Espaços de tortura da ditadura como campo biopolítico (original) (raw)
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Ecos (dialógicos) da ditadura no Brasil
Ecos (dialógicos) da ditadura no Brasil, 2019
Organizadores: Wilder Kléber Fernandes de Santana e Éderson Luís Silveira O desejo que motivou a organização dessa obra foi justamente aliar-se a muitos livros que vieram antes e possibilitar que outras obras se tornem possíveis como fogos de artifício ou como lentes para desconfiar de situações, eventos e ações naturalizadas e apáticas em nosso meio. Editora: Pimenta Cultural (2019) ISBN: 978-85-7221-046-1 (eBook) DOI: 10.31560/pimentacultural/2019.461
2015
Resumo: Em nosso trabalho abordaremos, pelo debate historiográfico, a importância da história e da memória na constituição dos lugares de memória, inserindo-os no contexto contemporâneo marcado pelo crescimento da cultura de memória, que se preocupa em guardar e preservar. Analisaremos este presente como um sintoma da relação da nossa sociedade com o tempo. Este trabalho também visa incluir os lugares de memória nos processos de reparação do legado de violações de direitos humanos cometidos por regimes autoritários. Processo que ocorre por meio da elaboração de discursos de memória e da necessidade de fundamentar caminhos para transmitir mensagens sobre o passado repressivo às novas gerações. Palavra-chave: memória, lugar de memória, ditadura militar. Abstract: In our paper we will approach the historiography debate, that is, the importance of both, history and memory, in the construction of place of memory, inserting them in the contemporary context, marked by the increasing importance of the memory culture, which is concerned with save and preserve. We will, therefore, analyze this present as a symptom of the relationship between our society and time. This paper also aim is to include the place of memory in the reparation processes regarding the legacy of human rights violation committed by authoritarian regimes. This process occurs through the elaboration of memory speeches and through the necessity of strengthening paths to transmit messages about the repressive past to the new generations. Key-words: memory, place of memory, military dictatorship.
A tortura reivindicada: como o bolsornarismo reencena o passado ditatorial em chave atualista
História da Historiografia, 2023
A chegada de Jair Bolsonaro à presidência da república deu ensejo a muitas análises empenhadas em compreender a relação do político com o passado da ditadura militar – tema fortemente reivindicado em seus discursos e falas públicas. Neste artigo problematizamos as noções de temporalidade envolvidas nesse retorno ao passado, discutindo as noções de historicismo e de atualismo e situando as falas bolsonaristas sobre a ditadura e, mais precisamente, sobre a repressão política, dentro do leque mais amplo dos discursos públicos dos militares brasileiros sobre a violência do Estado. Nossa tese é a de que Bolsonaro, embora se apresente como herdeiro dos militares que participaram da repressão política, representa uma ruptura radical em relação às estratégias discursivas desse setor. Concluímos que ele rompe um enquadramento discursivo que nega o emprego sistemático da tortura e, ao fazer a defesa explícita da violência como instrumento de poder, retoma a ditadura não como um passado, mas como um projeto inacabado, a ser atualizado no presente.
Lugares de memória da ditadura e a patrimonialização da experiência política.
ABSTRACT: Places of memory are being institutionalized in places occupied in the past by public institu- tions marked by the violence and the secret sur- rounding their activities. In the region of Bico do Papagaio, in the city of Marabá (PA) it is located the Casa Azul, where the National Road’s De- partment (DNER) worked in the 1970’s and the 1980’s, covering up its real function, because in practice the place worked as a clandestine cen- ter of torture. In Xambioá, north of Goiás state, now Tocantins state, several combats occurred in the same period. This article aims to analyze the events that took place in this site in the occasion of the episode known as Araguaia Guerrilla. This is a strategy of memory to appropriate, patrimoni- alization, musealization and turning into museums these spaces to promote the publicity of the facts covered up by the grey area of the State violence practiced during the Dictatorship of 1964. KEYWORDS: cultural heritage; places of memory; Casa Azul; Araguaia Guerrilla; transitional justice. RESUMO: Lugares de memória vêm se institucionalizando em espaços outrora utilizados por instituições públicas cujas atividades foram marcadas pela violência e sobretudo pelo segredo em torno do seu cotidiano. Na região do Bico do Papagaio, na cidade de Marabá (PA), está situada a Casa Azul, onde funcionou o DNER nas décadas de 1970 e 1980, encobrindo suas reais funções, pois consti- tuía, na prática, um centro clandestino de tortura. Em Xambioá, norte de Goiás, hoje Tocantins, hou- ve diversos combates no mesmo período. Este artigo tem por objetivo analisar acontecimentos ocorridos no âmbito do episódio conhecido por Guerrilha do Araguaia. Trata-se de uma estratégia da memória voltada para a apropriação, patrimo- nialização e musealização desses espaços, dando publicidade aos fatos encobertos pela zona cin- zenta da violência de Estado perpetrada durante a Ditadura de 1964. PALAVRAS-CHAVE: patrimônio; lugares de memória; Casa Azul; Guerri- lha do Araguaia; justiça de transição.
Da Vida que Resiste: vivências de psicólogas entre a ditadura e democracia
1. Optamos pelo uso da expressão "Civil-Militar" para enfatizar o fato de que o período ditatorial teve participação, não apenas dos representantes militares, mas também de muitos setores empresariais civis, grandes comerciantes, oligarquias, representantes das mídias, além da própria população que seguiu silente frente as violências testemunhadas.
2017
A proposta deste artigo consiste na apresentacao de um levantamento de Centros de Clandestinos de Detencao e Tortura no Brasil – os CCDT’s –, ativos durante a Ditadura brasileira, buscando desenvolver um exercicio de reflexao de como a dinâmica repressiva e a materialidade dos espacos, a partir da sua implantacao e do seu uso, enquanto ferramenta repressora exercendo influencia sobre o corpo e a mente de quem esteve ali na condicao de preso politico. Esta e uma analise que busca compreender as relacoes entre pessoas e a materialidade dos centros, possibilitando trazer a luz novos elementos sobre periodo ditatorial brasileiro, bem como contribuir para construcao de memorias materiais atraves do apontamento e da divulgacao dos crimes perpetrados pelo Estado autoritario nos CCDT’s. Por fim, apresento a analise de um desses CCDT’s, o Dopinha em Porto Alegre/RS.