Camponeses e a predisposição à revolta (original) (raw)

A Resistência Camponesa Para Além Dos Movimentos Sociais

REVISTA NERA

Os camponeses têm construído seu lugar social por meio de lutas e resistências e os movimentos sociais tornaram-se paradigmáticas na realização e interpretação destas lutas. Entretanto, os camponeses também têm demonstrado capacidade de resistir a dominação e imposição das relações capitalistas de produção por meio de outras manifestações e práticas sociais não necessariamente hegemonizada pelos movimentos sociais. Neste sentido, o território e as forças locais se erguem como possibilidade de construção da autonomia camponesa.

Resistencias camponesas em tempos de pandemia

2020

Este ensaio apresenta algumas reflexões sobre a situação pandêmica e as resistências camponesas para enfrentá-la. Inicialmente, abordamos questões sobre o Antropoceno/Capitaloceno/Plantationoceno e como esse modelo está estreitamente atrelado à colonialidade, constitutiva da modernidade eurocentrada. O sistema mundo colonial moderno estabeleceu processos de usurpação da terra e a transformação dela em mercadoria. Como contraposição a esse processo, aportamos neste texto as lutas pela terra, realizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e que, no contexto atual, foram reforçadas por ações de solidariedade, efetivadas pelas(os) seus integrantes junto a diferentes coletivos por intermédio da doação de alimentos e de outros produtos da terra. Consideramos que as ciências sociais e humanas têm um papel importante para a visibilidade dessas formas de resistência que coletivos do campo, das águas e das florestas, evocam.

Educação Do Campo e Resistência Camponesa

PEGADA - A Revista da Geografia do Trabalho

Apresentamos uma reflexão acerca da prática da Pedagogia da Alternância desenvolvida na Escola Família Agrícola Rosalvo da Rocha Rodrigues (EFAR). Como práxis pedagógicas em Educação do Campo, possui vínculos com a Educação Popular Freireana ao se contrapor ao projeto capitalista de educação, formando camponeses em técnicos agrícolas que contribuem com a emancipação dos sujeitos excluídos e subalternizados por meio da organização e fortalecimento da identidade de classe para os processos sociopolíticos de resistência territorial. Este artigo analisa a experiência quanto política/escola pelo método dialético, partindo-se da história concreta de luta da conquista da terra. As metodologias utilizadas foram a discussão teórica e a pesquisa de campo da EFAR, onde entrevistamos educadores, educandos e gestores.

Política de colonização agrícola e o protesto camponês

Ensaios Fee, 1985

o objetivo deste texto é a análise da política de colonização agrícola como um dos grandes projetos de desenvolvimento propostos pelo Estado militar autoritário no Brasil após 1964. Gostaríamos de assinalar, ao mesmo tempo, o papel dos programas de colonização no conjunto do modelo agrário brasileiro e os protestos dos camponeses diante desses programas. A política de colonização, implementada pelo Estado como resposta ao movimento camponês que reivindica o acesso à terra, foi sempre denunciada pelos camponeses e pelos trabalhadores agrícolas, não só pela ineficácia dos programas em atingir seus objetivos sociais, mas sobretudo pela falsa solução que eles trazem para a questão agrária. Seguindo os movimentos sociais pela democratização do regime político, os movimentos camponeses reintroduzem a proposição de reforma agrária como uma das soluções da atual crise sócio-econômica brasileira. A política agrícola dos governos autoritários definiu como objetivo a modernização da agricultura, e para atingi-la muitos instrumentos econômicos foram utilizados: crédito agrícola, incentivos fiscais, política de sustentação de preços mínimos, etc. Os resultados, depois de quase duas décadas, foram a subordinação da agricultura aos complexos agroindustriais, a tecnificaçâo do processo de trabalho agrícola, o crescimento da produção para o mercado externo, o incentivo à média propriedade e a crise de reprodução da pequena propriedade. Neste quadro, o regime autoritário, aproveitando-se da grande extensão de terras píiblicas que estavam disponíveis no fim dos anos 60, estimulou a ocupação da Amazônia. Nós precisamos então nosso sujeito de estudo no conjunto de um processo geral de ocupação de novas terras, marcado pela expansão da grande propriedade 'Comunicação no colóquio "GrandsProjets Industrieis et Agricoles et Endettement"-GREITD

Camponeses e a história da ditadura em São Paulo

Desenvolvimento territorial e questão agrária, 2016

A História social do campo brasileiro da época pós-segunda guerra mundial ainda resta ser escrita. De fato, poucos historiadores investigaram seriamente o período pós-abolição da história agrária do país, abandonando a narrativa do século XX para os cientistas sociais fazerem, especialmente os geógrafos e sociólogos. Porém os movimentos sociais e sindicais do campo tomaram vantagem do cinquentenário do golpe de 1964 para insistir na inclusão da experiência camponesa durante a Ditadura. Envolvidos em diversas investigações nas comisissões da verdade dos estados e da nação, historiadores vêm contribuindo dados e um arquebouço para ajudar entender o período. O artigo oferece uma analise do processo bem como nova pesquisa sobre a História social do campo contemporâneo do estado de São Paulo de 1946 a 1988.

Camponeses: um olhar nos primórdios da modernidade

Resumo: O artigo busca analisar o camponês a partir da modernidade e a forma como a historiografia o percebe. Contempla-se, na análise, a Guerra dos Campo-neses na Alemanha em 1525, e discutem-se no contexto as ações de Martinho Lutero e Thomas Müntzer. Resumen: El artículo busca analizar el campesino a partir de la modernidad y la forma como la historiografía lo percibe. Se contempla en el análisis, la Guerra de los Campesinos en Alemania en 1525, y se discuten, en el contexto, las acciones de Martinho Lutero y Thomas Müntzer. Abstract: This article seeks to analyze the peasant/small farmer based on modernity and on the way that historiography has perceived them. In the analysis, the Peasant's War in Germany in 1525 is contemplated and the actions of Martin Luther and Thomas Müntzer are discussed in this context.

CAMPONESES E A PREDISPOSIÇÃO À REVOLTA: QUEM PARTICIPA ATIVAMENTE DOS CONFLITOS AGRÁRIOS?

A literatura internacional que trata de revoluções agrárias discorda sobre qual categoria de camponeses se rebela. Alguns estudiosos frisam que o grupo dos sem-terra (arrendatários, trabalhadores rurais e invasores) é o precursor da revolução agrária de massas, en-quanto outros dão ênfase aos pequenos proprietários como tendo um papel revolucionário proeminente. A pesquisa abrange esse tema e tenta encontrar o perfil revolucionário do camponês. Apesar da relevância do papel do líder ser mencionado neste texto, o estudo em questão focaliza as massas rurais como precursores da revolução, e quais atores dentro delas são os revolucionários de facto. No final, conclui-se que parte de ambos os grupos se rebelam. Somente camponeses de classes mais baixas, que possuem uma relação patrão-cliente com os latifundiários não se rebelam. The literature on agrarian revolutions dissent on which category of peasants rebels. Some scholars assert that the landless group (tenants, sharecroppers, rural workers, and squatters) is the precursor of the agrarian masses revolution, while others stress the small landholders with this revolutionary task. This article deals with the rebel profile. Despite the relevance of the leadership, this study focuses on the masses as the precursor of the revolution, and who within the masses are the de facto revolutionaries. At the end, the conclusion is that part of both groups rebel. Only lower classes peasants that have a patron-client relationship with landlords do not rebel.

Reconstruindo Memórias Traumáticas: Camponeses e o Regime Militar

2015

Por meio de trajetorias de camponeses perseguidos, presos, torturados e assassinados, pode-se conhecer um tanto da singularidade da repressao ocorrida no campo no periodo compreendido entre 1962 e 1985, quando as violacoes contaram com a cobertura e o estimulo oficial, a partir de compromissos de classe que aliavam grandes proprietarios de terra e empresarios rurais ao governo militar. A lei da violencia que caracterizava as praticas privadas vinha ao encontro dos interesses do regime a fim de barrar a organizacao crescente dos trabalhadores do campo. O presente artigo descreve o percurso de uma pesquisa, conduzida desde 2010, sobre as violencias sofridas pelos trabalhadores no campo durante o regime militar no Brasil. Posteriormente, com as investigacoes realizadas pela Comissao Nacional da Verdade, pelas comissoes locais e setoriais, e, especialmente, pela Comissao Camponesa da Verdade, desvendou-se novas facetas das violencias praticadas contra os camponeses no periodo que antece...

Resistência camponesa

Raízes: Revista de Ciências Sociais e Econômicas, 2016

Este artigo tem como objetivo comparar, em termos teórico-metodológicos, dois enfoques de análise da resistência camponesa em comunidades rurais. As duas perspectivas aqui analisadas, ora concordantes ora divergentes, foram formuladas por James Scott, que estudou comunidades na Ásia; e por Jean Hébette, que pesquisou na Amazônia oriental brasileira, ambos no último quartel do século XX.

A escala da luta e resistência camponesa

Geosul, 2010

As lutas camponesas no Brasil são realizadas por meio de sindicatos, entidades, associações e principalmente, movimentos sociais. O exemplo mais significativo de luta no campo é aquela desenvolvida pelo MST. Entretanto, os camponeses também têm demonstrado capacidade de resistir a dominação e imposição das relações capitalistas por meio de outras manifestações e práticas sociais não necessariamente hegemonizada pelos movimentos sociais. Neste sentido, o território e as forças locais se erguem como possibilidade de construção da autonomia camponesa.