A DILUIÇÃO DO NARRADOR EM OBJETO MISTERIOSO AO MEIO DIA, DE APICHATPONG WEERASETHAKUL (original) (raw)

A DECUPAGEM EM "MAL DOS TRÓPICOS" DE APICHATPONG WEERASETHAKUL

2016

Mal dos Trópicos faz uso de recursos fílmicos clássicos modulados a serviço de uma estética sensorial. Escolhas de decupagem favorecem um espaço primordial para o olhar e dispositivos relacionados. É um filme sobre olhar e ser olhado. O espectador encontra-se implicado no filme a partir de planos em que os personagens olham para a câmera (ou parecem olhar). Planos-quadro permitem que o espectador faça recortes subjetivos, porém há a necessidade de investigação para compreensão minuciosa da narrativa.

NOS TRILHOS DA NARRAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE A ESTRUTURA E A FOCALIZAÇÃO NARRATIVA EM A NOITE DA ESPERA, DE MILTON HATOUM

Sociopoética, 2018

Este estudo realiza uma análise da estrutura narrativa da obra A noite da espera, do escritor Milton Hatoum, atentando aos elementos relativos à narratologia, ancorados em considerações de Genette (1989), Silva (2011) e Reis e Lopes (1988) e observando, principalmente, questões relacionadas à focalização e níveis narrativos, tendo em vista que tais aspectos são essenciais para o entendimento da obra em estudo, pois nela, além do nível diegético e extradiegético, há a presença de cartas que compõem o nível metadiegético. A observância desses três níveis possibilita o entendimento dos diferentes pontos de vista, conduzidos pela focalização do narrador personagem Martim e de outras vozes, estruturando, dessa forma, uma focalização múltipla. Além do mais, recorre-se a Candau (2016) e Ianni (2004) ao buscar entender a influência da condição de migrante exilado do narrador Martim, na maneira como ele conta sua história, a qual se faz a partir do uso da representação da memória. É importante notar que se analisam, também, de maneira sucinta, alguns pontos relacionados aos demais elementos da narrativa, como o tempo, o espaço e personagens.

APICHATPONG WEERASETHAKUL E UM TEMPO OUTRO

Resumo: A partir da análise de algumas cenas do filme Síndromes e um Século (Sang Sattawat, 2006), do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul, este artigo propõe uma reflexão acerca da experiência do tempo. Para tanto, recorre-se à filosofia, com autores como o francês Jean-Marie Guyau e o brasileiro Fernando Rey Puente, à história, com o inglês Gerald James Whitrow, à teoria do cinema, com o francês Jacques Aumont, e à física, com o inglês Stephen Hawking e a Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Nessa costura multidisciplinar, pretende-se questionar a ideia de um tempo único, objetivo, homogêneo e linear, rumo a uma ideia de tempo que possibilite a multiplicidade. Ao longo da história o tema foi debatido e compreendido de diferentes maneiras, e nossa concepção de tempo nas sociedades contemporâneas ocidentais trata-se de uma construção na qual a Igreja Católica, o desenvolvimento urbano e o avanço do comércio na Idade Média na Europa tiveram grande importância. A partir dessa afirmação, procura-se evidenciar esse caráter arbitrário e impositivo da nossa ideia de tempo atual. Ao questioná-la, pretende-se chegar a ideia de que existem tempos e não o tempo, o que ficaria evidente no já citado filme de Apichatpong, cuja experiência parece ser formadora de um tempo singular a cada um que o assiste. Palavras-chave: tempo, experiência, cinema, percepção. Tela preta. Ao fundo, uma trilha não melódica, cheia de ruídos, ambiências e reverberações. Surgem alguns créditos em letras brancas. Em corte seco, aparece um plano fixo em contre-plongée 2 no qual se vê a copa de árvores com a folhagem em um verde vivo, tremulando suavemente com a brisa. Atrás um céu azul levemente superexposto no lado direito, chegando ao branco. A trilha permanece, mas agora vai dando lugar a um som ambiente típico de natureza, como vento, folhas tremulando, pássaros, grilos e cigarras, além da nossa respiração, que também parece fazer parte dessa atmosfera sonora. Todo esse som vai aumentando de volume enquanto a trilha vai desaparecendo, invadindo o plano seguinte: a transição, novamente em corte seco, leva a um plano médio frontal de um um homem dentro de uma sala. Apesar de agora vermos um espaço interno, o som da natureza exterior é muito presente, em alto volume, criando um ambiente ambíguo-prática que se repetirá ao longo de todo o 2 De origem francesa, a palavra é comum no vocabulário do cinema. Em tradução literal significa "contra mergulho", em referência ao posicionamento da câmera, em um ângulo de visão de baixo para cima.

STORYTELLING E HIPERTEXTO: AS NOVAS DIMENSÕES DA NARRATIVA NO CIBERESPAÇO

In Revista, 2018

Este artigo tem como objetivo analisar a aplicação da ferramenta criativa "Storytelling" em relação ao conceito de Ciberespaço. Para compreender Storytelling, baseamo-nos no livro "Storytelling: As narrativas da memória na estratégia da comunicação" (2016), de em Rodrigo Cogo; e para fundamentarmos a noção de Ciberespaço, partimos da obra "Cibercultura" (1999), de Pierre Lévy. A partir dessa conceituação, realizamos um estudo de caso analisando comentários da campanha "Trilogia Lacta 5 Star" que foi veiculada na rede social Facebook na página Lacta 5 Star. O objetivo deste artigo é analisar a interatividade que o storytelling recebe no ciberespaço, e com isso compreender um pouco do papel do público na concepção, aplicação e disseminação da narrativa.

Era uma vez o amanhã: perspectivas sobre Objeto Misterioso ao Meio-Dia e Eternamente Sua de Apichatpong Weerasethakul

Era uma vez o amanhã: perspectivas sobre Objeto Misterioso ao Meio-Dia e Eternamente Sua de Apichatpong Weerasethakul , 2021

Esta pesquisa analisa os dois primeiros filmes de longa-metragem feitos para cinema do realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul: Objeto Misterioso ao Meio-dia e Eternamente sua. Por um lado, busca-se aproximar a análise dos filmes dos campos teóricos dos estudos da oralidade e do perspectivismo ameríndio, por outro ampliar as consequências dessas aproximações numa reflexão acerca da construção de temporalidades divergentes, que questionam e tensionam o tempo teleológico moderno. A partir dessa premissa, a dissertação procura relacionar os dois primeiros filmes do artista com o restante de sua obra feita para cinema, procurando ecos e sobreposições que visem ampliar e aprofundar as possibilidades de leitura e experiência na relação com a filmografia do cineasta. Utilizando os conceitos de movência e ponto de vista como mediadores centrais, busca-se extrair dos próprios filmes as estratégias através das quais Apichatpong constrói sua obra dotando seu cinema de certa performatividade que inclui e mobiliza a memória em prol de uma permanente atualização e relativização da experiência relacional em múltiplas instâncias: da obra com o espectador, da obra com seu objeto, do espectador com o objeto da obra e entre as obras em si. Entre o discurso manifesto e sua latência, entre o registro e sua atualização, busca-se traçar um possível caminho para que a análise seja conjugada à síntese e a partir da valorização da profundidade do que há de mais específico em cada narrativa, chegue-se à epiderme do que a faz, não sem riscos, coletiva e compartilhada.

ESTUDO PILOTO: A REALIZAÇÃO VARIÁVEL DO DITONGO /ow/ EM AMOSTRA DE FALA DA PRAÇA 14 DE JANEIRO EM MANAUS (AM)

Muitas Vozes, 2020

Este artigo é de cunho sociolinguístico (LABOV, 2008 [1972]) e tem como objetivo investigar a realização variável do ditongo /ow/ em amostra de fala da Praça 14 de Janeiro, em Manaus (AM). O corpus foi retirado de um banco de dados formado de seis entrevistas sociolinguísticas com informantes divididos em três faixas etárias: 18 a 35 anos, 36 a 55 e 56 em diante, sendo um homem e uma mulher para cada faixa, todos com 4 a 8 anos de escolarização. Para a análise dos dados, utilizou-se o programa estatístico GoldVarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005), em que foram controladas as variáveis linguísticas “posição do ditongo na palavra”, “tonicidade”, “classe gramatical” e “contexto seguinte”; e as variáveis sociais “sexo”e “faixa etária”. Os resultados mostraram que a monotongação do ditongo /ow/ ainda não se efetivou em nossa amostra de fala, uma vez que ocorreu em 65,1% dos dados, estando em variação com a sua manutenção (34,9%). Das variáveis controladas, que mostraram atuar na red...