PIXÉ, revista literária, edição especial nº 18 em homenagem a Pedro CASALDÁLIGA. (original) (raw)
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Um tributo ao poeta Pedro Casaldáliga
Texto Poético
Um tributo ao poeta Pedro Casaldáliga Este dossiê coloca em circulação estudos críticos sobre a obra poética de Pedro Casaldáliga, nascido na Catalunha, Espanha, e que veio para o Brasil na década de 60, sendo designado para missão religiosa em São Félix do Araguaia, estado de Mato Grosso. Nessa região, produziu boa parte de sua obra lírica e desenvolveu amplo trabalho humanitário, tendo sido reconhecido e agraciado com vários prêmios e títulos, dentre os quais,
Editora FTD, São Paulo, SP, 1988. 282 pp. Ilustrações de Maximino CEREZO BARREDO. Tradução de Antônio Carlos MOURA. Prólogo de José Maria VIGIL.
Antologia de textos de Pedro Casaldáliga, organizados por temas, dos seus primeiros 20 anos na América Latina. «Nossa intenção, com essa publicação, é fomentar um debate adulto sobre esses temas, embora polêmicos, colaborar na recuperação da memória histórica da Igreja no Brasil, ajudar no resgate da cidadania das classes oprimidas do Terceiro Mundo, oferecer espaço às vozes proféticas que proclamam com audácia a palavra do Se nhor, levar à reflexão sobre os direitos humanos das pessoas, das comunidades e dos povos latino-americanos». Editora FTD (na orelha da capa).
UMA LEITURA DO CONTO “UM PEIXE”, DE LUIZ VILELA
Contexto Revista do Programa de Pos-Graduação em Letras da UFES, 2013
A ficção de Luiz Vilela, centrada no cotidiano do homem comum, construída com linguagem coloquial, sintaxe simples e enredos de aparência trivial, tem, sob águas que parecem plácidas, subtextos que elaboram significados, aprofundam sentidos, questionam verdades, satirizam o senso comum e discutem – abordando, entre outros temas, questões filosóficas e do âmbito religioso – o homem, ser ontológico e ser histórico. Este trabalho mostra esses aspectos na obra do ficcionista mineiro tendo por corpus o conto “Um peixe”, da coletânea Tarde da noite (1970). A partir de enredo que narra, na noite de um domingo qualquer, os desdobramentos de uma pescaria, estudamos a relação entre Eros e Tânatos, entre Princípio de Prazer e Princípio de Realidade. Nosso referencial é composto por estudos sobre o tema da morte, como História da morte no Ocidente e O homem diante da morte, ambos de Philippe Ariès, e de estudos que abordam os símbolos e os arquétipos inconscientes, tais como, por exemplo, os de Bachelard, de A água e os sonhos. Valemo-nos também de estudos sobre a ficção de Luiz Vilela, para descrever a obra do escritor em suas linhas gerais e para homologar nossas conclusões. Desvelamos o homem como um ser conflitivo, em que grandes temas universais permeiam o cotidiano mesquinho, impedindo-o de realizar seus desejos, arrojando-o, fraturado e sem forças, em existência banal.
AS SIGNIFICAÇÕES E OS ESPAÇOS CONSTITUTIVOS DA IDENTIDADE DE PEDRO CASALDÁLIGA
DOM PEDRO CASALDÁLIGA: MORRE UM HOMEM E (SOBRE)VIVEM SUAS IDEIAS, 2023
No texto As significações e os espaços constitutivos da identidade de Pedro Casaldáliga, os pesquisadores, Paula Regina Rodrigues Menêses e Celiomar Porfírio Ramos refletem sobre Dom Pedro, por meio da mobilização dos conceitos discursivos responsáveis pela constituição do sujeito Pedro, religioso e engajado nas questões sociais. Assim, é apresentando um recorte dos discursos que formaram a identidade de Dom Pedro Casaldáliga, a representação linguístico-simbólica que, aos olhos da Análise do Discurso, revela as vozes que compõem o acontecimento discursivo no Araguaia, via Pedro, e que resulta na subjetivação e constituição de outros sujeitos. Dessa forma, diante das manifestações dialógicas de Dom Pedro Casaldáliga, na região conhecida como “Vale dos Esquecidos”, encontram-se diferentes signos imbricados nas causas que o acompanharam ao longo de sua vida, constituindo uma discursividade que sobrevive e resiste após sua morte.
DOM PEDRO CASALDÁLIGA: MORRE UM HOMEM E (SOBRE)VIVEM SUAS IDEIAS
DOM PEDRO CASALDÁLIGA: MORRE UM HOMEM E (SOBRE)VIVEM SUAS IDEIAS, 2023
Tendo em vista a importância de Dom Pedro Casaldáliga, doutor Honoris Causa pela Unicamp, ao considerarmos sua atuação como poeta, teórico e bispo, ao estabelecer diálogo junto aos movimentos sociais, denunciar os desmandos, as violências e injustiças sociais, a partir da Teologia da Libertação, direcionada aos oprimidos, temos como objetivo homenageá-lo e, também, dar visibilidade a sua atuação em causas humanitárias no país, sobretudo, na região do Araguaia.
RESSIGINIFICAÇÃO PARÓDICA E MODERNIDADE LITERÁRIA EM MACHADO DE ASSIS E CAMILO CASTELO BRANCO
Linda Hutcheon (1985) afirma que a paródia se apresenta como estratégia própria da literatura moderna, em que um texto é retomado por outro texto com a finalidade de gerar autorreflexividade e autoconsciência, apropriação esta que assume um caráter problematizador e leva o leitor a repensar e a reavaliar determinadas convenções estéticas e até mesmo, culturais. Com base nesta noção, o objetivo deste artigo, apresentado no grupo de trabalho sobre literatura portuguesa do I CIEL – Congresso Internacional em Estudos da Linguagem, realizado em junho de 2016 em Ponta Grossa, PR, é analisar comparativamente os romances Coração, cabeça e estômago (1862), de Camilo Castelo Branco, e Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis, levantando a tese de que ambos os escritores, cada um à sua maneira, parodiavam os discursos advindos de um modelo literário alicerçado em uma mentalidade romântica convencional, caracterizada, entre outros aspectos, pela ênfase no sentimento amoroso como elemento regenerador do caráter do sujeito e pela inacessibilidade da mulher amada. Os procedimentos paródicos empregados tanto por Machado quanto por Camilo conduziriam a uma verdadeira ressignificação de seus textos, geradora de um humor, de um sarcasmo e de uma ironia que nos permitem interpretá-los como veiculadores de uma crítica em relação ao modelo romântico de construção francesa, que se constituía em um paradigma para a criação romanesca em contextos como Brasil e Portugal.