A África na Alma do Brasileiro: O Fluxo do Iorubá da África para o Brasil (original) (raw)
Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo (Tradução de Maria Aparecida da Nóbrega
Pierre Fatumbi Verger, a quem se deve este minucioso trabalho, viveu durante dezessete anos em sucessivas viagens, desde 1948, pelas bandas ocidentais da África, em terras iorubás. Tornou-se babalaô em Kêto, por volta de 1950, e foi por essa época que recebeu de seu mestre Oluwo o nome de Fatumbi: "Aquele que nasceu de novo (pela graça) de Ifá". A Editora Corrupio, dando continuidade à publicação no país sobre cultura negra, onde são estudados os fundamentos históricos e mitológicos, a descrição dos rituais, os laços de profunda afinidade cultural entre a África (região do Golfo de Benin) e Brasil (Salvador e Recife). Os escravos trazidos desta parte da África, durante os últimos cento e cinqüenta anos do tráfico de escravos (1700-1850), eram, quase que exclusivamente, destinados às duas regiões do Brasil acima mencionadas. As razões econômicas que determinaram esta "preferência" e escolha são mencionadas em outra obra do autor: "Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o Golfo de Benin e a Baía de Todos os Santos". Orixás também se constitui rm valioso documento sobre as religiões em vias de desaparecimento em
Entre margens: o retorno à África de libertos no Brasil
2008
Agradeço à CAPES, que forneceu o apoio indispensável para minha pesquisa na França, com a bolsa-sanduíche. E, nesse mesmo sentido, agradeço ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense pela concessão de bolsa PDEE. A estada naquele país não seria possível de outra maneira, e tampouco a pesquisa nos arquivos coloniais franceses, em Aix-en-Provence, bem como a participação nos seminários do Centro de Estudos Africanos na École des Hautes Études en Science Sociales(EHESS), os quais tiveram enorme importância para a tese. A Casa do Brasil foi minha casa em Paris, e, portanto, agradeço também a aceitação. A Fundação Paul-Albert Février me deu ótimas condições de moradia em Aix, em situação privilegiada e ambiente perfeito para o estudo, obrigada! A SEPHIS e o CODESRIA me premiaram com o workshop no Senegal, que não apenas me fez conhecer os arquivos locais, como deu a chance de apresentar o meu projeto a um público seleto de historiadores, vindos de lugares do mundo ainda pouco conectados às nossas redes acadêmicas. Tenho uma lista infindável de pessoas para agradecer. Vou ter que reduzir para que caiba no tempo que tenho e nas dimensões que se espera de um item dessa natureza, numa tese de doutorado. Mas, podem acreditar, minha gratidão -palavra que soa antiga, mas aqui vai atualizada na sua mais pura verdade -não se reduz e nem se restringe ao aparentemente principal. Entra todo mundo que participou dessa História, direta e indiretamente. Nas margens desse oceano, tive muitos portos seguros. Na França, o Professor Michel Agier, diretor do Centro de Estudos Africanos da EHESS, me recebeu generosa e gentilmente. Sempre esteve disponível e me ajudou em todo o possível. As bibliotecárias do CEAf foram de uma atenção e uma solidariedade únicas, entendendo que aquela doutoranda precisava ficar na véspera dos feriados de Natal trabalhando até o último minuto -e se possível, além de todos os horários estabelecidos para o período. Antes de chegar à Provence, ainda em Paris, a Professora Kátia Mattoso me recebeu, leu meu projeto atentamente e fez preciosas sugestões. Em Aix, tudo seria praticamente impossível sem a Ernestine Carreira. Ela foi a referência que viabilizou o contato com a Fundação Paul-Albert Février, além minha orientadora nos 'segredos' dos arquivos do Centre d'Archives d'Outre-Mer(CAOM). Muito obrigada! 4 O oceano também vira rio quando entra continente adentro, e vice versa. Às margens do Sena, os amigos fizeram com que as coisas adquirissem real sentido. Marília foi de uma generosidade única, e sem me conhecer nem conhecer quem soubesse quem eu era. Dá para imaginar uma acolhida nessa situação? Pois aconteceu. E além do mais, sendo prestigiada professora de Química da UFAL em trabalho intenso no pós-doutorado, parava pra ouvir com atenção e interesse todas minhas notícias entusiasmadas sobre os seminários da École, e sobre as fontes históricas francesas sobre os retornados. Na Casa do Brasil, também teve o Paulo Henrique, que é a viva prova de que existe "amigo à primeira vista", e me acompanhou em minhas andanças por Paris, além de ser interlocutor e cúmplice de muitas descobertas. Na Biblioteca da Casa do Brasil, a Sandra se tornou uma amiga preciosa -a ela devo informações e almoços de domingo maravilhosos em Chevreuse. Ao Vanderlei, companheiro de ofício, passeios e conversas, agradeço também. E devo declarar que aprendi muito nos debates na cozinha do terceiro andar da Casa. A todos os amigos dos "tempos franceses", muito obrigada! No Senegal, Lara Mancuso entrou definitivamente para minha vida acadêmica e pessoal. Ela e os outros participantes do workshop leram meu projeto, escutaram minha exposição com atenção e me brindaram com ótimas sugestões. A eles, e a Sokhna Guèye, coordenadora do encontro, e Janaki Nair, a convenor, meu total agradecimento. Ainda entre os dos "tempos senegaleses", em especial, a Cecília Gallero e Gairoonisa Paleker, pela permanência do carinho. Zakariayau Sambo, além de formular perguntas instigantes ao meu trabalho, me manteve conectada ao mundo iorubá e muçulmano, com seus envios.de músicas e dvds. Paul d´Souza(sj), me deu a conhecer um universo ao trazer a Índia para as minhas rotas. Enfim, a todos e todas: meu mundo ficou maior com a chegada de vocês! Na pesquisa em Salvador, agradeço muito especialmente a Lara Mancuso e Florian Ehrensperger, que me receberam para duas temporadas de pesquisa, sempre com muito carinho. Ângela Reis e Daniel foram os que me acolheram nas duas outras estadas na capital baiana, e, além da hospedagem, me renovaram o prazer de ter bons amigos -e ainda tinha a pequena Joana, que fazia com que tudo ficasse melhor. Praticamente todas as vezes que fui a Salvador pesquisar, tive o privilégio de trocar idéias sobre a pesquisa com João Reis. Além dessas que topasse participar, obrigada! Milton Guran me inspirou com seu livro sobre os Agudás, abriu as portas para a bolsa sanduíche, me recomendando à EHESS, e ainda me passou bibliografia rara, me forneceu fontes e fez importantes observações na banca de qualificação. E tudo isso com a inteligência, o senso de humor e o carinho que fazem dele uma figura especial na minha vida acadêmica. Obrigada! Um agradecimento pra lá de especial vai para Beatriz Mamigonian, que me passou o documento do retorno para Cabinda, o qual acabou por abrir outras rotas para a tese. Eu lhe devo essa, e quero poder 'pagar' com futuras parcerias de trabalho e amizade. Mariana Cândido me ajudou à distância, diversas vezes, com fontes e contatos, e sempre de forma entusiasmada e amiga. Carlos Liberato, que faz parte da minha história desde há muito tempo, enviou de Toronto textos importantes para esse trabalho. Roquinaldo Ferreira deixou um arquivo em CD repleto de artigos de revistas especializadas, que eu não teria como acessar aqui do Brasil. Manolo Florentino e João Fragoso cederam materiais importantes para enriquecer minhas leituras da tese. Na disciplina que cursei para o Doutorado, tive a feliz oportunidade de assistir aulas de Sheila Faria, que me orientou em fundamentais leituras e cujas pesquisas alimentam minhas reflexões e essa própria tese. Sheila: achei as retornadas, sobre as quais tantas vezes nos perguntamos... E, ainda na UFF, mas num outro registro: na Secretaria da Pós-Graduação, toda a atenção e gentileza de Stela Guerreiro -obrigada à você, especialmente, e a todos os funcionários que sempre me atenderam bem. Nara Improtta, quando ainda no México, também me enviou textos e, agora em Stirling para seu doutorado, faz parte do conjunto de leitores e torcedores da tese. Valeu, Nara, agora eu aguardo a sua, e vamos seguir conversando muito. Celma Agüero, minha orientadora no mestrado, sempre teve o dom de me entusiasmar cada vez mais pelos temas de História da África, e assim, vibrava com cada noticia da tese. Marisa Pineau, africanista argentina, amiga de todo o sempre, uma interlocução permanente desde o mestrado em Estudos Africanos. Pessoas queridas: obrigada! Meus colegas do CAp/UFRJ, sempre solidários, saibam que adoro trabalhar com vocês, e muito obrigada pelo apoio. Especialmente, Américo Freire e Alessandra Carvalho, que leram os primeiros capítulos e me ajudaram a ter mais ânimo. Alessandra, aliás, ajudou muito nos seus 7 comentários, atentos e pertinentes, sobre meu texto. Emílio Di Bernardi me socorreu na organização dos dados, entre outras emergências, sempre no maior carinho e bom-humor. Donizeti Batista salvou meu computador (e, no caso, minha vida) nas horas graves; foi um luxo total ter esse competentíssimo profissional acessível para os mais simples e complexos problemas com a tal máquina. Renata Vidal fez o tratamento gráfico dos mapas com todo cuidado. Clara Araújo utilizou seus contatos, conhecimentos e experiência para pesquisar no Arquivo Municipal de Recife para mim, em busca de retornados naquele porto. Igualmente trabalhou comigo Tatiane Reis, na pesquisa sobre os periódicos na Biblioteca Nacional, em sua fase final. Obrigada! Em todo o andamento da pesquisa foi fundamental o trabalho de levantamento de dados na BN, no Arquivo Nacional e no Arquivo da Marinha, feito por Maria Carmen Lima e Souza, minha irmã. A ela, especialissimamente, meu muito obrigada! Manuela Alvarenga foi e é aquela amiga de toda a vida, em todos os campos, e a todas as horas. Nunca será demais dizer como lhe sou grata, e o melhor é que eu nem preciso dizer. Fica o registro com destaque, pois esse é o lugar. Sonia Destri, minha vizinha querida, sem a qual o meu mundo nesses tempos de "prisão domiciliar" seria bem menos divertido e inteligente, obrigada por tudo. Márcia Atala, por muitos e fundamentais almoços e cafés, enriquecidos com recomendações sobre a tese, e toda uma amizade que temos para compartilhar. Queridas amigas:
Uma janela para s relações Brasil e África no Pós-Tráfico de Escravos
Resumo: O artigo procura analisar a política externa do Império do Brasil para a África entre as décadas de 1850 a 1860 através da participação do consulado geral brasileiro em Luanda nos episódios envolvendo o príncipe Nicolau de Água Rosada. Analisando a atuação de negociantes e agentes estatais brasileiros, no litoral da África Centro Ocidental entre 1850 a 1860. Com isso pretende-se mostrar como que apesar do término do tráfico de o Estado imperial brasileiro buscava manter vínculos econômicos e políticos na África apesar da presença crescente de outros países europeus e os primeiros movimentos no sentido da implantação do neocolonialismo no continente africano.
O espelho negro de uma nação: a África e sua importância na formação do Brasil
O espelho negro de uma nação: a África e sua importância na formação do Brasil (Org.), 2019
Nesta obra, os leitores são convidados a explorar um pouco da riqueza da História da África, que, em determinado momento, se (con)funde com a História do Brasil. Os organizadores cumprem, desse modo, uma tarefa de suma importância para a consolidação da Lei nº 10.639/03 ao se empenharem em reunir produções acadêmicas de ponta oriundas dos grandes centros de pesquisa e disponibilizá-las ao grande público. Trata-se, pois, de um convite para conhecer a história do continente negro e a trajetória dos africanos e de seus descendentes em terra brasilis por meio de pesquisas atuais que ajudam a compreender melhor esse rico universo que deverá ser apresentado aos alunos.
Sair da África para Estudar no Brasil: Fluxos em Discussão
We present an exploratory qualitative study guided by social constructionism and discursive psychological approach. Its main objective is to analyze the meanings around the migratory experience on African students linked to the PEC-G partnership program. This research took place at a Northeast Brazilian university, using participant observation for six months and semi-structured interviews with eight academic individuals. Among the main results, we highlight the facilitated access to higher education through PEC-G (at a low cost in Brazil) as well as the aspiration of social promotion. Within this process, there's evidence of individual and family investment, the contact with other worldviews and behaviors that enable them to elaborate new meanings, and playing an influence on their process of adaptation.
A Cultura Iorubá e a sua Influência na Construção das Religiões de Matriz Africana no Brasil
Estudos de Religião, 2015
Este artigo apresenta alguns elementos da cultura iorubá, para possibilitar o entendimento dos complexos e imbricados elementos que serviram como base à diversidade das religiões de matriz africana iorubá, no Brasil, conhecidas como: Candomblé, Xangô Pernambucano, Xambá, Batuque, Tambor de Mina e Omolocô. A ressignificação de variadas práticas religiosas, políticas e sociais, advindas do Antigo Império Iorubá, processo já iniciado no próprio continente africano, foi a matriz de um rico e diversificado processo de ressignificações ocorrido no Brasil, a partir do contexto da escravidão, que deu origem a grande parte da diversidade religiosa brasileira, nas chamadas religiões de matriz africana no Brasil. A cidade de Abeokuta, na Nigéria, foi parte da observação in loco da pesquisadora.
Cosmogonia Africana A Visão de Mundo do Povo Yorubá
Cosmogonia Africana , 2009
Nosso objetivo é contribuir com o despertar da consciência humana, para a extrema necessidade de resgate e preservação das Tradições Culturais e Religiosas da Matriz Africana Yorubá. Precisamos entender nosso papel dentro dos mundos Físico e Espiritual, buscando sempre uma melhor qualidade de vida do Ser Humano. O estudo do cosmo nos mostra claramente a inter-relação com a diversidade cultural, não somente africana, como também com todas as culturas que acreditam nos elementos da natureza enquanto parte do Criador.
O Retorno dos Ex-Escravos do Brasil Para a África: Historiografia, Séculos Xvii-Xix
2013
The article is about Brazilian communities of ex-slaves who returned to Africa and proposes a change of the historiographic perspective, which considers the interrelationship between the history of both continents. The Africans who returned from Brazil, in the 17th and 19th centuries, took with them the experience in Brazil and influenced their new African communities. Based on this theme, this paper presents the main discussions of historiography, pointing out aspects such as: culture, religion, family, the political and economic integration, the issue of ethnicity and identity. It presents a review of classic and current studies on the theme and its reflections and demonstrates the contribution of historiography to the advancement of the knowledge of the African diaspora. The analysis is bibliographical and considers the period of African slavery in Brazil.
De Escravo a Rico Liberto: A Trajetória Do Africano
2016
O artigo discute a biografia de Manoel Joaquim Ricardo, africano haussá que desembarcou na Bahia no início do século XIX como cativo e morreu em 1865 como forro e rico. Sua vida no Brasil permite perceber as possibilidades e limitações à ascensão social dos africanos sob a escravidão e em liberdade. Entre os mecanismos de mobilidade, como era de praxe na época, Ricardo investiu em escravos desde a época em que, ele próprio, ainda era escravo, um fenômeno raramente abordado pela historiografia. Mas também adquiriu e alugou imóveis, negociou (fez mesmo o tráfico transatlântico e interno de escravos), emprestou a juros, entre outras atividades. Outras dimensões de sua trajetória aqui abordadas são, a vida familiar e religiosa, incluindo sua rede de compadrio e relações com gente do Candomblé. O artigo propõe o conceito de ladinização para entender a experiência de africanos como Ricardo, mesmo que não tão bem sucedidos como ele no mundo material.