A Revolução de Outubro entre o paradigma e a dissidência (original) (raw)

No Labirinto de Outubro. Cem Anos de Revolução e Dissidência [introdução]

2020

"No Labirinto de Outubro. Cem Anos de Revolução e Dissidência". Lisboa: Edições 70, 2020, 360 págs. O primeiro capítulo, «Revolução, paradigma, dissidência», reflete sobre a história da ideia de revolução e os avatares contemporâneos das suas dinâmicas e ritmos. O segundo, «A construção do Outubro Vermelho», ocupa-se mais objetivamente da Revolução Russa, da sua história e da sua interpretação. O terceiro capítulo, «Edificação, violência, centralismo», segue ao encontro de três dos elementos que ajudaram a compor aquele paradigma e possibilitaram a sua imposição. No quarto, designado «Os artistas e os intelectuais», refere-se a importância da construção de uma «cultura comunista» autónoma, dotada de longo lastro e com forte dimensão internacional. No quinto capítulo, «Percursos da crítica e da alternativa», acompanham-se itinerários, questionamentos e adaptações do modelo, na perspetiva do caminho para o socialismo como um processo integrador da diversidade. Por fim, no sexto capítulo, «Dissidências e novos horizontes», apresentam-se casos exemplares de divergência orgânica e intelectual no campo da esquerda em relação ao paradigma preponderante na leitura, feita principalmente a partir do segundo pós-guerra, do impacto emancipatório da Revolução de Outubro, assim como do refluxo do seu prestígio durante os «longos anos sessenta» e depois a seguir a 1989. Dado a edição comercial estar disponível para venda, neste momento apenas é possível inserir a introdução à obra.

Os historiadores e os paradigmas

Intelligere

Não há dúvida de que Thomas S. Kuhn encorajou, com suas obras, diferentes intelectuais a questionar os cientistas e suas práticas, sobretudo no que diz respeito à utilização dos paradigmas. O historiador-cidadão espanhol Carlos Barros Guimerán é um deles, sendo o responsável pela rede digital Historia a Debate (HAD). Este artigo aborda seus escritos que sugerem um profícuo processo de reconstrução paradigmática apoiado em compromissos teóricos, metodológicos e até mesmo pessoais, todos destinados a combater o perverso mundo globalizado que nos cerca.

Dissidências (ou a democratização da “geração invisível”)

No contexto do cinema português contemporâneo a palavra censura não terá a mesma conotação que no período pré-revolucionário. No entanto, cineastas e pensadores da sétima arte nacional não deixaram de usar o termo, nomeadamente no que respeita a uma determinada censura económica que tem vindo não só a estrangular os mecanismos de financiamento à produção como também a condicionar a difusão das obras. Se esta conjuntura nos permite utilizar a designação de Geração Invisível para nos referirmos aos mais jovens e promissores cineastas portugueses, ela predispõe, por outro lado, para que sejam encontradas formas alternativas de produção, distribuição e exibição. Fazendo frente a um contexto industrial poderosíssimo, dominado pela hegemonia americana, mas com as novas tecnologias como poderosas aliadas, um conjunto significativo de autores nacionais tem vindo a tirar partido de uma crescente democratização dos meios de produção e a encontrar formas alternativas de divulgar o seu trabalho diversificado, tendencialmente híbrido, mas acima de tudo, livre.

O século de Outubro, o papel dos intelectuais e a hipótese revolucionária

Estudos do Século XX, 2023

Identificam-se neste artigo linhas de força essenciais associadas à Revolução Russa de Outubro de 1917 e ao seu impacto por mais de um século. Salientando o seu papel de natureza emancipatória de uma dimensão mundial e situada na longa duração, releva-se também a sua inscrição como acontecimento decisivo nos processos de escrita e de interpretação da história contemporânea. A partir das grandes expectativas que gerou e dos múltiplos caminhos que percorreu e propagou, articula-se em particular a sua reverberação com o imprescindível papel que nela tiveram a propaganda, a reflexão e a criação artística e intelectual, bem como a iniciativa dos seus agentes, aqui tomados como instrumentos dinâmicos da mudança política, da transformação cultural e da produção de um ideal de socialismo. Refere-se ainda, em articulação com este processo, a reformulação do próprio conceito de revolução na relação com o conhecimento histórico e com o impacto da memória, associando-lhe a importante dimensão simbólica introduzida pelo intervenção da nostalgia e da utopia. No todo, o artigo procura sublinhar e conferir um sentido interpretativo ao impacto da Revolução de Outubro no curso do século XX.

Desamparo Contemporâneo e Violência Fundamental

Psicologia em Revista

O artigo propõe uma reflexão acerca da violência e do desamparo na Contemporaneidade, por meio do referencial psicanalítico. Parte de considerações sobre a inserção moderna da crítica freudiana sobre a civilização para atestar o desamparo fundamental da condição humana, demandando um trabalho de gestão do laço social. Apresenta os modelos freudianos da estrutura social e de grupos em sua relação com os ideais para discutir sua dinâmica na Contemporaneidade, a partir da falência dos referenciais simbólicos. Caracteriza as condições de enfraquecimento institucional e de mudanças temporais nas relações intersubjetivas para definir um quadro social de deficiência da narratividade e historicidade. Discute os mecanismos subjetivos para lidar com o desamparo e as implicações de violência e negação da diferença. Defende o resgate da condição alteritária por meio da violência fundamental como condição ética para instituição de laços sociais e saída coletivas para a gestão do desamparo.