O "ANTIGO" E O "NOVO" NO DEBATE DA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA ACADÊMICA (original) (raw)
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O “antigo” e o “novo” no debate da historiografia brasileira acadêmica (1961-1979)
2020
Este artigo trabalha com a hipótese de que as ideias de “antigo” e “novo”, ou “tradicional” e “moderno”, eram balizas simbólicas fundamentais da discussão historiográfica no período. Observando registros da Associação dos Professores Universitários de História (APUH – mais tarde chamada ANPUH) e da produção historiográfica das pós-graduações da Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Paraná e, principalmente, da Universidade Federal Fluminense, analisa-se como esta tensão intelectual teria se processado. O recorte cronológico justifica-se por ser o período compreendido entre o primeiro simpósio da APUH e o momento da anistia e de um contexto político brasileiro que gera mudanças nos perfis institucionais e historiográficos dos cursos de História e da ANPUH.
NOVAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ENSINO E PESQUISA DE HISTÓRIA ANTIGA NO BRASIL
Reunir, sistematizar e analisar diversos aspectos e atividades relacionados com a área de História Antiga no Brasil é um desafio muito complexo, que seria possível de ser realizado apenas a partir de uma força tarefa empreendida por vários especialistas deste campo específico do saber ao longo de algumas gerações. Ciente disto, o objetivo do primeiro artigo foi apenas apresentar uma análise a partir de alguns dados fornecidos pela Plataforma Lattes, o que tornou possível algumas reflexões sobre a área, certamente bastante específicas e delimitadas. A partir da leitura dos comentários a este texto inicial foi possível perceber que os colegas compreenderam a provocação e, a partir do diálogo com esta primeira reflexão, produziram novas indagações, abordaram pontos distintos e apontaram outros problemas, mostrando, assim, a diversidade de perspectivas e leituras que podem ser sistematizadas sobre a área de História Antiga no Brasil. Alex Degan, por exemplo, apresentou alguns números interessantes sobre o crescimento geral e mundial das matrículas, que saltaram de 13 para 133 milhões de alunos, bem como de Instituições de Ensino Superior, que aumentaram de cerca de 160 para mais de 7.500 entre 1960 e o começo do século XXI. Neste contexto, os Cursos de História também aumentaram de 117 para 346 entre 1973 e 2005. A partir destes dados foi possível interpretar que a área de História Antiga teria, então, acompanhado este crescimento panorâmico, sendo este um dos responsáveis por seu crescimento. Seria interessante, no entanto, possivelmente em pesquisas futuras, aprofundar a análise destes dados para saber onde estão estas instituições, matrículas e cursos novos. É possível que estejam, em sua maioria, no contexto brasileiro, na Região Sul e Sudeste? Em qual proporção? Como estes dados se configuram na Região Norte e Nordeste do País? Este crescimento de
HISTÓRIAS ANTIGA E MEDIEVAL COMO CONTEÚDOS SUBSTANTIVOS PARA A ESCOLARIZAÇÃO BÁSICA NO BRASIL
Uma das críticas à primeira versão da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), lançada em setembro de 2015, foi a suposta extinção dos conteúdos substantivos relativos à "história antiga" e à "história medieval". Foi comum a denúncia de que o MEC optou pela retrógrada orientação nacionalista do currículo para a escolarização básica. As disputas entre uma proposta mais cosmopolita ou mais nacionalista são comuns na maioria das iniciativas de elaboração de bases, parâmetros ou similares em países democráticos de sistema educacional centralizado. Grossíssimo modo, os contendentes digladiam-se entre a formação de um patriota e de um cidadão do mundo -uma espécie de disputa entre ideias de humanidade/civilidade dominantes, respectivamente, nos séculos XIX e XX.
Este texto explora as relações entre a historiografia acadêmica e a historiografia escolar, colhida esta última, nas prescrições elaboradas por pesquisadores, gestores e professores sobre os conteúdos da disciplina história no Brasil. No seu título estão implícitas, ao menos, uma hipótese e uma carência: (1) a ideia de que a historiografia acadêmica sofreu modificações significativas nas últimas três décadas do século XX – daí o emprego do adjetivo “novas” – e (2) a incerteza sobre a natureza e a intensidade da transposição dessas modificações para as expectativas de aprendizagem que constituem os currículos prescritos, predominantemente, pelo Estado, em suas instâncias federal, estadual e municipal.
O ENSINO DE HISTÓRIA ANTIGA NO BRASIL: TRAJETÓRIA E DESAFIOS
2023
Nos últimos anos, a História Antiga esteve no cerne de um grande debate da educação brasileira. A criação da BNCC evidenciou aquilo que a muito se questionava, qual a necessidade ou importância de se ensinar História Antiga em nosso país? Desta maneira, essa dissertação propõe uma delimitação teórica da própria História Antiga enquanto subárea da História escolar. A partir da análise do tempo como categoria e sua relação com as percepções humanas procuramos definir como se organiza a chamada História Universal, entendendo que a Antiguidade é uma unidade construída de maneira arbitrária e que em diversos espaços, inclusive no Brasil, foi e tem sido instrumentalizada por estratos da sociedade que objetivam legitimar suas ações no presente. Sabendo que tais propósitos sempre perpassam pela educação, apresentamos como o ensino das antiguidades foram mobilizados ao longo dos anos nas escolas brasileiras e realizamos uma verificação em uma amostra de livros didáticos aprovados no último PNLD para tentar revelar que valores têm sido difundidos nestes importantes veículos culturais. Diante de tais resultados, propomos algumas contribuições para um ensino de História Antiga capaz de responder aos anseios e desafios da educação contemporânea.
CAMPO ACADÊMICO, HISTÓRIA ANTIGA E ENSINO: COMENTÁRIOS EM TORNO DO PRESENTE E FUTURO DE UMA ÁREA
Revista Mare Nostrum, 2017
O comentário que segue tem como objetivo pôr em relevo algumas questões que foram surgindo na leitura do artigo "O ensino e a pesquisa em História Antiga no Brasil: Reflexões a partir dos dados da Plataforma Lattes", escrito pelo professor Dominique Santos, docente na Universidade Regional de Blumenau, bem como de seus coautores, integrantes do LABEAM -Laboratório Blumenauense de Estudos Antigos e Medievais. Como todo comentário, acabo ressaltando ao leitor que, mais do que fazer uma avaliação sistemática do artigo em questão, teço aqui uma leitura bem mais seletiva. Dessa maneira, chamarei atenção tão somente aos aspectos para os quais eu possa contribuir, de alguma forma, aos prolongamentos da reflexão dos autores. Em seus prolegômenos, o texto discute o processo de institucionalização da História Antiga no país, em especial o da formação da noção de clássico durante o século XIX, que teve absorção nos currículos escolares até a formação da primeira cátedra na Universidade de São Paulo. Hoje, quem desenvolve interessante pesquisa sobre essas questões é o professor Luís Ernesto Barnabé,
RESUMO: O artigo tem como principal objetivo refletir sobre o ensino da História Antiga, bem como sobre a divulgação e a percepção desse conhecimento na sociedade brasileira, principalmente na esfera política. Para tanto, nosso ponto de partida será a conjuntura brasileira que perpassa por um modelo de reforma no ensino que irá impactar diretamente o ensino a respeito da Antiguidade na Educação Básica. Iremos demonstrar a importância do ensino de História Antiga no processo educativo e suas potencialidades para o exercício de uma educação que priorize os valores ligados a autonomia do sujeito e a cidadania. ABSTRACT: This article aims at reflecting on the teaching of Ancient History and on the dissemination and the perception of this knowledge in Brazilian society, especially in the political sphere. In order to do so, we will start by analyzing current Brazilian political conjuncture in which the educational reform's model will directly impact the teaching about Antiquity in Basic Education. We will demonstrate the importance of teaching Ancient History for educational purposes and its potential for the practice of a type of education that prioritizes values linked to citizenship and individual autonomy.
OS CRISTÃOS-NOVOS NA ESCRITA DOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA: UMA PRESENÇA "ESVAZIADA"
RevistaTEL Tempo, Espaço e linguagem, 2017
Resumo: Este estudo é parte de uma pesquisa mais ampla e teve como finalidade discutir a presença dos cristãos-novos em alguns livros didáticos voltados para o Ensino Fundamental e Médio, no período que corresponde à chegada dos portugueses ao Brasil, sendo possível detectar a atuação destes personagens, logo de início, algo, porém, distante daquilo que a produção didática vinha apresentando, especialmente aquelas mais recentes. Por meio de um estudo comparativo, constatamos ainda que as narrativas dos manuais por nós selecionados se cruzavam em alguns aspectos, mas em outros desapareciam, o que nos causou estranhamento tendo em vista a intensa participação destes indivíduos em nossas terras. O número significativo de estudos acerca dos cristãos-novos e aqueles que se dedicam à produção didática no Brasil nos ajudaram a compor o cenário proposto sem perder de vista o livro didático como parte de uma cultura material escolar e o cristão-novo, numa perspectiva de múltiplas identidades. Palavras-chave: Livros didáticos. História e ensino. Cristão-Novo. Abstract: This investigation is part of a broader research project whose objective was to discuss the presence of the New Christians in didactic books employed in Brazilian schools, and its relation to the moment when the Portuguese arrived in Brazil, being possible to detect their actions at very beginning. Yet, it seems absent in Brazilian didactic production, particularly in the most recent ones. By means of a comparative study, I have concluded that the selected manuals' narratives coincided at some points, but also diverged, a bewildering fact, given the Portuguese intense participation in Brazilian lands. The significant number of studies dedicated both to the New Christians and to Brazilian didactic production contributed to this research, which, nonetheless, did not lose sight of the didactic book as part of a school material culture and of New Christians' multiple identities. Resumen: Este estudio es parte de una investigación más amplia y tuvo por finalidad discutir la presencia de los nuevos cristianos en algunos libros didácticos destinados a la Enseñanza Fundamental y Media en el período que corresponde a la llegada de los portugueses al Brasil. Ya en este período fue posible detectar la actuación de estos personajes, algo, sin embargo, lejos de lo que la producción didáctica venía presentando, especialmente aquellas más recientes. Por medio de un estudio comparativo, constatamos todavía que las narrativas de los manuales por nosotros seleccionados se cruzaban en algunos aspectos, pero en otros desaparecían, lo que nos causó admiración, considerando la intensa participación de estos individuos en nuestras tierras. El número significativo de estudios acerca de los nuevos cristianos y aquellos que se dedican a la producción didáctica en Brasil nos ayudaron a componer el escenario propuesto sin perder de vista el libro didáctico como parte de una cultura material escolar y el nuevo cristiano, en una perspectiva de múltiples identidades. Palabras clave: Libros didácticos. Historia y Enseñanza. Nuevos Cristianos.