Personalidade autoritária e pesquisa empírica com a escala F: alguns estudos brasileiros - José Leon Crochik (2017) (original) (raw)

Representações de autoridade por jovens argentinos e brasileiros: notas sobre uma investigação comparada

2013

Pela via de uma proposta de investigacao comparada, visou-se compreender os fatores que influenciam no reconhecimento das figuras de autoridade no ambiente educacional na contemporaneidade. Para tal fim, foram utilizados os dados relativos a Tese de Doutorado da autora que tiveram por suporte uma revisao bibliografica de orientacao multidisciplinar e a investigacao de campo propriamente dita que consistiu na aplicacao de um questionario dirigido a jovens do ensino medio em seis escolas de dois paises distintos: Argentina e Brasil. Tambem foram utilizados como instrumentos de investigacao as entrevistas em profundidade com os agentes sociais das escolas e sessoes de grupo focal com os jovens que se apresentaram voluntariamente. A amostra consistiu em 358 jovens com idades entre 15 e 23 anos, estudantes de ensino medio de escolas de gestao publica e confessional.A partir dos dados coletados pode-se concluir que a autoridade, para alem de ser uma referencia per si, e reconhecida pelo...

A pesquisa sobre o autoritarismo em Frankfurt nos anos 1960: Michaela von Freyhold e Ursula Jaerisch às voltas com a escala F

Blog do Labemus, 2022

Desde os anos 1950, o Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt (IfS) dedicou-se continuamente investigar o potencial fascista da sociedade alemã em sucessivas pesquisas empíricas. Iniciada pela pesquisa de grupos (Gruppenexperiment) coordenada por Friedrich Pollock, a série continua, na década seguinte, com a aplicação da chamada escala F (de fascismo) no contexto alemão. Concebida para os Estudos sobre a personalidade autoritária (PA), trabalho realizado nos Estados Unidos, em 1950, essa métrica foi utilizada em, pelo menos, cinco pesquisas de opinião, entre 1960 e 1972, a fim de investigar a “ideologia alemã”, como gostava de dizer Theodor W. Adorno. Alguns resultados dessas sondagens foram analisados em duas teses de doutorado publicadas pelo IfS: Autoritarismo e apatia política (Authoritarismus und politische Apathie), de Michaela von Freyhold, publicada em 1971, e Os trabalhadores são autoritários? Crítica do método da psicologia social (Sind die Arbeiter autoritär? Zur Methodenkritik politischer Psychologie), de Ursula Jaerisch, publicada em 1975. Esses trabalhos são as únicas publicações dedicadas à aplicação da escala F conduzida pelo IfS, na Alemanha nesse período.

Meio século depois, a personalidade autoritária permanece relevante

Clio, 2022

Sergio Schargel* A ascensão de movimentos de extrema-direita antidemocráticos pelo mundo trouxe consigo a edição e reedição de diversos livros sobre autoritarismo. Entre esses, o clássico de Theodor W. Adorno em conjunto com outros pesquisadores, Estudos sobre a personalidade autoritária, traduzido competentemente pela primeira vez para o português em edição da Editora UNESP. Apesar de seus mais de 50 anos, a edição em português veio em boa hora: o livro é peça essencial para se compreender fenômenos que não morreram em 1945, como o fascismo e o antissemitismo. Não sem motivo foi tema de mais de "2 mil estudos sobre autoritarismo entre os anos de 1950 e 1990" 1. Um projeto que teve início ainda durante a Guerra, com um grupo em grande parte composto por exilados, Personalidade autoritária se baseia em duas premissas básicas: o fascismo não é exclusivo da Alemanha e existem aspectos sociais e psicológicos que favorecem sua ascensão. Para realizar isso, mescla vários campos do saber. Da mesma forma que o próprio Adorno o era, este livro trafega na interdisciplinaridade, de uma forma que seu conteúdo é útil e recomendável a qualquer pesquisador interessado no pensamento da direita/extrema-direita, seja um psicanalista, um cientista político, um sociólogo, entre outros.

"BUROCRACIA DA ÉTICA": Uma análise antropológica sobre a regulação da prática da pesquisa científica no Brasil

Tese, 2019

Esta tese tem por objetivo analisar como se burocratiza e se organiza o controle da ética da prática da pesquisa, buscando entender as disputas epistemológicas, as críticas, justificações e moralidades que estão sendo colocadas em jogo pelos diferentes atores envolvidos numa controvérsia científica. A regulação da ética da prática da pesquisa é realizada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), que está vinculada ao Conselho Nacional de Saúde (CNS), integrante do Ministério da Saúde. A CONEP regula, através dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP), a avaliação ética dos projetos de pesquisa que são submetidos ao sistema através da Plataforma Brasil. Na disputa pela regulação legítima da ética da prática da pesquisa há uma demanda por reconhecimento das especificidades das pesquisas em ciências humanas e sociais, uma vez que o sistema CEP/CONEP é gerido por uma instituição em que vigoram moralidades da prática científica da área da saúde, esse processo se torna evidente na construção da Resolução CNS nº 510/2016 e da resolução sobre Tipificação da Pesquisa e Tramitação dos Protocolos. Além disso, busco colocar sob descrição como os atores que integram esse sistema o performam e avaliam os “protocolos de pesquisa” em reuniões do comitê. Desse modo, esse trabalho busca entender a relação entre as lógicas presentes na burocracia brasileira e a ética em pesquisa a partir do que nomeio de “burocracia da ética”.

Ética e Pesquisa: Autonomia e Heteronomia Na Prática Científica

Cadernos de Pesquisa, 2015

O ensaio debate, sob a perspectiva filosófica, dilemas éticos que se põem para os pesquisadores no desenvolvimento de sua prática científica no atual cenário social, que, ao mesmo tempo que é marcado por um relativismo ético universalizado, se vê interpelado pelas exigências de legitimação ética do agir. De um lado, os pesquisadores enfrentam pressões do mundo do mercado, contexto uterino em que se dá a vida humana na atualidade; de outro, são interpelados por demandas igualmente fortes de natureza moral. O presente texto discute, então, o lugar da normatividade legal na interface com a legitimidade ética, bem como a relação das determinações heteronômicas, vinculadas à lógica pragmática hegemônica na vida social contemporânea, com a sensibilidade moral que se impõe ao cientista. Busca, assim, subsidiar as discussões e as iniciativas que estão sendo conduzidas no momento pela comunidade científica nacional com vistas à elaboração e à formalização de critérios éticos para a prática i...