Associativismo escravo e irmandades no Brasil. Limites e possibilidades do protagonismo cativo (original) (raw)

Apresentação Este livro agrupa, com adições, revisões e supressões, uma ampla revisão de dois trabalhos publicados há alguns anos acerca da escravidão nas Américas Ibéricas. O primeiro deles apareceu como contribuição a Desigualdades (Rio de Janeiro: LESC, 2003, organizado por Philomena Gebran, Carlos Alberto Medeiros Lima, Paulo Seda e Ana Maria da Silva Moura). O segundo, como participação do autor em Devoção e incorporação. Igreja, escravos e índios na América Portuguesa (Curitiba: Peregrina, 2002, obra de autoria de Ana Maria da Silva Moura e Carlos Alberto Medeiros Lima). Um deles servirá de introdução ao seguinte, pois nele se usa o problema da mestiçagem como fio condutor para propor uma visão das sociedades coloniais como sociedades hierárquicas, caracterização que terá importância na discussão a ser feita das irmandades negras no Brasil. O texto se organiza em quatro capítulos, após a introdução, na qual uma discussão a respeito de mestiçagem nas Américas é usada para introduzir questionamentos acerca da escravidão e das irmandades negras. No primeiro, estudam-se concepções a respeito das irmandades negras, primeiramente as formuladas por contemporâneos das mesmas durante os séculos XVII, XVIII e XIX e depois as retidas por historiadores dos séculos XX e XXI. Finaliza este capítulo inicial um breve estudo a respeito de suas dimensões, sua periodização e sua distribuição no espaço. O segundo capítulo aborda um tema quase antológico nos estudos sobre as irmandades negras: sua composição, especialmente em um sentido étnico. O objetivo, nele, é tratar a etnicidade como dado estratégico para avançar no problema do sentido da prática religiosa, da construção institucional e dos mecanismos de arregimentação próprios das confrarias.