A sociedade pós-secular (original) (raw)

A laicidade numa sociedade pós-secular

Texto escrito em conjunto com Sérgio Murilo Rodrigues e apresentado no Congresso da SOTER/2014 A modernidade prometeu o fim das religiões. No entanto, a promessa não se cumpriu e vemos hoje tanto um aumento significativo no número de crentes na população mundial, quanto da influência política das religiões na esfera pública. A questão colocada é: Quais são as relações entre o processo de secularização, o cristianismo, o princípio da laicidade, e a formação do Estado moderno? Tendo em vista tal questão, e em busca de bibliografia sobre o tema, deparamo-nos com dois filósofos alemães, que pensaram o tema: Jürgen Habermas, mais conhecido entre nós, e Ernst-Wolfgang Böckenförde, pouco estudado ainda no Brasil. Esta comunicação traz os primeiros passos nesse campo minado e assinalado por inúmeras interfaces entre a história, sociologia, filosofia, direito e, por que não, a própria teologia, já que o debate, por exemplo, em torno de conceitos como “natureza” e “graça”, milenar fundamentais na cosmovisão cristã, chega até os dias atuais trazendo em seu centro a discussão em torno das possibilidades daquilo que foi chamado um dia de “homem emancipado”. Assim, busca-se nessa comunicação: apresentar o problema de fundo, trazer a contribuição específica de Böckenförde sobre o debate em torno do surgimento do Estado secular, a interpretação habermasiana sobre o tema.

Religião e Comunidades de afeto na pós-modernidade

2019

O presente artigo propõe uma aproximação interpretativa, a partir da analítica de Max Horkheimer – especificamente o conceito de razão subjetiva –, à experiência religiosa na pós-modernidade, vivenciada no âmbito das comunidades de afeto. Sob a dinâmica de comunidades de afeto, a experiência religiosa no contemporâneo pode se estruturar não mais a partir de uma identificação pautada em uma definição doutrinal ou em uma fé concebida como expressão de verdade teológica ou ainda em uma adesão a uma religião como tradição. A comunidade religiosa passa a ter como base, como elemento estruturante a dimensão da relação afetiva. O afeto, que aparece e se destaca como amalgama na experiência religiosa pós-moderna, talvez não deixe de ser expressão de uma racionalidade subjetiva, a instrumentalizar a vivência da religião.

Pós-modernidade e religião

Abordar a relação entre o que se costuma denominar «pós-modernidade» ou «modernidade tardia» e o fenómeno religioso que a acompanha, implicaria um vasto estudo sobre os complexos e polisémicos conceitos mesmos de pós-modernidade e de religião. Mas é assunto que não pode, evidentemente, ser abordado nos limites deste artigo 1 .

Patricídio: o mundo pós-Deus

2024

O texto a seguir tem somente como objetivo formular uma síntese de estudos e, portanto, não se deve considerar nada como absoluto. Há sim material original, como há também material de outros autores. O texto em si não tem a função de introduzir o leitor a um campo de estudo, visto que, tais campos são demasiados complexos e, por se tratar de um material de estudo pessoal, não me vi na necessidade de retomar fundamentos e explicar a fundo determinados processos e dinâmicas.

A laicidade em uma sociedade pós-secular Rodrigo Coppe Caldeira 0 0 0 0

Resumo A modernidade prometeu o fim das religiões. No entanto, a promessa não se cumpriu e vemos hoje tanto um aumento significativo no número de crentes na população mundial, quanto da influência política das religiões na esfera pública. A questão colocada é: Quais são as relações entre o processo de secularização, o cristianismo, o princípio da laicidade, e a formação do Estado moderno? Tendo em vista tal questão, e em busca de bibliografia sobre o tema, deparamonos com dois filósofos alemães, que pensaram o tema: Jürgen Habermas, mais conhecido entre nós, e Ernst-Wolfgang Böckenförde, pouco estudado ainda no Brasil. Esta comunicação traz os primeiros passos nesse campo minado e assinalado por inúmeras interfaces entre a história, sociologia, filosofia, direito e, por que não, a própria teologia, já que o debate, por exemplo, em torno de conceitos como "natureza" e "graça", milenar fundamentais na cosmovisão cristã, chega até os dias atuais trazendo em seu centro a discussão em torno das possibilidades daquilo que foi chamado um dia de "homem emancipado". Assim, busca-se nessa comunicação: apresentar o problema de fundo, trazer a contribuição específica de Böckenförde sobre o debate em torno do surgimento do Estado secular, a interpretação habermasiana sobre o tema. Palavras-chave: Habermas. Böckenförde. Laicidade. Esfera pública. Política.

Perspectiva pós-religional e Budismo secular

2015

This paper aims to present one of the contemporary trends on Buddhism, specially from the last decades in West, for its encounter with the globalized and dynamic context of present societies. This Buddhist trend, the progressive secularization of its traditions and practices, not to mention its increasing acceptance of historicaltextual refutation, finds in Stephen Batchelor - a former monk in two different Buddhist traditions, Tibetan and Korean Zen - a catalyzer and a well-known advocate of secular perspective to the contemporary Buddhism. Here we will present the potential dialogue between the Secular Buddhism - besides the secularizing perspectives over orthodox cultural traditions - and the post-religional subject, as proposed by Maria Corbi and the Ecumenical Association of Third World Theologians. For the purposes of this paper we will focus on the modernizing and secular hermeneutics on Dharma practice, as defended by Stephen Batchelor and others.

As esferas seculares e religiosas na sociedade

2010

As esferas seculares e religiosas na sociedade portuguesa O objectivo principal deste artigo consiste em redesenhar as fronteiras e as sobreposições entre as esferas seculares e as esferas religiosas dentro da modernidade portuguesa. Metodologicamente, pretendo uma aproximação histórico-sociológica, comparando sobretudo as reconfigurações do catolicismo português em quatro épocas marcadas por diferentes condições socioculturais. Assim, proponho uma releitura dos processos da secularização em Portugal.

A pandemia na era secular

RAC: Revista Angolana de Ciências, 2021

En esta investigación pretendemos examinar el impacto de las restricciones a la libertad religiosa, provocadas por el estado de emergencia sanitaria, asociado a la pandemia de COVID-19, durante el primero confinamiento en Portugal. Partiendo del marco teórico de la era secular y la secularidad, este trabajo permite interpretar, a través de un análisis cualitativo, hipotético-deductivo, el lugar de la religión en las sociedades caracterizadas por las culturas de la secularidad. Al final, se concluye que la normalización de la subordinación de los principios y prácticas religiosas a los de la esfera política, patente por la jerarquización de las actividades esenciales y no esenciales, y su promoción a través de la autosecularidad, vacían la presencia de la religión en el espacio público y fomentan el avance de una cultura de laicidad

Ambiguidades da secularização entre modernidade e pós-modernidade

2019

O artigo parte da consideração de uma espécie de dialéctica, inerente à modernidade, no que respeita à relação com o sagrado, que acabou por implicar deslocações deste para âmbitos considerados «profanos». A modernidade tardia e o denominado regresso do religioso apenas vieram revelar melhor essa dialéctica. Daí resulta uma possível leitura da secularização moderna como sacralização do «secular», enquanto âmbito de um novo absoluto. Em contrapartida, a tradição teológica da secularização pode ser entendida como crítica relativização do secular, em permanente processo de «desdivinização», ao que parece corresponder, como contrapartida estranha, um modo de neo-sacralização com base no religioso não teológico – numa religião sem Deus. É neste dinamismo ambivalente que se pode falar dos elementos que marcaram as ambiguidades da secularização moderna: a absolutização da natureza, a recuperação de uma religião civil, a divinização da razão científica, entre muitas outras versões.

Um mundo secularizado que desafia a catequese

Revista Pistis Praxis, 2015

Neste mundo marcado pela secularização, a catequese é desafiada a continuar seu trabalho de transmissão da fé, como ordenou Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a boa-nova a toda criatura” (Mc16,15). A ordem de Jesus continua sempre atual, e a Igreja percebe cada vez mais a importância de investir forças em sua ação evangelizadora. Para que a transmissão da boa-nova seja fecunda, catequetas e catequistas não podem se eximir de uma avaliação sincera do ato catequético, procurando atentar para sua pertinência pastoral e sua viabilidade nos novos moldes da sociedade, chamada neste artigo de pós-moderna ou pós-cristã.