As vozes do progresso: os liberais positivistas na imprensa capixaba oitocentista (original) (raw)
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"Novo" paradigma do jornalismo e imprensa oitocentista no Brasil
Estudos em Jornalismo e Mídia, 2021
Este artigo coloca em discussão o 'novo' paradigma do jornalismo, proposta teórica para a imprensa oitocentista, que tende a opor informação e notícia a propaganda e opinião, a partir da análise de "notícias" publicadas no período de 1821 a 1858 pelo Diario do Rio de Janeiro (DRJ), considerado precursor do jornalismo contemporâneo no Brasil. Desta forma, o estudo pretende observar as Teorias do Jornalismo em diacronia e analisar as seções "Noticias Particulares", "Noticias Maritimas" e "Noticias Diversas" do DRJ, consultadas na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Pela Análise de Conteúdo em fontes documentais, conclui-se que as "notícias" naquele periódico extrapolam os limites teóricos do 'novo' paradigma do jornalismo, já que o DRJ publicava tipos noticiosos diversos, desde venda, troca e aluguel de bens até decisões administrativas, passando pelo resultado eleitoral e, principalmente, divulgando serviços e produtos da sociedade mercantilista luso-brasileira. Palavras-chave: 'Novo' paradigma do jornalismo. Imprensa oitocentista. Teorias do Jornalismo.
O discurso de progresso no jornal “A Voz do Povo” entre 1927 e 1937
Revista Geografia e Pesquisa, 2021
Neste trabalho, procuramos recompor memórias a partir de fontes impressas (exclusivamente do jornal A Voz do Povo) e analisar o discurso de progresso existente em seus exemplares no período de 1927 a 1937. Por se tratar de uma memória de lugar, cumpre trabalhar com a recuperação temporal e local. Por isso, surgem questões vinculadas à memória e à nossa principal fonte documental (o jornal), a exemplo de como a imprensa retratava a cidade de Ourinhos e como esse periódico retratava a população. Embora houvesse outros jornais locais que circularam no mesmo período, não há exemplares sequenciais preservados ou que não se encontrem em péssimo estado. Portanto, vemos nossa fonte como privilegiada (por apresentar sequência) para abordarmos o tema que queremos retratar. Assim, coloca-se o discurso de progresso em perspectiva a fim de tentar compreender a sociedade ourinhense do período e auxiliar na reconstrução de parte dessa narrativa histórica. Palavras-chave: história, jornais, memória, progresso, vida cotidiana. Based on the printed newspaper A Voz do Povo, this paper pieces together memories and analyzes the discourse of progress found in its issues from 1927 to 1937. Dealing with the memory of a place, we must focus on recovering a time and place, addressing issues related to memory and to our main documentary source (the newspaper), such as: how the press described the city of Ourinhos and its population, etc. Despite existing other local newspapers that circulated in the same period, we have no sequential copies preserved or they are in very poor condition. This makes A Voz do Povo a privileged source to investigate the topic at hand. By analyzing the discourse of progress present in the newspaper, we seek to understand the society in 19th century Ourinhos and help piece together part of this historical narrative.
Utopia e desencanto: trajetória dos jornalistas na imprensa alternativa gaúcha
Estudos Em Jornalismo E Midia, 2005
Este artigo é uma síntese da dissertação de mestrado intitulada Utopia e desencanto: trajetória de vida e rememoração na imprensa alternativa gaúcha que analisou as recordações de jornalistas participantes da chamada "imprensa alternativa" no Rio Grande do Sul. A partir dos depoimentos destes jornalistas, estabelecemos uma análise histórico-sociológica sobre o papel que desempenharam com militantes entre o fim dos anos 60 e início dos anos 80 no Rio Grande do Sul.
Resumo: Nesse artigo investigaremos algumas das representações que constituíram os imaginários sociais das elites ilustradas imperiais em relação às ideias de modernidade e progresso. Através da análise de caricaturas produzidas na imprensa ilustrada da corte, procuraremos compreender de que forma estas parcelas da sociedade imperial construíam suas noções de modernidade e como a aliavam à ideia de progresso. Desta forma, nos colocamos perante ao desafio de compreender um império envolto no paradoxo de apregoar a modernidade e escravista, ao mesmo tempo.
Imprensa, clandestinidade e República: uma leitura de seis jornais oitocentistas
O século XIX foi, entre muitos outros aspectos, o século do florescimento da imprensa no nosso país e um pouco por todo o mundo. Centenas de títulos invadiram o espaço público, muitos deles de curtíssima duração, outros suficientemente sólidos para se manterem até aos nossos dias. Foi o século em que o jornal assumiu um grande protagonismo no desenvolvimento da História, na dinâmica de debate da esfera pública e no incremento de novos hábitos socioculturais. Concomitantemente, foi durante esta centúria que Portugal viveu um conjunto de amplas mudanças estruturais e políticas que, de certa forma, ditaram o seu futuro próximo, nomeadamente em termos de regime político. Se, neste ano de 2010, comemoramos o centenário da República, não é menos verdade que o novo regime se foi preparando ao longo de todo o século XIX, suportado não apenas pela elite dos homens de letras mas fermentando também num espaço público que, cada vez mais, se alimentava da imprensa. Neste sentido, escolhemos para tema de reflexão um ano crucial deste século XIX - o ano de 1848 -em que um conjunto de transformações radicais invadiram os principais países da Europa ocidental, arrastando já consigo sinais de mudança de mentalidades e de regimes. Esta escolha resultou em parte da feliz coincidência de a Biblioteca Nacional ter recentemente disponibilizado em linha um conjunto de seis jornais portugueses, precisamente desse remoto ano de 1848. O interesse destas publicações reside em dois aspetos que consideramos cruciais e que serão as bases de onde partimos para a nossa reflexão: por um lado, têm em comum o facto de serem jornais clandestinos, muito efémeros, alguns de um só número, dialogando estreitamente, através dos seus sugestivos títulos, com a conjuntura política da época; por outro lado, em todos eles é veiculada a ideia de República, de republicanismo, como solução redentora para os povos. Como é do conhecimento geral, o ano de 48 do século XIX foi um ano extremamente conturbado e, em muitos aspectos, crucial para o futuro da Europa. A Primavera dos Povos 1 , como ficaram conhecidas um conjunto de revoluções sociopolíticas que assolaram o velho continente, também ecoou no nosso país. A imprensa não podia 1 Expressão por que ficaram conhecidas as vagas de revoluções europeias de 1848. Expressão utilizada por Eric Hobsbawm, na célebre obra A Era das Revoluções: 1789--1848, em que o autor defende ter sido esta uma revolução global.
NEOPENTECOSTALISMO NO BRASIL: REPRESENTAÇÕES DE REVISTA VEJA EM 1990
Na seara religiosa, a produção acadêmico-midiática até a década de 80 foi muito tímida2, e ao remeter-se ao ano de 1990, mergulhamos num caldeirão de circunstâncias e acontecimentos religiosos, que não puderam passar despercebidos pelos jornalistas e pesquisadores. Os novos pentecostais emergem num momento em que o mercado editorial brasileiro ultrapassa uma fase de grandes mudanças e adaptações. Grande parte das abordagens produzidas sobre o Movimento Neopentecostal no calor da hora, gerou várias polêmicas, pois diferentemente do que foi publicada, como sugere Freston3, não deve resumir-se primordialmente ao campo econômico, mesmo encontrando-se o Brasil numa grande crise. Para dar conta desta compreensão analisaremos as exigências destas concepções ligadas ao contexto sócio-econômico nacional, e as implicações dos meios de informação de massa entendido por Rocha4 como: “ um gênero de discurso significativo na compreensão da formação do imaginário social a acerca da ciência e sobre as formas de ser e agir na sociedade contemporânea”.
Rabelais e a imaginação licenciosa no Brasil oitocentista
Revell - Revista de Estudos Literários da UEMS, 2019
RESUMO: A partir de 1870, com a expansão do mercado editorial e o aumento da oferta de livros no Brasil, um grupo de escritores luso-brasileiros se aventurou na escrita de literatura licenciosa, com muito sucesso. Eles tomavam a obra do escritor renascentista francês François Rabelais como ponto de partida para escrever literatura picante para o novo mercado. Os escritores apoiavam-se numa tradição erudita e valorizada nos circuitos de maior prestígio social, o que facilitava sua aceitação e circulação. Em Portugal, Alfredo Gallis ganhou fama escrevendo contos licenciosos com o pseudônimo de Rabelais. No Brasil, um grupo de escritores, entre os quais se destacavam Olavo Bilac e Coelho Neto, publicaram em periódicos escritos rabelaisianos que foram reeditados em formato de livro entre 1897 e 1905. Esses livros foram esquecidos porque escapavam a definições nacionalistas de subjetividade e pertenciam a um local transnacional: a França como capital da cultura letrada no século XIX. PALAVRAS-CHAVE: François Rabelais; Século XIX; Literatura pornográfica. ABSTRACT: Beginning in the 1870s, with the expansion of the publishing market and the increase in the supply of books in Brazil, a group of Portuguese-Brazilian writers ventured into licentious writing, with great success. The writers took the work of French Renaissance writer François Rabelais as a starting point for writing spicy literature for the new market. They relied on a cultured and cherished tradition in the circuits of greater social prestige, which facilitated their acceptance and circulation. In Portugal, Alfredo Gallis became famous writing licentious stories with the pseudonym of Rabelais. In Brazil, a group of writers, including Olavo Bilac and Coelho Neto, published Rabelaisian writings in periodicals which were reprinted in book format between 1897 and 1905. These books were forgotten because they evaded nationalist 64 Doutor em Letras pela University of Texas at Austin-Estados Unidos. Realizou estágio pós-doutoral na Universidade Federal do Rio de Janeiro-Brasil e na Universidade Estadual de Campinas-Brasil. Professor Associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro-Brasil. ORCID iD: