(2020) Rodrigues-Moura, Enrique. »Francisco Alves de Souza dialoga com o alferes Gonçalo Cordeiro no Rio de Janeiro de fins do século XVIII. Achegas à edição de um testemunho manuscrito de uma congregação católica de africanos Mina«. In: Romanica Olomucensia, Nr. 32, 2, 407–414. (original) (raw)
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2020
Romanica Olomucensia 32/2 (2020): 407-414 (CC BY-NC-ND 4.0) NOTES Francisco Alves de Souza dialoga com o alferes Gonçalo Cordeiro no Rio de Janeiro de fins do século XVIII. Achegas à edição de um testemunho manuscrito de uma congregação católica de africanos Mina No Brasil, poucos são os textos que se conhecem escritos por pessoas escravizadas ou já alforriadas. Pelo menos, são escassos os localizados nas bibliotecas e nos arquivos luso-brasileiros. Por isso, chama muito a atenção que um texto fundamental como o manuscrito de uma congregação católica de africanos Mina, de 1786, aproximadamente, e conhecido desde 1881, por constar no Catálogo da Exposição de História do Brasil, só tenha sido editado em 2019, graças ao atento trabalho da historiadora Mariza de Carvalho Soares. O manuscrito inclui dois diálogos escritos por Francisco Alves de Souza, «preto e natural do Reino de Makii» (13), na Costa da Mina, 1 nos quais ele dialoga com o alferes Gonçalo Cordeiro. Eis os dados bibliográficos desta muito esperada edição:
REVISTA TRANSVERSOS, 2019
O presente artigo visa a realizar uma reflexão, a partir da escrita de José Luandino Vieira, sobre os musseques de Luanda enquanto repositórios de histórias e memórias, cenários de mobilidades e deslocamentos humanos na capital angolana. Examinando algumas obras do escritor, um importante representante da literatura angolana, evidenciam-se narrativas das vivências esquecidas de uma parcela da população angolana, tendo como pano de fundo o processo de libertação do país. Através de uma perspectiva descolonial, este estudo ampara-se em um diálogo interdisciplinar entre a história e a literatura, e, ao revisitar alguns escritos clássicos da literatura angolana, busca compreender a multifacetada realidade dos moradores dos musseques de Luanda.
Gonçalo de Vasconcelos e Sousa 1 0. Introdução O uso 2 e a posse de peças de adorno masculinas e femininas em diversas localidades das Minas Gerais-Vila Rica (Ouro Preto) 3 , Vila do Príncipe (Serro) e Tijuco (Diamantina) 4 , Mariana 5 , Sabará 6 , São José (Tiradentes) e São João del Rei 7-, no Brasil, tem vindo a receber, nos últimos anos, alguns estudos que permitem ir estabelecendo juízos comparativos entre elas, sobretudo para a segunda metade do século XVIII e primeira metade da centúria seguinte. A 1 Professor catedrático da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa; investigador integrado do CITAR-Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (EA-UCP). Estudo inserido no "Projecto Aliança: Design e Inovação de produtos de joalheria em Comunidades Criativas mineiras a partir de aspectos tradicionais de sua origem portuguesa" (2015-2017), da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais, financiado pelo Programa Ciência sem Fronteiras e CAPES-Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. A nossa investigação nesse projecto visou a análise da posse de peças de joalharia nas Minas Gerais nos séculos XVIII e XIX. Agradecemos a Suely Maria Perucci Esteves e a Carmem Silva Lemos toda a colaboração durante a nossa investigação no Arquivo Histórico do Museu da Inconfidência/Casa do Pilar, em Ouro Preto. 2 Para uma leitura mais geral, vd. SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e-Entre el civil y el sagrado, el cotidiano y el esplendor del aparato: la joyería en Portugal y Brasil (1700-1820). In MEJÍAS, María Jesús, ed.-Estudios de artes decorativas: España y Portugal. Relaciones culturales y artísticas.
O fio condutor deste texto é a trajetória de um homem de cor livre nascido na vila de Mariana, no ano de 1720, tendo falecido no Reino do Congo, em data desconhecida, provavelmente no último decênio do século XVIII. Entre as Minas Gerais e o Reino do Congo, vários anos vividos em Coimbra e Lisboa demarcaram a trajetória de André do Couto Godinho. A narrativa, aparentemente excepcional, não se restringe entretanto a episódios da vida pessoal de Godinho, ao contrário, trata de coletivos mais amplos, constituindo-se, quiçá, em uma “janela privilegiada” para o mundo dos homens de cor livres em diferentes localidades do Império português, na segunda metade dos Setecentos. Assim, ao seguir os passos de André Godinho, focalizo contextos históricos que dão sentido e podem, ao mesmo tempo, ser reinterpretados à luz das possibilidades, escolhas e limitações que constituíram sua história pessoal.