos começar a discutir é ensinar a religião como cultura, atrelado às disciplinas que dão esta abertura, como História e Geografia, por exemplo. A religião faz parte da cultura, é um fenômeno cultural que reflete a cultura de um determinado grupo e também um campo de memória. A religião é constituída por mitos, rituais e comportamentos morais. O sociólogo Emile Durkheim reconhece que a religião, acima de tudo, diz respeito ao modo como organizamos a nossa compreensão da realidade e, nesse caso, ela é precursora da ciência e não sua antítese. A religião é um fenômeno extraordinário e complexo, multifacetado, que pode ser estudado por várias disciplinas: sociologia, psicologia, filosofia, antropologia, teologia, entre outras. Nenhuma delas, contudo, é capaz de apreender, compreender e explicar tal fenômeno a contento. A religião coloca-se como metáfora do real, como o manto que encobre e encanta a realidade humana. Porém, a natureza religiosa humana existe e revela um aspecto essencial e social da humanidade (Durkheim, 1996, p. 38). A religião é coisa eminentemente social. As representações religiosas são representações coletivas que exprimem realidades coletivas, os ritos são maneiras de agir que surgem unicamente no seio dos grupos reunidos e que se destinam a suscitar, a manter, ou a refazer certos estados mentais desses grupos (ibidem). Por tudo isso, acredito ser imprescindível abarcar toda e qualquer manifestação religiosa como expressão cultural, portanto, livre de preconceitos e intolerâncias.

DE UMA LAICIDADE DE INCOMPETÊNCIA A UMA LAICIDADE DE INTELIGÊNCIA: o caso do Ensino Religioso na escola pública

INTERAÇÕES, 2013

RESUMO Neste artigo analisa-se o Ensino Religioso na escola pública, contextualizado na realidade brasileira, marcada por grande pluralidade e diversidade cultural e religiosa. Nosso ponto de partida será o novo conceito de laicidade de conhecimento, um novo marco nas relações entre sujeitos, confissões religiosas e o Estado. Neste contexto, destacaremos o modelo de Ensino Religioso que busca realizar a transposição didática da (s) Ciência (s) da Religião para a escola. Este modelo assume um papel fundamental para a afirmação do respeito para com o outro, principalmente frente ao crescimento dos mais diversos fundamentalismos do nosso tempo e dos mitos que povoam a nossa sociedade capitalista. Ele poderá mostrar que a religião é o mais despercebido instrumento de sustentação (teórica e prática) de diversas formas de dominação, mas também pode ser uma referência para as resistências locais a essas na luta pela libertação em várias situações. A educação para a solidariedade se compromete com esta noção de alteridade. Sem isso, não é possível passar para a solidariedade como um valor ético, reconhecendo-se no outro sua própria dignidade humana. Neste sentido, veremos que este modelo de Ensino Religioso cumpre um papel fundamental. PALAVRAS-CHAVE: Laicidade. Ensino do religioso. Cultura. Alteridade. Solidariedade. ABSTRACT This article aims at analyzing Religious Teaching in Public Schools within the Brazilian context defined by great cultural and religious diversity. The starting point of the text will be the new concept of knowledge laicism, a new framework for relationships between subjects, religious confessions and the State. In this context, the model of Religious Teaching that aims at the didactic transposition of Religious Science to school will be outlaid. This model assumes a key role in the affirmation of respect for the other, especially on face of the growth of various contemporary fundamentalisms and myths that populate our capitalist society. It shows that religion is the most subtle support mechanism (theoretical and Empirical) to the various forms of domination, but it can also be a reference for local resistance to those people struggling for liberation in various situations. Education for solidarity is committed to this notion of otherness. Without it, it is not possible to ascertain solidarity as an ethical value, acknowledging oneself in the other its own human dignity. In this sense, we will see that this model of Religious Teaching plays a key role. KEYWORDS: Laicit. Religious studies teaching, Culture. Othernes. Solidarity.

A religiosidade na prática docente

RBEP, 2017

O artigo apresenta resultados de uma pesquisa sobre a presença da religiosidade na escola pública. Em um estudo de inspiração etnográfica, acompanharam-se duas salas de ensino fundamental I em um município de São Paulo, e foi possível observar que, diferentemente do que se imaginava, a religião não está presente na escola de maneira explícita, mas de forma oculta e difusa, como uma forte influência na prática docente das professoras e ferindo o princípio de laicidade do Estado. O texto se inicia com uma breve exposição dos pressupostos teóricos na área da sociologia da educação, segue com a exposição da prática docente de duas professoras e se consolida com a análise das formas de religiosidade presentes na instituição escolar. Palavras-chave: religiosidade; escola pública; laicidade.

Currículo em disputa: o debate sobre o Ensino Religioso em escolas públicas

Revista Teias

Em escolas públicas, a disciplina Ensino Religioso constitui uma área de tensões e disputas nos campos jurídico e teórico. No entendimento deste trabalho, as pesquisas no campo da Educação são relevantes nesse debate, pois elas não só descrevem e analisam dados e objetos, como também os constroem. Assim, como objeto de pesquisa, o Ensino Religioso e seu currículo são construídos pelos discursos do campo teórico. O objetivo deste trabalho foi identificar, a partir do conceito regimes de verdade proposto por Michel Foucault, de que modo os discursos utilizados nas pesquisas dos Programas de Pós-graduação em Educação, desde 1997 até 2016, constroem o Ensino Religioso e seu currículo. Compreende-se que os diferentes discursos presentes nas pesquisas analisadas estabelecem uma disputa no campo teórico acerca dessa disciplina.

Novos apontamentos sobre o Ensino Religioso na escola pública paranaense

2016

Este artigo discute o processo de regulamentacao do Ensino Religioso na escola publica brasileira. E resultado de uma pesquisa documental e bibliografica, que teve como principais fontes os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso (PCNER), de 1997, e a legislacao educacional brasileira relacionada ao contexto politico da decada de 1990, especialmente, os documentos produzidos no Estado do Parana, considerado modelo nacional da atual proposta pedagogica do componente curricular. De acordo com a legislacao vigente, o Ensino Religioso deve garantir o respeito a diversidade cultural e religiosa brasileira, bem como preservar o principio de laicidade do ensino publico. Palavras-chave: Politicas Educacionais. Legislacao Educacional. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso.