LACCOBRIGA: ESTRUTURAS ROMANAS DE MONTE MOLIÃO (LAGOS, PORTUGAL) (original) (raw)

AS LUCERNAS ROMANAS DO MONTE MOLIÃO (LAGOS, PORTUGAL)

The archaeological work carried out in Monte Molião, Lagos, Portugal, allowed collecting a considerable number of Republican and High Imperial Roman lamps. The set exhibit an unexpected preponderance of volute series, but also some Hispanic examples, such as Tinto-Aljustrel types or Andújar. The trade dynamics reflected by the lamps are not surprising, considering that the site enjoyed a relative im- portance during the late I century and the beginning of the II. The presentation of a preliminary phasing of Roman occupa- tion of Monte Molião is legitimized by the need to integrate some artefacts.

MONTE MOLIÃO: UM SÍTIO PÚNICO-GADITANO NO ALGARVE (PORTUGAL)

Conímbriga, 2011

Monte Molião, localizado na costa ocidental do Algarve (Portugal), foi ocupado entre o último quartel do século IV a.n.e. e o século II. Da sua ocupação pré-romana existem dados sobre a arquitectura e técnicas construtivas, bem como abundantes materiais arqueológicos. Relativamente aos primeiros, destaca-se um urbanismo ortogonal, estruturado em torno de arruamentos e áreas abertas, mas também uma muito particular técnica de construção, consubstanciada no afeiçoamento e corte do substrato rochoso para implantar os alicerces das habitações e obter a base dos pavimentos. O conjunto artefactual cerâmico é composto por ânforas, cerâmica de mesa (grega e de tipo Kuass) e de uso comum, esta última produzida quer a torno quer à mão. Em todos os grupos, à excepção, como é óbvio, da cerâmica grega e da manual, as produções da Andaluzia meridional são maioritárias, o que evidencia uma profunda ligação à área gaditana, situação que tem paralelos em outros sítios do Algarve litoral, e que parece demonstrar a grande vitalidade e preponderância que a antiga colónia fenícia assume nos momentos finais da Idade do Ferro.

A CISTERNA DE MONTE MOLIÃO (LAGOS, PORTUGAL) THE MONTE MOLIÃO CISTERN (LAGOS, PORTUGAL

SPAL, 2019

Resumo: Conhecida desde o século XIX, a cisterna de Monte Molião constitui o elemento arquitectónico mais destacado do sítio e o único equipamento putativamente público ali do-cumentado até ao momento. A sua escavação em 2011 e 2014 permitiu obter importantes dados sobre a sua tipologia e as técnicas empregues na sua construção, bem como documen-tar a estratigrafia correspondente à sua colmatação. Foi assim possível determinar que esta estrutura corresponde ao modelo dito a bagnarola, de origem púnica, podendo datar-se do final da Idade do Ferro ou de Época Romana Republicana, tendo sido sujeita a reparações durante este último período. Por ou-tro lado, o último período de utilização desta cisterna parece terse verificado entre o Principado de Augusto e o reinado de Tibério, seguindo-se um período de abandono e o seu eventual entulhamento, datado pelos materiais aqui estudados da segunda metade do século I. Abstract: Known since the 19 th century, the cistern of Monte Molião is the most notable architectural element in the site and the only likely public infrastructure identified so far in this settlement. Its excavation, undertaken in 2011 and 2014, has brought to light important data about its typology and construction techniques; a complete stratigraphic sequence corresponding to its filling has also been documented. This structure can be attributed to the so-called a bagnarola model which originated in the Punic world and could have been constructed either in the Late Iron Age or in the Roman Republican period, having also been repaired in the latter period. Its last period of use, on the other hand, seems to fall within the reign of Augustus or Tiberius, being followed by a period of abandonment and eventually by its intentional filling which, based on the material studied here, can be dated to the second half of the 1 st century. Palavras-chave: estruturas hidráulicas; Algarve; época ro-mana; arquitectura púnica; arquitectura pública.

A TERRA SIGILLATA ITÁLICA DE MONTE MOLIÃO, LAGOS, PORTUGAL 1

Portugália, 2018

The extensive archaeological work carried out in Monte Molião since 2006 has shown a long diachrony of the site between the 4 th century BC and the end of the 2 nd century. The main building development that took place at the Flavi-an and Antonine times, concealed widely the previous constructions, namely the Julio-Claudian. Nevertheless, some archaeological data, such as italic terra sigillata, prove the permanence of human communities in Monte Molião that, since the Iron Age, lived there. The integrated study of this ceramic category, with the classification of ceramic fragments and respective shapes, it was taken into consideration the context of their collection, which enabled a better understanding of the consumption rhythms of the tableware in the beginning of the imperial phase, but also, to admit that the construction of some buildings may fall behind, at least, to the first half of the 1 st century. The forms of the ceramic set correspond mainly to the Haltern Service I, despite the Service II being also present, which is not frequent in Algarve or in the rest of Portuguese territory, with the exception of Alcácer do Sal and somewhat Santarém as well. Keywords-Italic terra sigillata, Algarve, Monte Molião, Roman period RESUMO Os extensos trabalhos arqueológicos realizados em Monte Molião a partir de 2006 permitiram já esclarecer a diacronia da ocupação do sítio, localizada entre o século IV a.n.e. e os finais do II. O grande desenvolvimento construtivo que se verificou na época flávia e antonina ocultou, em grande parte, as construções imediatamente anteriores, concretamente júlio-cláudias. Contudo, alguns materiais arqueológicos, como é o caso da terra sigillata itálica, comprovam a permanência no local das comunidades humanas que, desde a Idade do Ferro, aí habitavam. O estudo integrado desta categoria cerâmica, com a integração dos fragmentos nas respectivas formas, teve sempre em atenção os contextos em que foram recuperados, tendo possibilitado uma leitura dos ritmos de consumo da cerâmica de mesa do início da fase imperial, mas também admitir que a construção de alguns edifícios pode recuar pelo menos para a primeira metade do século I. As formas integram-se maioritariamente no Serviço I de Haltern, apesar de o Serviço II estar também representado, o que não é frequente no Algarve nem, aliás, no restante territó-rio português, com excepção de Alcácer do Sal e, de algum modo, de Santarém. Palavras-chave-Terra sigillata itálica, Algarve, Monte Molião, época romana 1 Trabalho realizado no âmbito do Projecto "Monte Molião na Antiguidade".

ACERCA DA INFLUÊNCIA AMBIENTAL E HUMANA NOS MOLUSCOS DO MONTE MOLIÃO (LAGOS, PORTUGAL

Resumo: O Monte Molião (Lagos) é um sítio arqueológico ocupado entre a Idade do Ferro e a época romana Imperial que está situado junto do estuário da ribeira de Benssafrim. O estudo zooarqueológico dos materiais recuperados neste sítio permitiu reconstituir as dietas das populações que nele habitaram, tendo possibilitado registar a presença de uma ampla diversidade de mamíferos, aves, peixes e moluscos. A prolixa presença de peixe (incluindo os recuperados nos tanques de salga), os restos de mamíferos marinhos (vértebras de baleia) e a abundância de moluscos marcam também este conjunto, situação que se deve, certamente, à proximidade da linha de costa. A presença de algumas espécies de aves costeiras vem reforçar a importância da utilização dos recursos ribeirinhos. É na variação das espécies de bivalves mais frequentes que se encontrou os resultados mais díspares. A diminuição acentuada de Cerastoderma edule (berbigão) no período romano republicano e aumento de Mytilus edulis (mexilhão) e Ruditapes Decussatus (ameijoa-boa), parecem indicar alterações ambientais, em que o ambiente estuarino de baixa energia, favorável ao berbigão, parece ter sido perturbado. Outra hipótese seria de ordem cultural, motivando a alteração nos hábitos de exploração dos recursos aquáticos. O facto de o berbigão recuperar a abundância de restos no período imperial parece reforçar uma hipótese ambiental transitória (tempestade ou tsunami) na perturbação da ribeira de Benssafrim. Abstract: On the environmental and human influence on the molluscs of Monte Molião (Lagos, Portugal) e archaeological site of Monte Molião (Lagos, Algarve), situated on the estuary of the River Benssafrim, was occupied from the Iron Age until the Roman Imperial period. A study of the fauna recovered from this site allowed us to reconstruct the diet of the inhabitants of Molião, registering the presence of a wide variety of mammal, bird, fish and mollusc species. e abundant fish (including the ones present in salting tanks), marine mammals (whale vertebrae), the abundant molluscs as well as the marine birds all indicate a strong maritime relation. e significant chronological variation of the three main taxa of bivalves that is interesting. A marked decrease of Cerastoderma edule (the common cockle) in the Republican period and an increase of Mytilus edulis and Ruditapes decussatus, we suggest, indicate environmental changes. e low energy estuarine environment, favorable to C. edule, seems to have been disturbed. We cannot however rule out a cultural explanation involving a change in dietary preferences for particular species or the way the aquatic environment was exploited at Monte Molião. e fact that the common cockle recovered its abundance in the Roman Imperial period corroborates the suggestion of a sudden environmental event such as a tempest or tsunami that disturbed the River Benssafrim.