IMPERADORES ROMANOS De Augusto a Marco Aurélio, Calígula (original) (raw)
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GLADIADORES: SÍMBOLOS DO PODER IMPERIAL ROMANO
Este artigo busca retomar aspectos que foram discutidos em nossa monografia intitulada para obtenção do bacharelado em História realizada no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, sob a orientação da Profª. Drª. Norma Musco Mendes e com o auxílio da bolsa de iniciação científica PIBIC -CNPq.
Epicuro, Lucrécio, Cícero, Sêneca e Marco Aurélio
ro ou up ps s. .g go oo og gl le e. .c co om m/ /g gr ro ou up p/ /d di ig gi it ta al ls so ou ur rc ce e CONTRA-CAPA Neste volume EPICURO ANTOLOGIA DE TEXTOS (séc. IV/lII a.C.) Pensamentos sobre a filosofia, a teoria do conhecimento, a física e a ética-de um dos maiores filósofos da Antigüidade. LUCRÉCIO DA NATUREZA (séc. I a.C.) Num longo e belo poema, Lucrécio expõe a doutrina atomista criada por Leucipo e Demócrito e desenvolvida por Epicuro. CÍCERO DA REPÚBLICA (51 a.C.) As várias formas de governo são analisadas à luz do ecletismo filosófico de um dos maiores nomes do pensamento romano. SÊNECA CONSOLAÇÃO A MINHA MÃE HÉLVIA (séc. I a.C.) DA TRANQÜILIDADE DA ALMA (séc. I a.C.) MEDÉIA (séc. l a.C.) APOCOLOQUINTOSE DO DIVINO CLAUDIO (séc. I a.C.) Obras representativas de um dos mais importantes filósofos estóicos da Roma Antiga, no tempo de Calígula e Nero. MARCO AURÉLIO MEDITAÇÕES (séc. II) Reflexões morais do imperador-filósofo, adepto do estoicismo.
Rômulo, Camilo, Augusto: a Roma renovada de Tito Lívio
Pretendemos neste trabalho ler a obra de Tito Lívio através de uma determinada proposta: a Ab Urbe Condita seria a história não apenas da fundação e do desenvolvimento de Roma, mas também, através das ferramentas de interpretação que o próprio Tito Lívio nos traz, das refundações literais e/ou simbólicas da cidade. Nessa visão, podemos dizer que há um elemento de circularidade da História Romana em Tito Lívio, que demonstra sua originalidade em retrabalhar a tradição para especificar seus objetivos na construção do caráter romano e da definição de romanidade. Essa proposta de interpretação tem sido adotada em trabalhos como os de Kraus e Serres (KRAUS, 1994 e SERRES, 1983), e pretendemos aqui fazer uma leitura que tem primeiramente como base esses estudos. Seguimos, contudo, um pouco mais além, pra identificar paralelismos entre as narrativas e construções das figuras de Rômulo e Camilo no Ab Urbe Condita com a posição de Augusto na obra de Tito Lívio. É possível entender estes três momentos como pontos onde a renovação, tanto física, da cidade de Roma, e simbólica, da romanidade, são cruciais para o 1 Doutoranda em História Social -FFLCH/USP jbastos@usp.br desenvolvimento e consolidação do poderio romano. É claro que existem riscos nessa leitura, dado que obviamente não temos os livros de Tito Lívio relativos ao período augustano, mas podemos inferir vários elementos úteis no relacionamento entre Tito Lívio e Augusto, tanto reconhecíveis no texto quanto indiretos e externos, para que seja possível pelo menos uma tentativa de interpretação. Um outro problema que devemos considerar para verificar paralelismos de renovação de Roma em Rômulo, Camilo e Augusto é o aparente desequilíbrio na leitura do texto de Tito Lívio, na medida em que avaliaremos para tanto apenas os livros 1 (Rômulo), 5-6 (Camilo) e teoricamente os livros contemporâneos ao autor, descartando assim uma grande parte dos 142 livros do Ab Urbe Condita. Mas, quanto a isto, também deve ser observado que há um valor especial na primeira década de Tito Lívio, pelo caráter inicial de construção dos elementos da romanidade que depois, no decurso da História Romana, apenas se reafirmam. Pois, tomemos como base os seguintes Enfim, viver, estar fisicamente em Roma, assim como estão os deuses, é a condição sine qua non para ser romano. Sendo assim, Camilo faz com que Roma não seja a nova Tróia caída, quebrando portanto o ciclo de destruição das cidades e tornando a herança se Tróia um modelo abstrato, não mais uma realidade concreta. A Tróia que no final acaba por triunfar sobre os gregos perpetua-se em Roma. Augusto, durante seu governo, é comumente associado a Rômulo, como um novo fundador da cidade. Suetônio relata que alguns senadores tinham mesmo sugerido a Otaviano a adoção oficial de "Rômulo" como título, mas o nome "Augusto" foi escolhido pelo seu aspecto religioso e de dignidade em relação a santuários e locais consagrados pelos áugures 13 . Mas os dois nomes ainda estão interligados, quando vemos que Augusto aparece como um segundo Rômulo no sentido de refundar os pilares religiosos que definiam a identidade própria dos romanos. Para isso, foram adotadas diversas medidas para a retomada de cultos antigos que haviam caído em desuso e também pela restauração e construção de templos para diversas divindades 14 . Augusto ainda pode ser visto como um novo Camilo, pois que a refundação da cidade passou com o último também pela reconquista militar frente a uma invasão. Se Camilo derrotou os gauleses, Augusto derrota na guerra civil as forças de Marco Antônio e Cleópatra, que tinham uma forte tendência orientalizante. Camilo ressalta, como vemos no discurso de Tito Lívio, as virtudes fundamentais que constroem o caráter dos romanos, e Augusto na verdade faz o mesmo, pelo fortalecimento desses mesmos elementos perante a orientalização do império ameaçada com Marco Antônio. Nesse sentido, é fácil entender como essa refundação de Roma por Augusto tomou um caráter conservador. Augusto procura, em todas as mudanças que realizaseja em nível urbanístico, institucional ou outros -, promover o reestabelecimento da res publica 15 tradicional, dos princípios do mos maiorum, os valores antigos. O contraponto se dá explicitamente com o estado de degeneração moral da guerra civil, onde os valores tradicionais estavam corrompidos e deturpados por atitudes "não-romanas", como a ambição pelo poder e o desrespeito pela coletividade. Como observa Eder: "His greatest political achievement consists in having promoted the development of a patriotism that combined the legacy of the Republic and his own accomplishment in preserving that legacy. The Republic lived on, because Augustus had summoned once more to the consciousness of the Romans the responsibility that was traditional to them and befit them alone, namely, the responsibility of ruling over the earth: Tu regere impeio populos Romane memento [Virgílio, Eneida, 6.851]" (EDER, 1990:87) Como vimos acima, é através da auctoritas, que remete a Rômulo, que Augusto irá impor suas reformas e legitimizá-las. O texto das suas Res Gestae é revelador nesse sentido, pois nele Augusto pretende demonstrar que seus feitos foram voltados nada mais do que para o bom funcionamento do Estado, e todo o seu poder foi conquistado e
O IMPÉRIO ROMANO: APOGEU E DECLÍNIO
A crise das instituições republicanas e a polarização entre aristocracia e a plebe favoreceram o surgimento de novos personagens na cena politica: os lideres militares, que, além de terras e vitorias contra os inimigos, conquistavam prestígios perante a população. Contando cada vez mais como apoio popular, esses lideres logo passaram a cobiçar o poder. Aos poucos, o senado iria perder sua influência e o poder politico se concentraria nas mãos de alguns dos chefes militares. Esse período ficou marcado como um momento de transição entre a República e o império. Após uma época turbulenta, pontuada por revoltas populares, guerras civis e assassinatos, teve início, com Otávio, o império Romano. Nesse período, Roma atingiria o apogeu e dominaria por vários séculos grande parte do mundo antigo.
DECLÍNIO E QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO
DECLÍNIO E QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO, 2021
Este trabalho tem como objetivo ilustrar os principais motivos do declínio e eventual queda de um dos maiores e talvez o mais importante império do mundo ocidental. Com origem ao remoto ano de 735 a.C., ano em que se credita a fundação da cidade de Roma e sua dissolução em 476 d.C. a historia de Roma é repartida em três grandes fases, Monarquia, República e Império, que se estenderam por mais de 1200 anos, um período sem duvida bastante extenso e marcado por alterações por vezes lentas e graduais e por outras surpreendentemente abruptas. Para os objetivos propostos no trabalho vamos focar-nos na ultima fase do Império (baixo império ou antiguidade tardia) nomeadamente a partir do período da Anarquia Militar (235-284 d.C), que costuma ser amalgamado sob o rótulo de "Crise do Século III", e que representa um ponto de viragem e momento de transformação do mundo antigo, onde as estruturas clássicas vão sendo gradualmente substituídas por outras, culminando na “queda” do então Império no ano de 476 d.C. A abordagem feita ao tema “declínio e queda” neste trabalho é apenas superficial, sendo que qualquer dos pontos focados pode ser extensamente aprofundado, o objetivo é dar uma panorâmica geral do que se passou no Império Romano do Ocidente a partir do Sec. III e acima de tudo mostrar que a “queda” de Roma não foi um acontecimento abrupto, mas sim o resultado de seculos de transformações sociais, políticas, militares e religiosas que ocorreram em todo o Império. Para isto, e em vez de amalgamarmos todos os acontecimentos tidos como relevantes ao longo de três séculos num texto único e contínuo o trabalho foi dividido por épocas, nomeadamente a crise do Sec. III, o Sec. IV e o Sec. V seguido de uma breve conclusão, de modo a melhor entendermos a progressão dos acontecimentos que em ultima instância levaram á dissolução do Império Romano do Ocidente.
Líber, Augusto e Marco Antônio
Líber, Augusto e Marco Antônio, 2024
A libertas era uma questão fundamental na política romana, ligada aos primórdios da República; e Líber era uma divindade que correspondia a esse aspecto sob as mais diversas perspectivas. Líber e libertas, especialmente a política, estavam arraigados à mente romana, e as lideranças políticas achavam interessante estabelecer essa ligação. Entre as décadas de 40 e 30 a.C., vários líderes políticos adotaram divindades como patronos e modelos. No contexto da guerra civil, a disputa pelo poder era apresentada na poesia como um confronto entre modelos divinos. Este artigo investiga o papel de Baco como modelo divino para líderes políticos em Horácio, tendo em vista suas associações com Augusto e Marco Antônio/Cleópatra. Meu objetivo é demonstrar como Horácio, aproveitando-se do caráter paradoxal do deus, contribui para a assimilação de Líber ao repertório augustano em um momento de profundas transformações políticas em Roma. Palavras-chave: Líber, Augusto, Marco Antônio, Modelos divinos, Poesia augustana, Horácio. Abstract: Libertas was an essential issue in Roman politics, connected to the beginnings of the Republic; and Liber was a divinity that corresponded to this aspect from different perspectives. Liber and libertas, especially in politics, were deeply rooted in the Roman mind, and political leaders found it interesting to establish this connection. Between the forties and the thirties BC, several political leaders adopted divinities as patrons and models. In the context of civil war, the struggle for power was presented in poetry as a confrontation between divine models. This article investigates the role of Bacchus as a divine model for political leaders in Horace, focusing on his associations with Augustus and Mark Antony/Cleopatra. My aim is to show how Horace, taking advantage of the god’s paradoxical character, contributes to the assimilation of Liber to the Augustan repertoire in a moment of profound political transformations in Rome. Keywords: Liber, Augustus, Mark Antony, Divine models, Augustan poetry, Horace.
, nasceu em 26 de abril de 121 e foi imperador romano desde 161 até sua morte em 17 de Março de 180. Seu nome de nascimento é, na verdade, Marco Ânio Catílio Severo. Em seguida, tomou o nome de Marco Ânio Vero pelo casamento. Somente ao ser ser designado imperador, mudou o nome para Marco Aurélio Antonino, acrescentando-lhe os títulos de Imperador, César e Augusto. Aurelius significa "dourado", e a referência a Antoninus deve-se ao facto de ter sido adotado pelo seu tio e imperador Antonino Pio. O imperador Antonino Pio designou Marco Aurélio como herdeiro em 25 de Fevereiro de 138 (pouco depois de ele mesmo ter sucedido ao imperador Adriano). Marco Aurélio tinha, então, apenas 17 anos de idade. Antonino, no entanto, também designou Lúcio Vero como sucessor. Quando Antonino faleceu, Marco Aurélio subiu ao trono em conjunto com Vero, na condição de serem coimperadores Augusto. Não se sabe ao certo os motivos da sucessão conjunta, mas especula-se que pode ter sido motivada pelas cada vez maiores exigências militares que o Império atravessava. Durante o reinado de Marco Aurélio, as fronteiras de Roma foram constantemente atacadas por diversos povos: na Europa, germanos tentavam penetrar na Gália; e na Ásia, os partos renovaram os seus assaltos. Sendo necessária uma figura autoritária para guiar as tropas, e não podendo o mesmo imperador defender as duas fronteiras simultaneamente. Sendo assim, Marco Aurélio teria resolvido a questão enviando o co-imperador Vero como comandante das legiões situadas no Oriente. Vero era suficientemente forte para comandar tropas, e ao mesmo tempo já detinha parte do poder, o que certamente não o encorajava a querer derrubar Marco Aurélio. O plano deste último revelou-se um sucesso-Lúcio Vero permaneceu leal até à sua morte, em campanha, no ano 169. Marco Aurélio casou-se com Faustina, a jovem, filha de Antonino Pio e da imperatriz Faustina, a Velha, em 145. Durante os seus trinta anos de casamento, Faustina gerou 13 filhos, entre os quais Cômodo, que se tornou imperador após Marco Aurélio, e Lucila, a qual casou com Lúcio Vero para solidificar a sua aliança com Marco Aurélio. O imperador faleceu em 17 de março de 180, durante uma expedição contra os marcomanos, que cercavam Vindobona (atual Viena, na Áustria). As suas cinzas foram trazidas para Roma, e depositadas no mausoléu de Adriano. Diz-se que, com a morte de Marco Aurélio, também foi a morte da Pax Romana (paz romana), período de relativa paz, instaurado em 27 a.C. por Augusto César, no qual a população romana viveu protegida do seu maior receio: as invasões dos bárbaros que viviam junto às fronteiras. Porém, nem as misérias, nem as inúmeras calamidades que se desencadearam sobre o Império, nem as constantes lutas contra os bárbaros que incessantemente planejavam invadir, e invadiam, Roma, nem as desgraças familiares puderam debilitar aquela inteligência e aquela vontade presente no imperador. Essa é uma característica marcante nesse imperador-filósofo, que manteve sempre sua honra, sua bondade e seu senso de justiça. Em meio a tudo isso, Marco Aurélio escrevia reflexões pessoais para si mesmo, repletas dos mais altos códigos morais, aproveitando os momentos livres que lhe deixavam suas campanhas, como uma fonte para sua própria orientação e para se melhorar como pessoa. Provavelmente, ele não teve a intenção de publicar seus escritos, cujo título inicial foi Solilóquios, ou A mim mesmo. Os escritos apresentam bem as ideias estóicas que giram em torno da negação de uma emoção, de uma habilidade, que, segundo o imperador, libertarão o homem das dores e dos prazeres do mundo material. A única maneira de um homem ser atingido pelos outros seria se ele permitisse que sua reação tomasse conta de si. Marco Aurélio não mostra qualquer fé religiosa em particular nos seus escritos, mas parecia acreditar que algum tipo de força lógica e benevolente organizasse o universo de tal maneira que até mesmo os acontecimentos "ruins" ocorressem para o bem do todo. Posteriormente, foi intitulado, "Meditações" e é, com certeza, uma das mais célebres obras da humanidade.