ESCRAVIDÃO INTERNA NA ÁFRICA, ANTES DO TRÁFICO NEGREIRO (original) (raw)

A ESCRAVIDÃO AFRICANA TRÁFICO NEGREIRO

Povos africanos desterrados e escravizados Na Idade Moderna, Portugal foi o primeiro país da Europa a realizar o comércio de escravos africanos. Isso foi possível porque os portugueses, ao longo dos séculos XV e XVI, dominaram muitas regiões no litoral da África, onde fundaram feitorias. Os conquistadores portugueses estabeleceram alianças com comerciantes e sobera-nos africanos e passaram a fazer tráfico de escravos através do Atlântico. Os primeiros escravos africanos destinaram-se às terras portuguesas na Europa e nas ilhas do oceano Atlântico que pertenciam ao governo português onde já havia sido iniciada a produção de açúcar.

ÁFRICAS EM ÁFRICAS: DAS TRAVESSIAS INTELECTUAIS

Revista da ABPN • v. 13, n. 35 •, p. 242-259, 2021

Vanicleia Silva Santos narrates her academic trajectory in undergraduate studies at PUC-SP and postgraduate studies at USP, highlighting her family origins, intellectual and academic influences. She analyzes her research in African history and the role of black and black intellectuals in changing historiography. It evaluates its role as black teacher and academic, involved in projects in Brazil and in agreement in North American universities and Europe and Africa.

INTELECTUAIS E ESCRAVIDÃO: DISCUSSÕES SOBRE O FIM DO TRÁFICO NEGREIRO 1

Os anos de 1820 foi um período de intenso debate sobre as diretrizes políticas e sociais do novo arranjo nacional. Por meio de jornais, panfletos e movimentos populares, inúmeros temas foram discutidos e ingressaram na cena pública brasileira. Assunto de primeira importância durante todo o período imperial, a escravidão e o fim do tráfico negreiro alcançaram o primeiro plano nos debates públicos por ocasião da assinatura do tratado de reconhecimento da independência. Durante o processo de independência, duas elites disputaram a direção dos primeiros anos do novo Império. De um lado, a elite liberal apoiada por atacadistas fluminenses e portugueses recém emigrados 3. Defendiam a soberania popular 4 , mesmo que, para eles, a palavra popular fosse reduzida a um público seletivo 5. Usavam para expor suas ideias os jornais Correio do Rio de Janeiro e Revérbero Constitucional Fluminense. O outro grupo que se destacou foi o " Partido Brasileiro " , que, desde o inicio, buscou a independência do Brasil para poder guiar os negócios públicos de acordo com seus interesses 6. Faziam suas propostas serem conhecidas através da imprensa, por jornais como O Espelho e o Regulador Brasílico.

CARIBE FRANCÓFONO E ÁFRICA: Interseções

DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), 2015

Neste artigo examino quatro escritores caribenhos-Aimé Césaire, Édouard Glissant, Patrick Chamoiseau (da Martinica) e Maryse Condé (da Guadalupe)-a fi m de detectar o tipo de relação que estabeleceram com a África ao longo de sua vida e de sua obra.

A NÃO INDIFERENÇA NA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA PARA A ÁFRICA

Julho de 2011 2 RESUMO: Este artigo pretende analisar a política externa para a África durante os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e observar de que forma o continente africano foi considerado área privilegiada pela diplomacia brasileira para a instrumentalização do conceito da não indiferença. Desde o discurso de posse do novo presidente, observa-se interesse em promover o retorno do continente africano como área relevante para a agenda de política externa e como parceria estratégica para a inserção internacional do Brasil em contexto de crescente multipolaridade. As potencialidades da relação -de acordo com a relevância de seus aspectos político, econômico, cultural e de segurança para os interesses do país -levaram o Brasil a erigir ações de cooperação em âmbitos bilateral, trilateral, multilateral ou interregional a fim de aprofundar o contato mútuo e legitimar o Brasil como representante do mundo periférico e promotor da temática do desenvolvimento. Valendo-se de inovação discursiva e prática quanto ao conceito da não indiferença, que é apoiado em lógica de solidariedade, em projetos de cooperação técnica e nos marcos da cooperação sul-sul, o Brasil busca aproximação diferenciada, sem perspectiva de reciprocidade imediata. Além disso, essa nova agenda cooperativa, que envolve setores da sociedade civil, empresários, burocratas, agências governamentais e uma miríade de outros atores, denota mudança em curso no processo de formulação e implementação da política externa brasileira, com conseqüências empíricas na relação em foco. A partir de consideração dos elementos gerais da política externa da presidência de Lula da Silva, este trabalho pretende (1) avaliar a política externa brasileira para a África; (2) observar a prática das relações Brasil-África no governo de Lula da Silva; (3) analisar a instrumentalização do princípio da não-indiferença nas relações com a África. Subsídios práticos serão dados na realização de esforço para fundamentar a análise. Palavras-chave: política externa brasileira, governo Luiz Inácio Lula da Silva, relações Brasil-África, cooperação sul-sul, não indiferença. Introdução As relações Brasil-África ocupam, hodiernamente, posição estratégica na política externa brasileira, representando um dos pilares de inserção internacional do Brasil e lócus de desenvolvimento de ações de projetos de cooperação 1 . Em contexto do pós 11 de setembro, marcado pela fragmentação do consenso originado no pós Guerra-Fria, pela proliferação de questões de segurança, pela ascensão de grandes países emergentes e por crescente multipolaridade, o continente africano ganhou atenção dos formuladores de política externa brasileira. Depois de quase uma década de baixa intensidade no relacionamento entre o continente africano e o Brasil, a África voltou a ter importância nos marcos da política externa do país. Durante os dois mandados de Luiz Inácio Lula da Silva, a região ganhou conotação estratégica para os objetivos brasileiros, discurso que foi acompanhado de iniciativas práticas variadas, e passou a ser considerada de acordo com a relevância de seus aspectos político, econômico, cultural e de segurança para os interesses do país 2 . O crescimento econômico da região, após sua relativa marginalização e isolamento nos anos de 1990 3 , e o interesse de países como China e Índia em encetar articulações com características diferenciadas, também foram fatores explicativos dessa mudança de foco na dimensão atlântica de nossa política externa. 4 O peso político do continente é considerável, principalmente em virtude da composição da União Africana, com 53 membros, que costuma concertar posições em fóruns multilaterais. Tal postura foi decisiva, por exemplo, na eleição de José Graziano da Silva para diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Citam-se também as possibilidades presentes e futuras no campo econômico em relação à região, rica em recursos minerais como minério de ferro, manganês, urânio e petróleo, o que vêm atraindo a presença de multinacionais e o interesse de governos. Além disso, há enorme potencial agrícola, com grande disponibilidade de IPEA. Cooperação brasileira para o desenvolvimento internacional. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada/Agência Brasileira de Cooperação (ABC). Brasília: IPEA : ABC, 2010. LAFER, Celso. A identidade Internacional do Brasil e a política externa brasileira: passado, presente e futuro. São Paulo, Ed. Perspectiva, 2001.

A REDESCOBERTA DA ÁFRICA

EDITORA KOTEV, SÉRIE AFRICANIDADES 18/ TRANSCRIÇÃO DE CONFERÊNCIA PROFERIDA EM 2010 PARA O ENCERRAMENTO DO CURSO DE DIFUSÃO CULTURAL DO CENTRO DE ESTUDOS AFRICANOS DA USP (CEA-USP), 2018

A Redescoberta da África é um texto que resulta da Transcrição da Conferência “A Temática Africana em Sala de Aula”, proferida por Maurício Waldman, no dia 25 de junho de 2009, entre as 20:00 e 22:00 horas, evento de encerramento da edição do ano de 2009 do Curso Introdução aos Estudos de África, promovido pelo Centro de Estudos Africanos da USP (CEA-USP). A presente edição deste texto, cujo nome foi atualizado com vistas à inserção editorial na Série Africanidades, incorpora revisão ortográfica, cautelas de estilo e normatizações editoriais inerentes ao formato PDF, masterizada pela Editora Kotev (2017, Kotev ©), para fins de acesso livre na Internet. No mais, foram agregadas várias notas explicativas visando situar público mais amplo no temário da conferência assim como oito figuras, que de igual modo como na conferência, auxiliam na compreensão do que está sendo explicado pelo palestrante. Todas estas imagens integraram a conferência proferida de 2009. Anote-se que editorialmente A Redescoberta da África é um material gratuito, sendo vedada qualquer modalidade de reprodução comercial e igualmente, de divulgação sem aprovação prévia da Editora Kotev. A citação de A Redescoberta da África deve obrigatoriamente incorporar referências ao autor e ao texto conforme padrão modelar que segue: WALDMAN, Maurício. A Redescoberta da África. Série Africanidades Nº. 18. São Paulo (SP): Editora Kotev. 2018. ENTREVISTAS DO AUTOR SOBRE AFRO-EDUCAÇÃO ENTREVISTA COM HERÓDOTO BARBEIRO - PROGRAMA RECORD NEWS (6:36 minutos), 20-11-2012: ENTREVISTA PARA A RÁDIO VOICE OF AMERICA, WASHINGTON DC (ÁUDIO: 11:35 minutos), 16-11-2007: http://mw.pro.br/mw/2007%20Voz%20da%20Am%C3%A9rica%20Entrevista%20Arquivo.mp3

UM SOLIDÁRIO TREZE DE MAIO OS AFRO-BRASILEIROS E O TÉRMINO DA ESCRAVIDÃO

D evido às contradições que os formam, problemas his-tóricos como a abolição da escravatura no Brasil são forçosamente de difícil resolução. Largo e plástico, o cativeiro moldou nossas relações econômicas, nossas tramas políticas e nossas regras de convivência. O escravo tornou-se ao longo do tempo , mas finalmente a um só tempo, mão de obra, mercadoria, insumo e derivativo financeiro. No campo político, fez das classes latifundi-árias uma barreira intransponível para as dirigentes, quando não as forjou em simbiose. Delimitou por extensão o padrão de inserção in-ternacional do país e regeu a vida social a ponto de definir quem era quem, aliviando apenas superficialmente os menos prósperos das misérias hierárquicas próprias a uma sociedade, igualmente por cau-sa do cativeiro, formada a partir de desigualdades.

TRECHO - AFRO-LATINOS EM MOVIMENTO: PROTESTO NEGRO E ATIVISMO INSTITUCIONAL NO

Horizontes ao Sul, 2020

Publicado em março deste ano, o livro Afro-Latinos em Movimento: Protesto Negro e Ativismo Institucional no Brasil e na Colômbia, de autoria de Cristiano Rodrigues e editado pela Appris, chega ao país em tempos conturbados. Convivemos, no presente, com a tomada do espaço público por discursos oficiais que negam o racismo, enunciados por políticos e representantes de cargos institucionais marcadamente avessos ao reconhecimento das desigualdades e à elaboração de políticas públicas para combatê-las. Fruto de tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj), Afro-Latinos em Movimento mobiliza os conceitos de “oportunidades políticas” e “oportunidades discursivas” para explicar a capacidade dos ativistas negros impactarem a agenda política. Ao explorar a relação entre movimentos sociais e estado, o autor busca acrescentar à literatura de diferentes maneiras, a começar por adotar um enfoque institucionalista. Tão relevante quanto isso é a abertura à comparação de dois casos latino-americanos em períodos históricos que antecedem e procedem a criação de novas constituições nacionais: o próprio Brasil e a Colômbia. Além dos venezuelanos, as proporções mais significativas de afrodescendentes na América Latina pertencem aos brasileiros e colombianos*. Embora partilhem essa característica demográfica, intensas assimetrias raciais e registros de políticas para atenuá-las, há poucas comparações sobre os dois países. É isso que o trabalho de Cristiano faz: dá protagonismo aos paralelos entre contextos periféricos, destoando da centralidade usual dos Estados Unidos nas pesquisas de relações raciais nas ciência sociais. Emerge, ao final, a chance de acompanharmos como as disposições territoriais de comunidades nacionais, divididas em meios urbanos ou rurais, os modos de construção de discursos e saberes, as características de governos e as influências de quadros internacionais estão atreladas aos tipos de organização e êxito dos ativismos negros. A obra de Rodrigues permite enxergar em detalhe diversas etapas das trajetórias dos movimentos sociais e possibilita uma abertura ao entendimento da luta antirracista a longo prazo. Trata-se de uma leitura importante não só por nos deslocar dos horrores do tempo atual, mas também por demonstrar, com ampla investigação empírica, a fragilidade da conquista de direitos para grupos oprimidos, tão difícil de alcançar, nem sempre certeira em suas consequências e facilmente exposta à revogação. É com prazer, portanto, que a Horizontes ao Sul divulga um trecho da publicação. Na Introdução, que apresentamos a seguir, os leitores poderão entender quais são as hipóteses de pesquisa, as motivações que levaram à escolha dos países analisados e o conteúdo que será desenvolvido em cada capítulo da edição.

MEMÓRIAS DA ÁFRICA: A SUPERIORIDADE DOS NEGROS SOBRE OS BRANCOS (KITĀB FAKHR AL-SŪDĀN ‘ALĀ AL-BĪḐĀN) PRO ABŪ ÙTHMAN ‘AMR IBN BAHR AL-JĀḤIẒ (M. 868/9)

Heródoto, 2020

Este artigo pretende chamar a atenção para uma obra que passou despercebida. Considerado um trabalho menor de um autor satírico, al-Jāḥiẓ, o Kitāb Fakhr al-Sūdān 'alā al-Bīḑān (A superioridade dos negros sobre os brancos), apesar de seu título sugestivo, foi subvalorizado, mas, na realidade, é um trabalho sério e totalmente imbuído no contexto e no debate político-social do século IX. A obra é essencial para entender a complexidade de qualquer sociedade, antiga ou moderna. Confrontado com a imagem tradicional da população negra como um grupo marginalizado, invisível e sem história, o Kitāb Fakhr al-Sūdān 'alā al-Bīḑān lhe confere o protagonismo de sua obra, remove-a da sua invisibilidade na sociedade abássida, e recupera e reescreve, e isso é interessante, uma história e uma memória que têm suas raízes na antiguidade. Palavras Chave