The actuality of utopia on the perspective of Ernst Bloch (original) (raw)
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Possibilidade Formal nas Utopias Concretas em Ernst Bloch
Revista Opinião Filosófica, 2017
A Ciência da Lógica de Hegel determinou algumas categorias apropriadas por Ernst Bloch em sua obra Espírito Esperança. Este artigo tem como objetivo apresentar a possibilidade (Möglichekeit) hegeliana como categoria seminal no pensamento dialético das utopias. Neste sentido considera os modos de contingência (Zufällingkeit), efetividade (Wirklichkeit), possibilidade formal (formell Möglichekeit) e necessidade (Notwendigkei) que inspiraram níveis de possibilidade na ontologia de Bloch. Por fim este artigo mostra o salto ontológico da possibilidade-formal à emergência possibilidade-real da matéria e na matéria determinando uma nova significação. Na ontologia do filósofo de Tübingen, o mundo das utopias é resultado de uma consciência antecipadora nos vários níveis de possibilidades onde a totalidade de matéria é recepcionada na sua imediatidade como portadora de futuro.
Ernst Bloch Atualidade das Utopias Concretas Volume I
Ernst Bloch nasceu em 8 de julho de 1885 em Ludwigshafen, na Alemanha, no seio de uma família de origem judaica, pelo que viveu intensamente o drama dos judeus alemães do final do século XIX até o último quarto do século XX. Parece ter sido muito importante para as orientações básicas da vida do filósofo a situação geográfica especial de sua cidade natal, Ludwigshafen, um centro industrial onde viviam muitos operários, situada frente a Mannheim, cidade imperial rica em obras de arquitetura, história e cultura. Crescer entre essas duas cidades, segundo o próprio filósofo, foi determinante para a sua consciência crítica, socialista, solidária com a classe trabalhadora, cuja situação clamava por justiça em Ludwigshafen, e, ao mesmo tempo, para a sua sensibilidade humanista, ávida de cultura artística clássica, aquela que brilhava nos salões, bibliotecas e teatros de Mannheim.
Dignidade e Utopia No Pensamento De Ernst Bloch
2021
This article aims to recover historical and philosophical aspects about the foundation of the principle of human dignity and social utopias in Ernst Bloch's thought, with an emphasis on the work Naturrecht und menschliche Würde. In the first moment, we intend to investigate the finding and the Blochian principle that historically natural law had as its goal the dignity of the human person and social utopias have always had the goal of human happiness in this world. But in praxis, happiness (social utopias) and dignity (natural right) marched separately for generations. Bloch maintains a dialectical and complementary relationship between dignity and happiness. And finally, in the second moment, the currentness of the concepts of non-simultaneity and cultural multiverse is analyzed for a better understanding of Natural Law and Social Utopias in order to expand and update the thematic, critical and philosophical horizon of the Principle of Dignity Human.
Ernst Bloch e a Conversão Utópica
2021
The article aims to investigate Ernst Bloch’s approach to utopia, in particular focusing on his text The Spirit of Utopia. Beginning from Miguel Abensour’s interpretation of utopia as a form of “conversion”, and taking into account Pierre Hadot’s observations on the history of conversion as a spiritual phenomenon intersecting the both philosophy and religion, the article examines the form of utopian conversion in Bloch. The consequence of this observation consists of the possibility to approach Bloch’s philosophy, as the entire philosophical tradition, within the field of philosophy as a way of life, following Hadot’s approach. It is a philosophical way, typical of Antiquity, though present also in Modernity, characterized by techniques and practices of writing aiming, more than to a theoretical understanding of phenomena, to a transformation of the practices of living. By recovering this philosophical approach, Bloch opens the way to a political spirituality in which the transforma...
Ernst Bloch Utopias Concretas e suas Interfaces Volume II
Na grande enciclopédia de utopias, que é a obra O Princípio Esperança, Ernst Bloch debruça-se sobre os sonhos de uma vida melhor, tematizando-os desde os pequenos sonhos diurnos até as mais robustas e elaboradas construções do "esperar para além do dia que aí está" (PE, I, p. 21). As utopias técnicas chamam a atenção na obra blochiana, precisamente pelo apelo imediato que o uso de ferramentas possui em nosso dia a dia. Como bem lembra o autor, já no início do capítulo 37, Vontade e Natureza, as utopias técnicas, "a pele nua nos força decididamente a inventar" (PE, II, p. 180). Não obstante a afirmativa blochiana de que "o ser humano é o único animal fabricante de ferramentas" tenha se mostrado equivocada após as posteriores descobertas da primatologia 2 , parece indiscutível que nossa espécie seja, de fato, a que dedique mais tempo de sua vida "trabalhando as coisas e projetando melhorá-las". O conceito de técnica, em Bloch, delineia-se como o ato de invenção de ferramentas que expande os poderes do corpo humano: "inventar significa obter forças e conforto adicionais a partir de substâncias orgânicas ou inanimadas exteriores ao corpo". Nesse sentido, parece que técnica não diz respeito às habilidades que o ser humano pode ter a
Ernst Bloch e a felicidade prometida - utopia e música (Filosofia e felicidade, 2004)
Conhecido e admirado por um grupo bastante numeroso de estudiosos, com muitas teses acadêmicas que lhe têm sido dedicadas, na Alemanha como em outros países da Europa e América do Norte e, mesmo, algumas, no Brasil, Ernst Bloch, contudo, não tem estado presente nas discussões predominantes da academia e da mídia neste começo de século XXI e, se nos anos da moda do marxismo podia parecer demasiado utópico ou herético para os ortodoxos da doutrina do socialismo científico, em tempos de pós-modernismo e pósmarxismo mantém um discreto lugar à margem, pelo que me parece interessante, ainda hoje, ao abordar um aspecto de seu pensamento, começar pela apresentação do filósofo, sua vida e sua obra. Ernst Bloch nasceu a 8 de julho de 1885, em Ludwigshafen, Alemanha. Filho de uma família de origem judaica, viveu intensamente o drama dos judeus alemães no século XX. Por outro lado, a situação geográfica especial de Ludwigshafen, frente a Mannheim, segundo ele próprio viria a afirmar, influenciou sua consciência ao mesmo tempo socialista, solidária com a classe operária, cuja situação era clamorosa na Ludwigshafen industrial, e humanista, ávida da cultura artística clássica, esta que brilhava nos salões da Mannheim imperial. Bloch estudou Música, Filologia, Física e Filosofia: de 1908 a 1911, em Berlim, onde foi colega de Georg Simmel; de 1911 a 1914, em Heidelberg, onde foi aluno de Max Weber e colega de Karl Jaspers e Georg Lukács, com quem desenvolveu longa afinidade. Humanista e socialista, pois, durante a primeira guerra mundial, Bloch se recusou a lutar, exilando-se na Suíça. Casou-se pela primeira vez com Else von Stritsky, russa de origem aristocrática, de profundas convicções religiosas, que morreria precocemente, em 1921. Em sua única obra até hoje traduzida para o português -Thomas Müntzer, teólogo da revolução, o filósofo mostra seu entusiasmo com o misticismo cristão, tão forte na Rússia, e com os novos caminhos sociais e políticos de dimensão messiânica trilhados pelo povo russo naqueles anos da Revolução de 1917, sendo estes elementos evidentemente aliados a um pathos doloroso, que expressa, de algum modo, o luto recente. Após a República de Weimar e com o advento do nazismo na Alemanha, em 1933, começa um longo período de exílio -Zürich, Viena, Praga e, finalmente, em 1938, os EEUU, onde a segunda esposa, Karola Bloch, arquiteta, providenciaria o sustento da família. Terminada a segunda guerra mundial, em 1949, Bloch pôde escolher entre a Universidade Goethe, de Frankfurt, na Alemanha ocidental, e a Universidade Karl Marx, em Leipzig, na Alemanha oriental, tendo optado por esta, coerente com seus ideais socialistas. Todavia, suas idéias eram demasiado livres e originais, demasiado "idealistas" para o gosto da ortodoxia do partido comunista da então DDR e, após a repressão da rebelião da Hungria em 1956, quando se manifestou solidário com o povo húngaro e contra a intervenção autoritária, o filósofo e seus discípulos passaram a ser vigiados, impedidos de falar, perseguidos, por isto, em 1961, por ocasião de uma licença para visitar amigos, a família
O dever ser nos limites do ser ainda não: Direito e Utopia em Ernst Bloch
Revista Crítica do Direito, Número 4 - Volume 64, pgs. 32 e ss, 2014
O ensino jurídico no Brasil passa por uma crise de seus paradigmas científicos com evidentes reflexos na prática forense. Há um claro descompasso entre um discurso de consideração dos objetivos sociais do texto constitucional e uma atividade jurídica “neutra”, centrada no positivismo normativista, que favorece a manutenção de um status quo de desigualdades materiais. Nesse contexto, a revisitação de autores ligados a tradição materialista da filosofia e preocupados com a transformação social tem o condão de construir uma prática jurídica emancipadora do homem. O conceito de Utopia em Ernst Bloch traz a potencialidade de transformar o ser-ainda-não constitucional em realidade.