O rio do poema: Joao Cabral anti-épico (original) (raw)

Joao Cabral e a poetica de Joaquim

O eixo e a roda, 2024

O artigo toma como objeto o poema “Paisagens com cupim”, publicado por João Cabral de Melo Neto na obra Quaderna, de 1960, para nele investigar o papel da corrosão produzida pelo animal, a partir da qual identi-ficamos dois embates ao longo do poema, quais sejam: campo x cidade e cultura x natureza. Enquanto o primeiro poderia remeter à modernização conservadora (Brasília, mas também a verticalização da orla da praia de Boa Viagem, no Recife) contemporânea ao poema, da qual Cabral mar-caria distanciamento crítico; a segunda daria aspecto dio-nisíaco à sua poesia, propondo um entrelaceentre cultura e natureza. A partir disso, iremos perquirir a possibilidade de uma tradição da corrosão no interior da obra cabralina que, segundo sua fortuna crítica, seria inaugurada pela poé-tica de Joaquim de Os três mal-amados (1943), supostamente minoritária em sua restante produção.

Contra os enguiços do poema": João Cabral de Melo Neto e Arménio Vieira

Revista Diadorim, 2009

Este artigo começa por rever o discurso crítico sobre a influência das literaturas brasileira e portuguesa em Cabo Verde. Toma depois o exemplo da recepção insular de João Cabral de Melo Neto para chegar ao caso em estudo: as relações intertextuais entre o autor de Pedra do sono e o poeta cabo-verdiano Arménio Vieira. A leitura de “ Toti Cadabra”, “Dezpoemas mais um” e “João Cabral”, incluídos em Poemas (1981) e em Mitografias (2006), permite perceber alguns aspectos fundamentais da educação pernambucana, relativos à rigorosa composição do poema, à necessidade de cultivar uma voz pessoal ou ao tratamento de temas universais (como o fluir do tempo ou a contingência da morte). Por fim, propõe-se o alargamento do objecto deste artigo ao legado de João Cabral perceptível em outras artes poetica e ou novas séries temáticas de Arménio Vieira, Corsino Fortes e José Luiz Tavares.

A presença épica na obra de João Cabral de Melo Neto

Itinerários, Araraquara, n. 52, p. 241-257, jan./jun, 2021

This work is an approach to the poetry and theater of João Cabral de Melo Neto from the epic point of view, in order to recognize in Morte e vida severina (1955) and in Auto do frade (1984) epic matters that support the affirmation of the hybrid character of two works, without, however, having any intention of fixing or categorizing them, but, on the contrary, intending to put into practice the thought-provoking exercise of contemplating them in the light of hybridism in the literature. For this, the presence of the two plans that integrate epic works (the historical and the mythical) will be highlighted, configuring the epic matter: the representation of heroism and the aesthetic specificities that draw this hybridity. In addition, the approach aims to be a tribute to the centenary of João Cabral de Melo Neto, who, in 2020, would have turned 100 years old.

Poesia e experiência histórica no " primeiro " João Cabral

RESUMO Este artigo tem por objetivo analisar a produção poética inicial de João Cabral de Melo Neto, verificando como, sobretudo em A pedra do sono e Os três mal amados, o poeta dialoga com Carlos Drummond de Andrade no sentido de configurar uma poesia de dicção própria, que procurava assimilar as conquistas formais do Modernismo, ao mesmo tempo em que dele se afastava. PALAVRAS-CHAVE: Experiência histórica; Poesia; João Cabral de Melo Neto ABSTRACT This article aims to analyze the early poetic production of João Cabral de Melo Neto, noting how, especially in A pedra do sono and Os três mal amados, the poet converses with Carlos Drummond de Andrade in order to configure a own poetry diction, which sought to assimilate the achievements of Modernism, while it was moving away.

A negatividade da poética de João Cabral: proposta de estudo

Em Tese

No primeiro momento, situo a discussão entre os críticos cabralinos sobre a noção de negatividade. Alio a esse breve apontamento de parte da fortuna crítica do poeta o conceito de negatividade desenvolvido por Theodor Adorno ao longo de seus trabalhos, concentrado em Dialética Negativa. Em seguida, procuro demonstrar qual como se estabelece uma chave interpretativa para analisar a poesia de Cabral. A negatividade, tal como trabalhada, se apresenta como ferramenta promissora para investigar como o questionamento da linguagem na poética cabralina reflete os elementos técnicos literários e, a um só tempo, configura uma poética crítica a dispositivos sociais, sobretudo quando esses não aparecem explicitamente.

Joao Cabral no museu: o poeta entre o lixo e o arquivo

João Cabral no museu: o poeta entre o lixo e o arquivo, 2021

Resumo: Em Museu de Tudo (1975), João Cabral de Melo Neto atua como um grande arquivista, seja no processo de formação do livro, que reúne poemas escritos ao longo de quase uma década, ou no procedimento formal de selecionar, colecionar, reescrever, organizar e publicar. No poema de abertura, o poeta insinua que o livro não tem "vértebra", isto é, não tem um fio condutor, e que ele pode ser tanto "caixão de lixo" quanto "arquivo". Nesse sentido, analisa-se a relação entre lixo e arquivo e seus paralelos com a memória. Também se aponta o quanto o livro é uma releitura da própria obra e um exercício de controlá-la, principalmente a partir das figuras que o poeta convoca para o seu "museu".

O navegar do poeta João Cabral no oceano das palavras proibidas (1952-64)

Resumo: O artigo apresenta o período de 1952 a 1964 na vida do poeta João Cabral de Melo Neto (1920-99), no qual suas palavras provocam o tempo e a política. Tempo de proibições sobre o que é possível comunicar, neste período de restrições o poeta e diplomata é perseguido pelo uso da palavra escrita. O evento retratado surge da preocupação anticomunista no Brasil. As palavras censuradas ou mal interpretadas são usadas como formas de poder pelo governo. O poeta é delatado e julgado como comunista e afastado de seu cargo diplomático. Neste momento o poeta faz emergirem inquietações do seu Nordeste natal em poesia e vida e morte são apresentadas como provocação social e política em um oceano de palavras proibidas.

O efeito João Cabral na poesia portuguesa

Revista Texto Poético, 2018

Em 1960, João Cabral de Melo Neto publicou em Lisboa, pela Guimarães Editores e sob a “curadoria” de Alexandre O’Neill, a edição prínceps de Quaderna. Tendo como autor um poeta brasileiro, compreende-se que o livro não seja referido entre as obras que protagonizaram um processo de ruptura no início dos anos 60 em Portugal. E todavia o papel deste livro na mudança então em curso na poesia portuguesa parece ter sido inequívoco. Nestas breves notas procura-se mostrar porquê. Palavras-chave: anos sessenta; poesia portuguesa; João Cabral de Melo Neto

Cabral e a Estética Do Concretismo Como Marco De Sua Poética

Revista Guará - Revista de Linguagem e Literatura, 2021

A poética de João Cabral de Melo Neto é um dos marcos mais valorosos da literatura que aprofunda as concepções estéticas da geração de 30 no Brasil, sendo ele considerado um dos principais poetas da geração de 45, atingindo a chamada pós-modernidade. Inspirado pelos ideais cubistas, sob influência de nomes como Carlos Drummond de Andrade, adere ao Concretismo de maneira peculiar, levando sua voz precursora às gerações vindouras. No presente artigo, pretendemos demonstrar como se dá em Cabral tal estética de forma que crie repercussão como peça basilar da mesma em âmbito brasileiro, partindo da análise de sua obra ao cotejo com o Neoconcretismo de Ferreira Gullar. Assim crendo esclarecer os principais aspectos de sua construção poética.

João Cabral de Melo Neto: O lirismo de um “Poeta sem Alma”

Opiniães, 2018

João Cabral de Melo Neto, poeta modernista da Geração de 45, é considerado um antilírico por excelência. Seu projeto poético é orientado por uma estética baseada na objetividade, na concretude e na racionalidade, de modo que sua poesia é essencialmente enraizada na realidade exterior. Porém, contestando a crítica e as análises convencionais sobre ele, este trabalho, baseado na análise do poema Forte de Orange, Itamaracá, pretende lê-lo sob outro prisma, talvez insuspeito, mas, sem dúvida, surpreendente: pela via simbólica de análise e interpretação, visa-se revelar (desvendar, desvelar) o lirismo singular do poeta recifense, um lirismo sui generis na poesia brasileira. Para isso, a análise é suportada teoricamente por Antonio Carlos Secchin (2007), Marta Peixoto (1983), Tzvetan Todorov (1979), Mario Ferreira dos Santos (1959; 2000), e outros. No limiar entre o lírico e o antilírico, sua poesia é plurivalente: carregada de tensões e sentidos, ela transita por esses dois planos da lin...