CIÊNCIA, FAKE NEWS E PÓS-VERDADES: A PRODUÇÃO DE EFEITOS DE VERDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA (original) (raw)
Related papers
COVID: AMBIENTE E TECNOLOGIA, 2020
Pensar na globalização e no advento da internet enquanto ferramenta que organiza uma sociedade global em redes cada vez mais interligadas impende perceber as inúmeras potencialidades da redução de distâncias e das novas perspectivas de comunicação e de compartilhamento de informação. As tecnologias que permitem essa nova realidade modificaram o modo como as pessoas e os Estados se articulam no cenário internacional justamente em razão do desenvolvimento do ciberespaço, onde redes de comércio e de esperança são formadas ignorando fronteiras.
FAKE NEWS E COLONIALIDADE DE MENTES: CONSIDERAÇÕES VIA PARADIGMA DA COMPLEXIDADE
Perspectiva Filosófica, 2021
Neste artigo, nós buscamos compreender como a disseminação de fake news, através do uso de tecnologias digitais, tornou-se uma ferramenta poderosa na manipulação da opinião pública, contribuindo para o processo de colonialidade de mentes. A colonialidade de mentes, contextualizada nos estudos de Dascal (2009), é um tipo de violência epistêmica, caracterizada como transmissão e modificação de hábitos através de sistemas sociais como família, linguagem, religião, ciência, educação, ideologia e mídia que disseminam as formas de imposição do pensamento e ação do colonializador. Nossa hipótese é a de que o paradigma da complexidade, fundamentado no pensamento de Morin (2003; 2005), oferece subsídios teóricos para pensarmos o problema da disseminação de fake news, bem como a sua influência na colonialidade de mentes na medida em que expressa uma visão de mundo não fragmentada e sistêmica, pautada por princípios como o hologramático e o dialógico. Com base nestes princípios, nosso principal foco será oferecer um caminho para pensarmos sobre a colonialidade de mentes através da ética da complexidade.
FAKE NEWS: O QUE SÃO E COMO INTER(AGEM) NA ERA DA PÓS-VERDADE
A pós-verdade tornou-se algo condicionante na eleição presidencial de 2018 no Brasil, travou-se nesse evento uma verdadeira guerra híbrida, ideológica e discursiva em torno do poder político, econômico e cultural. Por isso, as informações foram conduzidas estrategicamente a fim de fomentar a discórdia entre a elite hegemônica detentora do capital financeiro e político e os grupos com representação política minoritária que apesar de serem numerosos são hoje os mais afetados pelas decisões governamentais e políticas de cunho conservador, ultraliberal, autoritário e entreguista. Dessa forma, neste artigo, descrevo e analiso à luz da análise de discurso crítica a constituição multi-modal e ideológica do discurso político da direita conservadora, reacionária e elitista brasileira em prol da campanha presidencial de Jair Messias Bolsonaro, materializado na reprodução de algumas Fake news compartilhadas nas páginas Brasil Verde e Amarelo e Brasil, teu povo acordou. A análise multimodal crítica depreendida evidenciou que o objetivo das Fake news, replicadas no facebook, foram (des)informar e manipular os/as eleitores/as, seguidores/as, enfim, a população que teve acesso a esses discursos marcados pela pós-verdade sobre o possível perigo do retorno de um go-verno de esquerda capaz de subverter os valores patrióticos, conservadores, ultraliberais e cristãos da família brasileira. PALAVRAS-CHAVE: Fake news. Discurso Político. Materialidade Discursiva. Multimodalidade.
Fake News Na Era Pós-Verdade: O Combate À Desinformação Em Época De Pandemia
Instituto Scientia eBooks, 2022
RESUMO: Este artigo tem como objetivo compreender as formas de reduzir a desinformação nas redes sociais e o engano nos compartilhamentos de informações falsas, buscando assim a importância da verdade. Não é de hoje que mentiras são propagadas, mas em tempos de pandemia, essa proliferação aumentou, sendo motivo de grande preocupação, levando o senado a aprovar o projeto de Lei nº 2.630/2020 "Lei das Fake News", em 30 de junho de 2020. Tornou-se imprescindível identificar faixa etária e grau de instrução de quem compartilha Fake News, independente de raça, sexo, religião ou opinião política. Esse fenômeno se tornou global e a internet se tornou um campo fértil para disseminação de notícias falsas. A internet se tornou um poderoso instrumento para quem intencionalmente divulga essas notícias. Provavelmente, outra razão que justifique o repasse de notícias falsas, é o desejo de ajudar alguém. Hipoteticamente pode-se compartilhar notícias falsas, somente por falta de conhecimento para a busca da verificação da verdade. A pesquisa realizada neste trabalho pode ser classificada como exploratória e recorre inicialmente à revisão bibliográfica, a fim de apresentar conceitos de Fake News na Era Pós-Verdade, visando descrever a disseminação desse conteúdo para a escrita desse artigo.
PÓS-VERDADE E FAKE NEWS: EQUÍVOCOS DO POLÍTICO NA MATERIALIDADE DIGITAL
As discursividades em torno do digital têm colocado problemas de compreensão quanto ao seu funcionamento discursivo, sobretudo em relação aos modos de circulação e formulação, na estruturação significante das materialidades, na constituição da autoria em diferentes práticas da rede e na produção e leitura do arquivo. Nessa direção, o que se tem discursivizado sobre “pós-verdade” e “fake news” desenham um cenário propício de investigação para compreender esse funcionamento complexo entre o simbólico, o político, o técnico e o ideológico. Os discursos sobre “pós-verdade” e “fake news” fazem trabalhar os sentidos de verdade e mentira, real e ficção, atual e virtual. Entendemos que as discussões nas redes sociais sobre “pós-verdade” e “fake news”, confrontadas com a leitura discursiva em torno das noções apontadas, permitem pensar o político no social tendo em vista o modo como o dizer das mídias sociais digitais parece produzir um embate (uma polêmica, uma disputa) com as mídias tradicionais, como a imprensa e a instituição televisiva. Nosso intuito, nesse trabalho, é compreender a maneira como as produções textuais próprias da internet colocam em jogo noções como as de autoria, legitimidade, circulação, formulação e arquivo. No procedimento de (des)montagem do corpus, recorremos aos trabalhos da Análise de Discurso Materialista, principalmente relacionados ao Discurso da Escritoralidade (GALLO, 2011), ao efeito-rumor (SILVEIRA, 2015) e aos processos de legitimação no digital (ADORNO de OLIVEIRA, 2015). Assim, a descrição do conjunto heterogêneo do arquivo de referência para análise, assim como as primeiras entradas analíticas do vídeo “A desinformação do whatsapp e facebook“, de Felipe Castanhari, começa a apontar para uma tomada de posição que se sustenta, contraditoriamente, pela recusa dos saberes legitimados advindos das instâncias midiáticas tradicionais, ao mesmo tempo em que parece se sustentar em um senso comum que permite retomar um discurso advindo dessas mesmas mídias, reforçando, desse modo, a noção de legitimidade como evidente de um campo institucional. Equívocos do político imbricados no funcionamento dissimétrico da memória discursiva.
Experiência do falso e fake news: a potência da imaginação e a imaginação no poder
2020
Resumo: Este texto é uma proposta de leitura do fenômeno da fake news de um ponto de vista estritamente semiótico. Estudar a fake news do ponto de vista estrito da semiótica significa mapear o fenômeno em sua gênese sígnica, em sua semiose. Com isso quero entender como a experiência do falso que a fake news ativa é semioticamente possível, o que, em geral, é um tema pouco considerado nas principais análises disponíveis no Brasil. O objetivo do trabalho é, por um lado, apresentar o conceito de experiência do falso como imanente a qualquer semiose, por outro, desfazer as teses hegemônicas de que a fake news manipula as massas e de que é preciso confrontar as notícias falsas com verdade dos fatos da Imprensa. Para realizar esse exame, lanço mão da semiótica dos afetos de Espinosa, em especial suas teses a respeito do primeiro gênero do conhecimento, a imaginação, o conhecimento por signos. Palavras-Chave: 1. Experiência do falso 2. Fake news. 3. Semiótica espinosana. Abstract: This text is a proposal to read the fake news phenomenon from a strictly semiotic point of view. Studying fake news from the standpoint of semiotics only means grasping the phenomena in its genetical process, in its semiosis. Thus, I want to understand how the experience of the false activated by fake news is semiotically possible, subject which, in general, is not approached by the main analysis available in Brazil. My aim is to present the concept of the experience of the false as immanent to any semiosis. In order to carry out the proposal, I mobilize the semiotics of affects of Spinoza, particularly his thesis on the first genre of understanding, the imagination, the understanding by signs. Keywords: 1. Experience of false. 2.Fake news. 3. Semiotics of Spinoza. Their minds are confused with confusion. With their problems have no solution.
Postulações e Fake News: Os Efeitos De "Verdade" Nos Discursos Midiáticos
Zenodo (CERN European Organization for Nuclear Research), 2023
Resumo: Nesse artigo, propomos um percurso descritivo-interpretativo acerca das redes de dizeres sobre as fake news. Estas redes se constituem através da mídia e se estabelecem como força mantenedora de um imaginário no qual os sentidos de verdade mostram-se estabilizados. Para alcançarmos nossa propositura, utilizamos o arcabouço teórico-metodológico da Análise do Discurso para examinar como os discursos sobre as fake news fazem funcionar seus efeitos e, por conseguinte, projetar a verdade como sendo uma propriedade particular do campo intelectual, um produto exclusivamente institucional. O corpus é constituído por trechos da matéria do Blog do Google Brasil (2022) com o título "PL 2630 pode aumentar desinformação online e prejudicar usuários" e de outros sites de notícias como G1 (2022) e Uol (2022). Portanto, encontramos em campos sociais distintos a mesma preocupação acerca da apropriação da verdade refletindo as possíveis e prováveis contribuições desta pesquisa para a compreensão dos efeitos de reafirmação e da verdade como um bem comercializável. Palavras-chave: Desinformação; Discurso midiático; Liberdade de expressão; Jornalismo; Verdade. Considerações iniciais Em tempos hodiernos, temos presenciado um aumento significativo do retorno ao debate sobre à liberdade de expressão, bem como a (re)produção da (des)informação e dos discursos de ódio. Essa ampliação de informações variadas e de perspectivas variáveis sobre um mesmo acontecimento, deve-se à capacidade outorgada pelos novos meios de difusão da notícia, proporcionados por uma sociedade em rede (CASTELLS, 1999, p. 83), sobretudo às redes sociais de mensagens instantâneas (como o Messenger, WhatsApp, Telegram, etc.) as quais permitem que cada usuário seja um difusor em potencial. Por sua vez, essa livre 1 Uma versão modificada deste artigo foi publicada em versão de capítulo de livro em: "Estudos linguísticos e interculturalidade: texto, discurso e ensino. São Paulo: Todas as musas, 2022.