Metodologia científica e decolonialidade (original) (raw)
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Um giro decolonial à metodologia científica
Revosta Espirales, 2021
O pensamento decolonial tem contribuído para pensar a América Latina numa ruptura epistêmica com a retórica da modernidade e a lógica da "colonialidade do poder" e suas derivações. Para a pesquisa que propõe ser decolonial, é preciso pensar não só as bases epistemológicas das teorias em que se baseiam as pesquisas, mas também os métodos em que as mesmas pretendem se elaborar. O presente trabalho não tem a pretensão de propor um método universal para pesquisa decolonial – o que seria uma contradição na proposta - mas apontar possibilidades epistemológicas nas metodologias que os(as) investigadores(as) pretendem utilizar. Busca-se pensar a relação entre sujeito e objeto entendendo que o objeto de estudo não pode ser do interesse do/a pesquisador/a - individual, mas deve ser construído no coletivo, com comunidades e povos que as pesquisas visam alcançar. Os objetivos que se pretendem alcançar devem ser comunitários, antes de serem científicos. Já as justificativas devem partir das necessidades que se apresentam, pois não se trata de uma ciência que busca a “verdade”, mas que transforma a realidade e também se transforma. Da mesma forma, dentro da construção de metodologias decoloniais, procura-se partir da suspeita sobre o que pretende ser universal e neutro, apontando que não há neutralidade na produção do pensamento científico, existindo uma orientação política nas perguntas e marcos teóricos utilizados por pesquisadores/as, que podem ter na “desobediência epistêmica”, na “antropologia por demanda” e no “sentipensar” e “corazonar” possíveis caminhos de construção metodológica. Por fim, o horizonte decolonial se apresenta como um conhecimento que responde às realidades e demandas locais/regionais. Por isso, para além de responder um problema, as metodologias utilizadas em pesquisas decoloniais devem ser propositivas a essas demandas. Nesse sentido, buscamos fazer um estudo de caso utilizando ferramentas que emergem do Buen Vivir: a "interculturalidade" e os "bens relacionais"
Branquitude e decolonialidade acadêmica
A produção do conhecimento nas ciências sociais aplicadas, 2019
RESUMO: Este ensaio questiona a manutenção de determinadas práticas, metodologias e epistemologias legitimadas na gênese do campo acadêmico a partir de uma noção de racionalidade científica ocidental tida como universal. Buscamos averiguar a forma como o campo acadêmico opera uma lógica distintiva ao reproduzir hierarquizações socioculturaisde gênero, raça e classe -na categorização dos saberes, sujeitos e territórios referenciando a norma europeia. Discute-se a gênese do campo acadêmico considerando a noção de ciência moderna em relação à conservação de uma estrutura desigual que a origina, pensando práticas de manutenção da branquitude e colonialidade dos saberes/poderes nos espaços institucionalizados de onde se propaga o conhecimento reconhecido e oficializado como ciência no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Colonialidade. Branquitude. Epstemicídio. Educação. Ciência. GENERIFICAÇÃO E RACIALIZAÇÃO ASSIMÉTRICA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO NO BRASIL Pensar a experiência histórica da academia no Brasil, considerando possíveis práticas de alteridade, permite averiguar alguns dos modos como as relações de interseccionalidade relativas às posições de gênero, raça e classe, articuladas à gênese das ciências modernas, atravessam ainda na atualidade as formas de representação e subjetivação social. Consequentemente, a produção do conhecimento reconhecido como científico, e os processos de (não) reconhecimento de determinados saberes e sujeitxs no âmbito do campo acadêmico atuam como instâncias homólogas às relações sociais. Compreender o lugar em que nos inserimos, sem desconsiderar o lugar do outro, requisita uma reflexão quanto às formas e normativas metodológicas não flexíveis e fundadas em epistemologias do conhecimento comprometidas pela própria concepção de uma ciência moderna enquanto subproduto e produtora da mesma "colonialidade do poder" (QUIJANO, 2009) incorporada nas assimetrias sociais racializadas e generificadas patriarcalmente que caracterizam as relações no Brasil. Define as formas de interiorização
Design e decolonialidade na pesquisa científica: ferramenta política de reflexão
Blucher Design Proceedings, 2022
O design manifesta posturas ideológicas, medeia relações políticas, econômicas e culturais na sociedade, comunicando a realidade em devir. Este trabalho é um recorte de pesquisa de mestrado em Design vinculada ao PPG da UFPE, tem o propósito de relacionar design e movimento decolonial latinoamericano na pesquisa científica como ferramenta política de reflexão. Diante do legado do Brasil colonizado, a decolonialidade dialoga com a necessidade de romper padrões universais que silenciam culturas originárias. Nesse sentido, é pertinente pensar o design como ato político decolonial para tecer reflexões transversais via pesquisa científica. A metodologia desta investigação é caracterizada pela pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica com abordagem dialética. Por meio do diálogo com os autores Vieira Pinto (1979), Bonsiepe (1997; 2011), Hooks (2020) e Escobar (2003; 2014), reflexiona-se sobre a pesquisa científica como instrumento político. Os resultados apontam para reflexões críticas que possibilitam narrativas pluriversais no âmbito do design e das interações humanas. Palavras-chave: Design; Decolonialidade; Pesquisa científica. Design manifests ideological postures, mediates political, economic and cultural relations in society, communicating the reality in the future. This work is a part of a linked Master's research in Design linked to the PPG of UFPE, with the purpose of relating design and the Latin American decolonial movement in scientific research as a political tool for reflection. Faced with the legacy of colonized Brazil, decoloniality dialogues with the need to break universal patterns that silence original cultures. In this sense, it is pertinent to think of design as a decolonial political act to weave transversal reflections via scientific research. The methodology of this investigation is characterized by qualitative research of the bibliographic type with a dialectical approach. Through dialogue with the authors Vieira Pinto (1979), Bonsiepe (1997; 2011), Hooks (2020) and Escobar (2003; 2014), we reflect on scientific research as a political instrument. The results point to critical reflections that enable pluriversal narratives in the scope of design and human interactions.
Este escrito busca compartilhar reflexões, tensionamentos e intenções que o contato com o pensamento decolonial pode provocar nos estudos sobre gênero e ciência, significando um possível movimento de insubmissão capaz de potencializar a crítica feminista à ciência. Os caminhos aqui percorridos pelas ideias são produzidos pela imersão no pensamento decolonial, por meio de pesquisa bibliográfica, em confronto com uma trajetória de pesquisas realizadas sobre as expressões da discriminação de gênero nas universidades e na Política de Ciência, Tecnologia & Inovação no contexto do Nordeste brasileiro. Como maior contribuição, traz para o centro do debate a desobediência epistêmica como necessária à crítica feminista -como contraposição não somente ao sexismo de modo abstrato, mas que o compreenda como parte indissociável das relações raciais, étnicas, econômicas e epistêmicas.
Decolonialidades e Cosmovisões
EBOOK IV CONGEAfro, 2018. Evento realizado: 7 a 10 de novembro de 2017
Este trabalho é fruto da pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania da Universidade de Brasília que resultou na dissertação "CANDOMBLÉ E DIREITO: O encontro de duas cosmovisões na problematização da noção de sujeito de direito". Em sua construção foram conectados a formação, o desejo profissional e a espiritualidade da pesquisadora. Nesse artigo serão apresentados os estudos realizados sobre os candomblés baseados em Bâ
Peralta Decolonialidade em praticas cientificas na Amazonia
Revista da Universidade Federal de Minas Gerais, 2023
O artigo propõe uma reflexão sobre a potencialidade de um despertar epistêmico na Amazônia a partir da colaboração entre formas de conceber e conhecer o mundo enquanto diferentes regimes de conhecimento. Foram realizadas observação participante e entrevistas não-diretivas entre atores sociais envolvidos em práticas científicas na região de Tefé/AM, local do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, onde foi conduzido o estudo. Como recorte para estudo de caso, focalizaram-se o método de censo populacional de pirarucus e a abordagem teórico-metodológica da modernidade/colonialidade. Concluímos que um despertar epistêmico na Amazônia deve tornar visíveis e valorizar saberes e práticas tradicionais dos povos indígenas e ribeirinhos, a fim de estabelecer uma colaboração e/ou aliança pragmática entre regimes de conhecimento para que as populações locais possam permanecer nos seus territórios, mantendo “a floresta em pé” e desenvolvendo seus próprios projetos de futuro, a partir de seus saberes e modos de vida ancestrais.