Do tráfico ao pós-abolição (original) (raw)

O Fim Do Último Grande Império Colonial: Lembranças De Uma Reportagem Histórica

2016

Em 2015 completaram-se 40 anos do fim do ultimo grande imperio colonial, que fora iniciado no seculo XV quando os navegantes portugueses dominavam os mares. Um imperio derrotado no seculo XX em territorio angolano, num dos ultimos e mais dolorosos episodios do processo de emancipacao do continente africano. A America Latina esteve presente nesse processo atraves de dois protagonistas com papeis diferentes, porem igualmente determinantes: um no plano diplomatico e o outro no terreno militar, Brasil e Cuba. A data suscita uma reflexao sobre o custo em vidas humanas e em sacrificios que alicercou o caminho para a Angola do seculo XXI. Esta materia reflete as lembrancas de uma cobertura jornalistica desse momento historico.

A Ambiguidade Frente Às Colônias Africanas De Portugal (1953-1985): Aspectos Definidores Da Política Africana Do Brasil

Revista Brasileira de Estudos Africanos

O objetivo do artigo é analisar a ambiguidade entre o discurso político e a prática externa brasileira frente às colônias portuguesas no período entre o Tratado de Amizade e Consulta com Portugal, passando pela Política Externa Independente (PEI) e o Regime Militar (período total de 1953 a 1985). Metodologicamente, a pesquisa utiliza a abordagem quanti-qualitativa aplicando o método hipotético-dedutivo, ao passo que se classifica como descritivo-explicativa quanto aos objetivos. Em relação aos procedimentos, utilizou-se a revisão bibliográfica, a análise documental de fontes primárias, secundárias e de imprensa. Identifica-se, como questão geradora, que o apoio brasileiro ao colonialismo português estabeleceu um bloqueio inicial para consolidar sua política africana, que vai se formar progressivamente à medida em que a pauta africana aumenta na agenda política e comercial do Brasil na década de 1970.

Resenha “Política Externa Na África Austral: Guerra, Construção Do Estado e Ordem Regional” De Igor Castellano Da Silva

Revista Brasileira de Estudos Africanos

It's noticeable, in recent years, that there was an increase in Brazilian academic interest for Africa, stimulated, largely, by the strengthening of the political and economic relations between Brazil and the African continent in the governments of the beginning of 21 st century. The papers that were born into this movement seek to describe, to understand and, beyond that, to avoid African stereotypes, as poverty, hunger and conflict. In this sense, the book Política Externa na África Austral approaches a subject of strategic, economic and political relevance, presenting African states as agents of their own regional interactions. Aiming to analyze Southern Africa foreign policy role from the patterns of cooperation and conflict in Southern Africa, the author utilizes a systemic perspective (including international, regional and domestic factors) to understand the reality which took place between the years of 1975 and 2015. In order to understand this goal, the book is divided in three parts. The first part, which covers chapters 1, 2 and 3, presents a theoretical discussion that leads to the subject of analysis. Aspects as the New Regionalism, Foreign Policy Analysis, the debate among the International Relation theories and the structure of the unities are remarkable points of the discussion. In addition,

Alteridade e raça entre África e Brasil: branquidade e descentramentos nas ciências sociais brasileiras

Revista de Antropologia

A partir da minha experiência de campo em Angola, busco problematizar a tradicional caracterização da antropologia brasileira - e por extensão das ciências sociais - como feita por “brasileiros” sobre o “Brasil”, refletindo sobre o novo perfil dos cientistas sociais quanto ao pertencimento étnico, racial e de classe que tem se pluralizado nos últimos 20 anos. Esta transformação do perfil dos cientistas sociais desafia a ideia de um “nós antropológico” centrado em uma ideia naciocêntrica que não reconhece sua posição de classe, raça e território, ou seja, branca, de classe média, oriunda ou socializada no sul/sudeste do país. Defendo o descentramento das ciências sociais brasileiras inspirada pelos novos movimentos de descolonização das ciências sociais. Esse descentramento passa pelo reconhecimento e politização da branquidade hegemônica das ciências sociais como condição para sua revisão crítica.

Visões da África, Cultura Histórica e Afro-Brasilidades (1944-1988)

2017

O proposito de estudar os intelectuais negros a partir de suas insercoes nos saberes historicos sobre a Africa visa contribuir para os movimentos sociais afro-brasileiros (pretos e pardos) assim como aprofundar os estudos sobre a matriz cultural africana no Brasil contemporaneo e aproximar a historia dos afro-brasileiros a historia dos africanos, o que os estudiosos vem chamando de historia do “Atlantico negro”. As contribuicoes de uma obra sobre os intelectuais negros e seus postulados africanos, suas reivindicacoes por uma interpretacao da historia mais identi cada com as historicidades e agencias das populacoes negras e afro-diasporicas, inserem- se no campo da Historia da Africa e da Diaspora (Moderna e Contemporanea).

Revisionism in the Tropics: The Political Model of the Portuguese Colonial Empire, by António Manuel Hespanha [O revisionismo nos trópicos: o modelo político do Império colonial português de António Manuel Hespanha]

the e-Journal of Portuguese History , 2020

This article presents a brief archaeology of the emergence of a political model of the Portuguese Colonial Empire in the works of António Manuel Hespanha. In his PhD thesis, As Vésperas do Leviathan (1989), Hespanha admitted that his investigation was restricted to the context of mainland Portugal. But he also confessed his interest in expanding his innovative approach to the study of the overseas territories. In fact, after 2000, he underwent what was identified as a kind of imperial turn in his work by writing many papers in which he tried to define a model for understanding power structures and political institutions in the colonial contexts of the Portuguese Empire in the early modern period. This article takes a critical look at the path that led Hespanha to this imperial turn and seeks to understand how his formulations (and reformulations) changed over the course of time, based on the constructive dialogue that he established with the historiographical production on the subject, particularly in Brazil. Este artigo procura realizar uma breve arqueologia da constituição de um modelo político do império colonial português nos textos de António Manuel Hespanha. Em seu trabalho de doutorado, As Vésperas do Leviathan (1989), o historiador reconheceu que sua investigação limitava-se aos quadros de Portugal continental. Não obstante, confessava seu interesse em expandir sua abordagem inovadora para o além-mar. Com efeito, desde 2000, o historiador realizou aquilo que foi identificado como uma espécie de imperial turn (virada imperial) em sua obra; escrevendo diversos trabalhos em que procurou justamente definir um modelo para a compreensão das estruturas de poder e as instituições políticas nos contextos coloniais do império português da Época Moderna. A proposta deste artigo é percorrer criticamente o caminho que o levou a esta virada para o Império e entender como suas formulações (e reformulações) foram sendo modificadas a partir do diálogo construtivo que se estabeleceu com a produção historiográfica, notadamente a brasileira.

A representação da alteridade num contexto pós-colonial : A costa dos murmúrios de Lídia Jorge em tradução inglesa e francesa

2017

O presente artigo analisa duas traduções de A costa dos murmúrios (1988) de Lídia Jorge, uma publicada em França (1989) e outra nos Estados Unidos da América (1995). Traduzido de uma língua periférica para línguas centrais e sistemas culturais dominantes, o romance sobre a guerra colonial portuguesa em África teve receções contrastantes naqueles países, as quais revelam diferentes abordagens à tradução. Este estudo visa identificar os principais agentes e fatores externos envolvidos no processo de tradução, assim como determinar o papel que questões como mecenato, tradição nacional de tradução e história nacional de ambas as culturas recetoras desempenham nesse processo. Com base nesta discussão, refletir-se-á então sobre o modo como o povo colonizado e a sua cultura são representados no romance, de forma a verificar se existe ou não uma tendência, ao traduzir, para substituir referências estranhas à cultura ocidental por formas de representação mais generalizadas.ABSTRACT: This art...

Sr. Sidão Manoel Inácio e a conquista da cidadania: o campesinato negro do Morro Alto e a República que foi

Revista Brasileira de História, 2015

O presente artigo tem o objetivo de analisar as possibilidades de conquista de direitos cidadãos por parte do campesinato negro do Rio Grande do Sul durante a Primeira República, tomando o litoral norte do estado como locus de observação. Contesto, ou ao menos busco relativizar, a historiografia que enfatiza as limitações e obstáculos desse segmento populacional, oriundo da escravidão, para atingir tais prerrogativas. Procuro demonstrar os esforços e eventuais êxitos no alcance desses objetivos por meio de três grandes questões: o pagamento regular de impostos, o acesso à polícia e à justiça e a atuação militar.

O ofício do historiador e os índios: sobre uma querela no Império

Revista Brasileira de História, 2010

O objetivo do artigo é evidenciar a importância da historiografia como ferramenta organizadora dos direitos indígenas durante a estruturação do regime imperial no Brasil, pois, dentre outros fatores, podia referendar ou não as conquistas sociais, políticas e territoriais obtidas pelos índios ao longo do período colonial. Salientam-se as divergências historiográficas entre defensores e detratores da presença deles na história nacional, a conexão dessa discussão intelectual com a política indigenista imperial e, finalmente, a emergência de uma orientação nacionalista na historiografia e na política indigenista, cuja narrativa operou um apagamento artificial da presença e da identidade indígenas na sociedade e na história imperial, ao subsumi-los, de forma exclusiva, na categoria de "brasileiros".