O coração lacerado: a poesia brasileira em direção a Pasolini (original) (raw)
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Pasolini pratica a poesia quando é poeta, faz romance, no cinema, com o teatro ou como ensaísta. Uma obra de poeta, em estado de crise. Origem e vertigem, ordem e voragem: elemento dialético, configurador e reconfigurador, que não se restringe ao plano estritamente linguístico, embora acabe desvelando um germe de língua (um grão, um veneno) em tudo que toca.
O coração consciente de Pasolini em “As cinzas de Gramsci”
MOARA – Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras ISSN: 0104-0944, 2014
Este artigo é uma aproximação da obra poética de Pier Paolo Pasolini, a partir do poema "As cinzas de Gramsci". Alguns aspectos estruturais do poema são apresentados com o objetivo geral de tentar construir uma chave de interpretação para a poesia de Pasolini.
Pasolini O pai sonhado e a poesia
Revista Passagens. , v.7, p.15 - 26, 2016, 2016
Este artigo pretende pensar a figura do pai e de sua morte na poesia de Pier Paolo Pasolini. A afasia poética de Pasolini, atribuída ao "trauma intelectual", dá lugar a uma luta no meio da solidão que prefigura a militância "corsária" quando confrontada com questões atuais em que muitas vezes está diretamente envolvida. Pasolini com suas opiniões, manifestos, declarações, com seus filmes inevitavelmente censurados, mantém em permanente dissonância com todos: esquerda e direita, fascistas, católicos, intelectuais etc. Abstract: This paper intends to reflect on the father figure and his death in the poetry of Pier Paolo Pasolini. Pasolini's poetic aphasia, attributed to "intellectual trauma", gives way to a struggle in the midst of solitude that prefigures "corsair" militancy when confronted with current issues in which it is often directly involved. Pasolini with his opinions, manifestos, declarations, with his inevitably censored films, keeps in permanent dissonance with all: left and right, fascists, Catholics, intellectuals etc. Keywords: Pasolini; poetry; father; death
“Pasolini – Ou quando o cinema se faz poesia e política de seu tempo”
Ed. Uns Entre Outros, Flavio Kactuz (Org.), Rio de Janeiro, 2014
Edição completa do "Dossiê Pasolini", reunindo estudos sobre a atualidade e a urgência da arte e do pensamento de Pier Paolo Pasolini (1922-1975), cineasta, escritor e poeta que alcança uma estranha fulguração nestes tempos sombrios em que vivemos. A obra de Pasolini, como aqui se demonstra, é também um convite de coragem e poesia para que possamos enfrentar ameaças do fascismo, da pressão criminosa da mídia, da intolerância e de todo obscurantismo – como destacam os ensaios reunidos no presente catálogo, incluindo os poemas de Pasolini sobre o Brasil.
Um intelectual perto do fim: as agruras da resistência de Pasolini
O presente ensaio apresenta uma leitura de como Pier Paolo Pasolini pensava a figura do intelectual. Pretende apontar como, nos últimos anos de vida, o poeta e cineasta italiano vivia um paradoxo diante do que denominava a anarquia do poder. Aponta como Pasolini, em situação de desespero existencial total, procurava um meio de exercer a função de intelectual, qual seja, destotalizar. Também apresenta como as últimas obras -sobretudo Petrolio e, de maneira mais indireta, Saló -estão intimamente implicadas nesse movimento destotalizante proposto por Pasolini. Por fim, divergindo de uma parte considerável da crítica, intenta mostrar como Pasolini, mesmo em desespero, não se deixa deprimir por um furor melancólico (que lhe impediria qualquer resistência) e, apesar de tudo, ainda se expõe na sua função de intelectual.
Ed. 504 - Pier Paolo Pasolini, um trágico moderno e sua nostalgia do sagrado
O italiano Pier Paolo Pasolini só consegue unanimidade num rótulo: o de espírito indomável. É um artista fluido, que vai da poesia ao cinema, passando pelo jornalismo e pelas artes plásticas. Sua busca por um mundo melhor requer ações de revolucionário, de alguém capaz de se manter livre mesmo tendo sido inscrito num partido político; descrente, mas capaz de reconhecer um Deus humano. Sua obra se tornou uma referência na luta contra qualquer tipo de opressão, ou fascismos. Voltar ao artista italiano num tempo tão belicoso, e de inabilidade de reconhecer o humano no rosto do outro, pode ser inspirador. É a aposta da presente edição da revista IHU On-Line.
Para Uma Poética Clariceana: Perto Do Coração Selvagem e O Fazer Literário Clariceano
2017
O romance Perto do coracao selvagem, de 1943, e a obra inaugural de Clarice Lispector, embora antes dele a autora ja tivesse publicado contos na imprensa nacional. A obra surge num contexto em que se publicam os romances regionalistas, comprometidos com a denuncia politico-social. Materializando uma escrita de cunho existencialista e introspeccao psicologica, a obra de estreia de Lispector provoca um verdadeiro choque nos criticos de entao, que ora a aplaudem, ora a “rejeitam”, justamente pela novidade de estilo apresentado pela autora. Rompendo diques da logicidade, as silabas soltas sao lancadas, em continuo fluxo, revelando a linguagem sob a luz da inspiracao. O mundo surge dividido entre palavras que criam, ou nao criam, uma realidade, ou seja, entre as que detem ou nao o circuito da comunicacao para si mesmas. E, entao, logo no primeiro capitulo desta primeira obra que se desenha uma poetica do narrar clariceano. Assim, por meio de uma leitura analitica e interpretativa, objeti...
Uma poesia de exportação: Pau-Brasil na Itália
Texto Poético
O poeta italiano Giuseppe Ungaretti viveu, entre 1937 e 1942, em São Paulo, dando aulas de Literatura Italiana na recém-criada Universidade de São Paulo. Não conseguindo escrever versos próprios dedicou-se furiosamente à tradução. De volta a Itália, começou a publicar as traduções por ele realizadas de poetas brasileiros, fossem eles pertencentes à tradição ou aos seus contemporâneos. Entre estes, traduziu e publicou Pau-Brasil, de Oswald de Andrade. Neste artigo, tentamos compreender quais foram as afinidades eletivas que uniram os dois poetas, aparentemente tão distantes, e descrever a atitude adotada por Ungaretti para enfrentar a tradução.
2020
Este artigo aborda a intempestiva relação entre crítica e linguagem que emergiu já na juventude de Pasolini, a qual será uma constante mutável por toda sua breve vida. Giorgio Agamben aponta que o jovem Pasolini não subjuga o dialeto friulano à língua constitucional, pois deseja dizer com o dialeto coisas elevadas, difíceis, com maior frescor e potência. Assim, a crítica operada por Pasolini mobilizou eruptivos debates, nos quais colocava em choque a língua como inventum (língua institucional) e a língua como inventio (língua-poesia), para desse confronto insurgir-se uma filologia crítica e inventiva.