Fátima, folclore e futebol? – portugalidade e associativismo na diáspora (original) (raw)
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Mulheres, religião e nacionalidade na diáspora do Santo Daime em Portugal
Ciencias Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião
Neste artigo, discutirei “mulheres”, “religião” e “nacionalidade” como eixos interseccionais de grande relevância para o estudo sobre a diáspora do Santo Daime em Portugal. As reflexões partem da análise sobre como estes elementos atuam na configuração deste campo que, a despeito de ser majoritariamente composto por portugueses e portuguesas, tem como figuras mais relevantes, brasileiras daimistas de classe média. Os dados foram coletados durante minhas pesquisas de conclusão de curso e de mestrado, por meio de observação participante e realização de entrevistas semiestruturadas e em profundidade que ocorreram entre os anos de 2017 a 2021. A partir destas pesquisas, foi possível identificar que mulheres, religião e nacionalidade atuam efetivamente nas negociações relativas à diáspora do Santo Daime em Portugal e tecem os contornos dessa religião no país.
Dos “Nàgó” da Bahia aos “Pọ́́rtúgérè” de Lisboa: Um olhar sobre identidade e religião em diáspora
Caderno de Estudos Africanos, 2013
O presente artigo pretende observar a construção da identidade religiosa yorùbá em duas diásporas distintas no tempo e no espaço: a primeira diz respeito à diáspora forçada pelo comércio negreiro para o Brasil, dando origem à constituição da identidade “nàgó” na Bahia de Todos os Santos oitocentista e em diante; a segunda diz respeito à diáspora contemporânea de yorùbás para Lisboa, fruto da procura de oportunidades no mercado de trabalho globalizado. É intento deste trabalho entender como uma cultura africana se adapta a novas contingências socioculturais, dialogando com os elementos que lhe são exógenos, observando como os yorùbás operaram e operam uma “invenção da tradição”.
2013
Resumo O que significa falar, hoje, em diáspora? A dispersão, associada à origem do conceito, ainda serve de significado em tempo de globalização? Existe apenas uma ou várias diásporas? Com este artigo pretendemos observar a evolução do conceito de "diáspora" à luz da ideia de Said (1994) de que o fim do colonialismo não impediu que o imperialismo persistisse. Relacionamos as problematizações sobre diáspora feitas, entre outros, por Cohen (1997), Hall (1998), Bhabha (1998), Riggs (2000) e Morier-Genoud & Cahen (2013), chegando ao caso português e à ideia de lusofonia. A interculturalidade, que promove a interpenetração identitária, está patente na diáspora? O que acontece quando se associa a diáspora à "portugalidade"? Mesmo que se parta da ideia de que "o sentido é o uso" (Wittgenstein, 1958), a 'naturalização' de determinadas realidades, ideologicamente alinhadas, pode incrementar equívocos e impedir uma dimensão ética, que acontece quando o 'outro' entra em cena (Eco, 1997).
Sabiá em Portugal: a imaginação da nação na diáspora
Monografia de fim de curso, Campinas, Unicamp, 1996
Sabiá em Portugal: Imigrantes Brasileiros e a Imaginação da Nação na Diáspora ii Sumário Introdução _____________________________________________________________ 1 O Sabiá e a Casa do Brasil de Lisboa __________________________________________ 2 A imaginação da nação: renegociações e ambigüidades ___________________________ 5 A imaginação da nação no contexto da imigração _______________________________ 8 Capítulo I Imigração, Nação e Cidadania Brasileira: "Emigrar não é desistir". _______________ 10 "Collorgate" em Lisboa: ___________________________________________________ 11 A CBL e seu projeto de representar brasileiros em Portugal:_____________________ 13 Carlos Vianna -uma visão do Brasil: _________________________________________ 14 Vergonha do presente, esperança no futuro: ___________________________________ 17 O Brasil "visita" a CBL: ___________________________________________________ 19 Eleições brasileiras em Portugal: ____________________________________________ 21 Nação e Cidadania Imaginadas: _____________________________________________ 26 Capítulo II Defesa dos Direitos: a luta pela regularização _______________________________ 30 Considerações Preliminares ________________________________________________ 30 O Processo de Regularização _______________________________________________ 33 O Governo Português e a questão da imigração ________________________________ 37 Considerações Finais ______________________________________________________ 40 Capítulo III A Denúncia da Xenofobia e da Discriminação _______________________________ 42 Incidentes e Situações de Discriminação Examinadas ___________________________ 43 Projetos de nação e discriminação: ambigüidades ______________________________ 44 Brasil e Portugal: _________________________________________________________ 48 Concepções da relação de irmandade apropriadas no contexto da nova imigração ___ 48 Xenofobia e Lusofonia _____________________________________________________ 52 Conclusões ______________________________________________________________ 53 Capítulo IV iii A Comunidade de Sentimentos: Lusofonia e Imigração _______________________ 56 Antecedentes e circunstâncias da criação da Comunidade de Afetos _______________ 56 Imigrantes brasileiros em Portugal: a construção da Lusofonia na prática __________ 58 A retórica da Comunidade de Sentimentos no Sabiá ____________________________ 65 O acompanhamento do processo ____________________________________________ 71 Imigrantes brasileiros: cidadãos lusófonos ____________________________________ 73 Conclusão ____________________________________________________________ 76 As negociações do imaginário nacional no contexto da imigração brasileira em Portugal76 Diferenças, similaridades e a questão da harmonia _____________________________ 78 A liderança da CBL entre os mundos brasileiro e português ______________________ 81
Da ‘Portugalidade’ à Lusofonia
Comunicação e Cultura, 2012
A nossa proposta vai no sentido de se saber até que ponto a marca da ‘portugalidade’, profusamente difundida em pleno Estado Novo, sublinhando alegadas características adstritas ao povo português, numa relação apologética ao regime em vigor e que serviu, de resto, de bandeira à Exposição do Mundo Português (1940), ‘afectou’, por via da propaganda e da ideia de ‘império ultramarino’ - que constituiu um dos pilares e dos mitos do regime de Salazar (Rosas, 2001) -, as dinâmicas relacionais com os povos das ex-colónias portuguesas, plasmadas na ideia de lusofonia. É nesse quadro que surge o título do presente projecto: “Da ‘portugalidade’ à lusofonia”. Pretendemos congregar pistas para responder à pergunta “De que falamos, quando falamos de lusofonia?”. Será de uma extensão de uma alegada ‘portugalidade’? Ou de um espaço ligado, apenas (ou eventualmente), através de uma língua comum? Em contexto pós-colonial, que debate sobre o ‘outro’ é possível fazer-se? Palavras-chave: ‘Portugalidade’; lusofonia; Estado Novo; globalização; multiculturalismo
Cultura imaterial: folias e o catolicismo popular
Brazilian Journal of Development, 2020
Pretendemos nesta pesquisa assumir essa perspectiva e lançar o olhar sobre as Folias de Reis e de outros santos, manifestações religiosas do catolicismo na região de Morrinhos, de forma a investigar seu aspecto popular, folclórico, religioso, de modo a compreender suas formas de manifestação e sua inserção no contexto cultural da atualidade, bem como refletir sobre a folia de Reis sobrevive aos dias atuais. Importante que seja clareado, historicamente, as Folias de Reis, e em alguns lugares conhecidas como Reisados, com surgimento na Europa, provavelmente na Itália, de uma forma primeira chamada de Befana, levada para Portugal, e pelo processo colonizador, trazida ao Brasil. As Folias de Reis tinham um intuito, como tem até hoje, de reproduzir, por teatralidade, um aspecto religioso: a saga da visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. Com uma forma de lamúria ou cântico, que remonte tal feito. A visitação ao menino Deus foi adaptada e colocada como o aspecto simbológico e ampliada para diversos santos da fé católica.
A diáspora lusitana contemporânea. Associações e outras redes sociais na emigração portuguesa
REMHU: Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, 2021
Resumo: O interesse global nas práticas de engajamento dos emigrantes em diáspora tem crescido um pouco por todo o mundo. São disso exemplo as políticas ligadas ao retorno de emigrantes qualificados, à promoção de brain gain, ou destinadas a estimular a formação de redes de diáspora. Através de políticas públicas e de uma estratégia de comunicação eficaz poderia ser possível, pelo menos do ponto de vista do país de origem, reverter o sentimento de perda sociológica que representa a emigração de uma parte da sociedade nacional. Baseado num mapeamento global do movimento associativo português, o artigo encontra-se estruturado em duas partes. Na primeira parte, discutem-se as perspetivas teóricas que têm analisado as políticas e as práticas de vinculação dos migrantes aos seus países de origem. Na segunda, partindo da análise da recente emigração portuguesa, analisam-se, através de uma proposta de tipologia, as atuais formas organizativas dos portugueses no exterior.
Geografias relacionais - a festa no Santuário de Fátima em Fortaleza - CE
Geotextos, 2012
O objetivo do presente trabalho é demonstrar qual é o sentido geográfico da dinâmica da festa em seu âmbito relacional. Para isso, fomos ao Santuário de Fátima em Fortaleza-CE na tentativa de analisarmos os movimentos (dinâmicas verticais e horizontais) que constroem o sentido festivo que o Santuário possui, assim como a legitimação e a posteridade que a festa oferece às representações a ela vinculadas. A geografia relacional entra, nesse sentido, como prática cotidiana responsável pela elaboração do momento efêmero que é a festa e os seus rebatimentos espaço-temporais que acompanham o sentido do Santuário de Fátima permanentemente.