A paz e a guerra: as Juntas das Missões e a ocupação do território na Amazônia colonial do século XVIII (original) (raw)
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Terras e poder na Amazônia colonial (séculos XVII-XVIII)
Comumente associada às expedições ao sertão em busca de drogas e de trabalhadores indígenas, a ocupação do vasto território do Estado do Maranhão e Pará teve também na agricultura e no pastoreio um dos mecanismos de consolidação do domínio territorial. A partir de finais do século XVII e, principalmente, durante a primeira metade do século XVIII, os governadores distribuíram em torno de 1700 sesmarias como forma de promover a exploração agro-pastoril e a ocupação econômica do espaço. O objetivo desta comunicação é o de investigar o impacto dessa política da Coroa na sociedade colonial, procurando entender de que maneira ela significou a consolidação de grupos da elite local e a articulação de novos núcleos de poder na região. Trata-se de traçar, assim, o perfil dos proprietários de terras e compreender de que maneira se articularam a outras formas de significação de poder e de prestígio nessa conquista portuguesa. Por outro lado, trata-se de entender a constituição desses grupos ligada à exploração da terra a partir das particularidades ambientais do território do Estado do Maranhão e Pará, que congregava paisagens distintas, marcadas por formas específicas de ocupação do espaço.
Paisagens, Territórios e Guerras na Amazônia Colonial
Revista Territórios e Fronteiras, 2011
Este artigo analisa diversas descrições sobre fronteira oriental do Estado do Maranhão e Grão-Pará da primeira metade do século XVIII. Assim, a partir do dialogo com as ideias de paisagem, território e espaço, este texto procura compreender como e o que os portugueses pensavam deste espaço e de que maneira este entendimento espacial estava articulado com as diversas guerras que ocorreram nesta região.
2008
A presente dissertacao tem por finalidade apresentar o estudo desenvolvido sobre o espaco missional de Santa Rosa de Mojo, marcado por relacoes tensas de fronteira entre portugueses da Capitania de Mato Grosso e os jesuitas das missoes espanholas de Mojo no inicio do seculo XVIII. Neste sentido, vamos esbocar um dos possiveis caminhos para uma reflexao de como se deu a organizacao deste espaco missional e os movimentos que determinaram sua efemeridade (1743 a 1769), evidenciando, sobretudo, que este processo nao foi apenas acao dos colonizadores, mas sim, da acao de varios grupos indigenas que colaboram de igual maneira na producao deste espaco. Procurando, desta maneira, percebe-lo como algo mais movimentado do que estatico, mas plasticidade do que fronteira, ja que a sociedade so se torna concreta atraves de seu espaco, do que ela produz e que so e inteligivel por meio dela, mediante acumulacoes e substituicoes das acoes das diferentes geracoes que se superpoem.
O Regimento das Missões : Poder e negociação na amazonia portuguesa
Resumo: Apresentamos aqui um novo estudo sobre a formação do Regimento das Missões do Estado do Maranhão e Grão-Pará (1686-1757, com ênfase na análise das negociações entre o poder central e o poder local na preparação da nova legislação e contribuindo para uma melhor compreensão das práticas da administração colonial e da política metropolitana naquela região do Império português, observando os diferentes agentes envolvidos na proposta da nova legislação (autoridades coloniais, jesuítas e colonos) que regularia os contraditórios interesses locais, em que se confrontam colonos, índios e missionários, bem como a redefinição de estratégias de ampliação dos poderes desenvolvidas ao longo da concepção e aplicação da legislação.
História Militar da Amazônia: guerra e sociedade (Séculos XVII-XIX)
Segunda coletânea de artigos produzida pelo Grupo de Estudos de Fronteira (GEF), que procura divulgar para as comunidades acadêmicas brasileira e latino-americana estudos inéditos de história militar na Amazônia. O debate aqui apresentado é produto específico da Linha de Pesquisa “Militares, Sociedade e Fronteiras”, cujos integrantes e colaboradores convidados fazem parte de diversas Instituições de Ensino Superior amazônicas do Amapá, Amazonas, Maranhão e Pará. Em seu conjunto, a obra pretende mostrar a versatilidade que a história militar possui enquanto abordagem historiográfica voltada para o espaço amazônico, trazendo à baila novos parâmetros de interpretação social, política e cultural inéditos. Aos interessados, seguem a “Apresentação” da obra e o “Sumário” dos trabalhos constantes. Vale à pena conferir.
O Estado Imperial brasileiro e a colonização militar da Amazônia (1840-1867)
Tempo
Resumo: Este artigo apresenta a investigação referente à participação do Estado Imperial brasileiro no processo de ocupação da Amazônia brasileira, no período de 1840 a 1867, no projeto político articulado de colonização das áreas inóspitas consideradas como sertões e de controle da população indígena. O estudo realiza uma análise exploratória, a partir da historiografia especializada e de documentos, acerca do arcabouço jurídico-administrativo do processo de ocupação na região Norte do Brasil. Além disso, apresenta os resultados da pesquisa sobre a colonização militar, por meio do levantamento e análise das fontes produzidas pelo Ministério de Negócios da Guerra, articulando as fontes produzidas com os interesses do Estado brasileiro quando o país ainda trabalhava a construção do território e buscava a sua identidade. Tendo por enfoque a Nova História Política, a análise foi embasada pela documentação produzida pelo Exército no período. Assim, analisamos o papel histórico dessa ins...
Território e ocupação na Amazônia joanina (1707-1750): percursos historiográficos do século XXI
as últimas décadas, a produção acadêmica sobre a região amazônicaescrita a partir de instituições nela localizadas ou em outros espaços, seja no resto do Brasil ou no exterior -tem se adensado significativamente. Esse processo, certamente, é fruto da expansão dos cursos de pós-graduação em História no Brasil do século XXI e do consequente lento processo de descentralização da produção acadêmica sobre a história do país. Com relação à região amazônica no período colonial, ou melhor, o antigo estado do Maranhão e Pará, houve um salto quantitativo e qualitativo da produção acadêmica neste século, multiplicando reflexões sobre os mais diversos aspectos da ocupação dessa vasta província da América portuguesa.
Revista Territórios & Fronteiras, 2017
Neste artigo, analisamos dois regimentos de expedições que partiram ao sertão do rio Amazonas com a intenção de resgatar prisioneiros indígenas: uma entrada, de 1660, e uma tropa de resgate, de 1741. O objetivo é comparar as regras estabelecidas para ambas as expedições, de modo a apreender alguns aspectos do desenvolvimento do comércio de escravos indígenas no Estado do Maranhão a partir da transformação da regulamentação das práticas. Veri camos que, no período de três gerações, a compra e venda de prisioneiros indígenas se consolidou na região como forma não apenas lícita, mas sistemática e amplamente disseminada, de obtenção de trabalhadores indígenas.
A ordem da missão e os jogos da ação: conflitos, estratégias e armadilhas na Amazônia do século XVII 1 Almir Diniz de Carvalho Júnior[1] Resumo Durante o século XVII, o processo de conquista espiritual e política das populações ameríndias na Amazônia foi con-duzido pela Coroa Portuguesa e pelos missionários católicos divididos em várias ordens religiosas e sob a gerência dos Jesuítas. Este artigo aborda as estratégias políticas dos índios cristãos, no tempo dessas missões, a partir de um singular episódio que envolveu o jesuíta Antônio Vieira e o Principal indígena Lopo de Souza em meados do século XVII. O obje-tivo é revelar as complexas relações políticas e as estratégias de sobrevivência e de luta por espaços de autonomia desses índios, situados entre a vassalagem e a escravidão. Palavras-chave: história indígena; história colonial da Amazônia; história cultural. La orden de misión y los juegos de acción: conflictos, estrategias y armadillas en la Amazonia del siglo XVII Resumen En el siglo XVII, el proceso de conquista espiritual y política de las populaciones amerindias en la Amazonia fue condu-cido por la Corona Portuguesa y por los misionarios católicos, divididos en diversas órdenes religiosas y con la gerencia de los Jesuitas. Esto artículo aborda sobre las estrategias políticas de los indios cristianos en el momento de las misiones desde un único episodio que envolvió el jesuita Antônio Vieira y el Principal indígena Lopo de Souza durante el siglo XVII. El objetivo fue revelar las complejas relaciones políticas y las estrategias de sobrevivencia y de lucha por los espa-cios de autonomía de esos indios, situados entre la vasallaje y la esclavitud. Palabras-clave: historia indígena; historia colonial de Amazonia; historia cultural. The order of the mission and action games: conflicts, strategies and traps in Amazon in the 17 th century Abstract During the 17 th century, the spiritual and political conquest process of the Amazon Amerindian populations was led by the Portuguese Crown and catholic missionaries. These missionaries were divided into many religious groups and were under Jesuits' main control. This article is about the political strategies of Christian Indians, at the time of the catholic missions, analysed through a singular episode which involved the Jesuit Antônio Vieira and the Principal Indian Lopo de Souza in the middle of the 17 th century. The purpose is to bring out the complex political relationship, the surviving and fighting strategies for autonomy spaces from the Indians, who were placed between vassal order and slavery. L'ordre de la mission et des jeux d'action: les conflits, les stratégies et les pièges de l' Amazonie au XVIIe siècle Résumé Tout au long du XVIIe siècle, le processus de conquête spirituelle et politique des populations amérindiennes fut mené par la monarchie portugaise et par les missionnaires catholiques,divisés en divers ordres religieux, sous la gestion des Jésuites. Cet article examine les stratégies politiques des Indiens chrétiens à partir d´un épisode singulier qui concerna le Jésuite Antônio Vieira et le Principal Indien, Lopo de Souza, vers la fin de la première moitié du XVIIe siècle. Le but en est de dévoiler les rapports politiques complexes et les stratégies de lutte et de survie de ces Indiens, placés entre la vassalité et l´esclavage, pour conquérir des espaces d´autonomie.