O turismo industrial como potenciador do desenvolvimento local – estudo de caso do Museu do Vinho de Alcobaça em Portugal (original) (raw)
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O presente trabalho tem como objectivo a apresentação de um conjunto de noções e conceptualizações de princípio inerentes ao incremento de um programa e modelo de gestão para o Museu do Vinho de Alcobaça potenciando a dinamização cultural e o desenvolvimento local. A partir da metodologia dedutiva, é avançada uma reflexão teórica sobre a revitalização e a redefinição do turismo industrial ligado à vitivinicultura tendo como propósito desenvolver acções inovadoras potenciando a conservação do património museológico vinhateiro. Tendo como enquadramento os antecedentes históricos do museu que compreendem a sua génese institucional e territorial, bem como a sua recente passagem para o quadro de administração municipal, a explanação teórica é fundamentada a partir das noções de enoturismo e turismo industrial enquanto elementos diferenciadores e potenciadores do desenvolvimento local. É concluído que a noção de território como referencial identitário (autenticidade territorial) torna-se fundamental ao sucesso de um programa museológico indutor de desenvolvimento sustentado partindo de um processo de transformação social e económica, envolvendo um conjunto de discursos e práticas de mudança, não meramente representativos da memória ou imobilizados no desígnio da identidade local.
Silva, C. & Saragoça, J. (coords.), Cooperação, Território e Rede de Atores: Olhares de Futuro, Universidade de Évora, 2013
A cultura e o património representam recursos competitivos para os territórios, susceptíveis de dinamização por via do turismo, com consequências ao nível do desenvolvimento local. Em territórios marcados por uma forte interioridade e ruralidade, o turismo pode representar uma forma de potenciar os valores locais, induzindo o desenvolvimento, e tem sido encarado nos últimos anos, por diversos autores, como uma atividade passível de contribuir para a reconversão de uma situação caracterizada pela depressão económica e demográfica de muitas zonas rurais, capaz de dinamizar a economia, gerar emprego e contribuir para a fixação das populações. Este artigo tem como propósito central explorar as temáticas do desenvolvimento local por via do turismo, da ruralidade e do impacto que uma atração pode ter na visibilidade e atratividade de uma pequena localidade marcadamente rural – Favaios. Esta aldeia localiza-se numa região reconhecida internacionalmente pela UNESCO pela genuinidade e caráte...
Museu do Vinho de Alcobaça: património, economia, desenvolvimento
O Museu do Vinho de Alcobaça, originalmente denominado Museu Nacional do Vinho, é o maior e mais completo museu do vinho português. É também o único com enfoque nacional uma vez que é nele que está conservado o riquíssimo espólio vitivinícola da antiga Junta Nacional do Vinho (J.N.V.) e do actual Instituto da Vinha e do Vinho (I.V.V.). Esta herança dá-lhe uma centralidade inequívoca no panorama nacional. Igualmente a sua dimensão arquitectónica (cinco edifícios técnico-funcionais) e coleccionista (mais de 10.000 peças dos mais variados contextos e tipologias) confere a este museu uma diferenciação qualitativa, não somente relativamente ao contexto nacional mas, inclusivamente, a nível internacional. É seguramente um dos maiores e mais completos do mundo. Um compósito da cultura material e imaterial do vinho português que atravessa vários conceitos de museu: museu etnográfico, museu industrial, museu histórico, museu do trabalho, museu de arte, museu da arquitectura. O museu, concebido com uma matriz muito completa e abrangente, vai muito além da simples documentação dos processos e das técnicas de produção, configurando a sua organização museológica num verdadeiro repositório popular da cultura do vinho português. A sua grande vitalidade baseia-se deste modo na autenticidade do seu património histórico, que por sua vez vai da máquina e das alfaias agrícolas às expressões mais sociais, culturais e artísticas. É precisamente esta matriz popular associada à sua dimensão patrimonial de grande escala e qualidade intrínseca que fazem deste museu uma referência obrigatória para todos aqueles que se interessem pelo património do vinho em Portugal. Estamos perante um museu de identidade cujo cunho lhe é conferido pelo produto agrícola de maior expressão nacional: o vinho.
Rotas de turismo industrial: Criação de valor através do património industrial
2018
O objetivo proposto do presente trabalho e o de fazer uma analise teorico-conceptual com base em literatura publicada para investigar as potencialidades dos elementos patrimoniais industriais e a forma como estes podem criar ou cocriar valor para um destino turistico atraves da integracao do patrimonio nas rotas de turismo industrial. O estudo insere-se no âmbito do turismo cultural e esta focado no turismo e patrimonio industriais pelo que ir-se-a tentar compreender como o patrimonio industrial potencia a criacao de valor ao mesmo tempo que melhora a imagem e o reconhecimento cultural de um destino industrializado.
Fatores Intensificadores da Experiência Turística: O Caso do Mercado Medieval de Óbidos, Portugal
2020
portuguesO presente estudo examina o Mercado Medi-eval de Obidos (MMO), Portugal, visando evi-denciar alguns aspetos relevantes da gestao e co-criacao da experiencia turistica em eventos de re-criacao historica. Partindo de uma revisao da li-teratura sobre conceitos centrais e da observacao das interacoes no seio da organizacao do evento, foi elaborado um Modelo de Gestao de Experi-encias em Eventos de Recriacao Historica, ser-vindo de grelha de leitura ao processo de cocria-cao do certame como um todo. Adotou-se como instrumento analitico a Pirâmide da Experiencia Turistica (Tarssanen e Kylanen, 2005) com o objetivo de examinar fatores de intensificacao da experiencia que levam a incorporacaode valores da comunidade por parte dos visitantes. Neste estudo de caso conclui-se que os principais fato-res de intensificacao da experiencia turistica sao o envolvimento, a percecao de autenticidade e os sentidos ludico e educacional. EnglishThis study is dedicated to the Medieval Mar-ket of ...
Sines: Território de Turismo Industrial – Inovar para a Sustentabilidade turística
Cadernos de Geografia, 2020
O projeto “Sines – Turismo Industrial Sustentável” (STIS), operacionaliza o conceito de TI (TI) num dos concelhos, industrial e economicamente, mais dinâmicos do País. Dotado de um dos mais importantes portos de águas profundas da Europa, refinarias, centrais elétricas e indústrias altamente especializadas, beneficia ainda de um enquadramento natural de rara beleza, com as suas praias integradas num Parque Natural. O TI apresenta-se como um produto complementar ao principal produto turístico deste território, o “Sol & Mar”, maximizando as estruturas existentes, compatibilizando duas atividades aparentemente antagónicas – o Turismo e a Indústria - e aproveitando a crescente procura por experiências diferenciadas no campo do lazer em busca de mais conhecimento e retorno por parte do público em geral, contribuindo, simultaneamente, para esbater a sazonalidade, uma das principais ameaças à sustentabilidade. Este trabalho tem como objetivo contextualizar teoricamente o TI no âmbito de um...
A presente proposta de reflexão pretende, em 1º lugar, relacionar os conceitos de museologia e de turismo, através de uma análise crítica dos documentos referenciais neste domínio, enfatizando as circunstâncias que se prendem quer com a prática turística, quer com a experiência museológica, assim como com as actividades em que ambas as áreas se envolvem. Verifica-se que turismo e museologia são hoje conceitos bastante interligados e portanto as suas actividades são conciliadas para a prossecução de determinados objectivos. Por outro lado, evidenciam-se também os antagonismos entre estas práticas, assim como alguns riscos, vantagens e desvantagens da sua correlação. Actualmente o turismo estende as suas práticas às mais variadas áreas, procurando sempre encontrar novas actividades, locais e mercados. Assim o museu pode ser assumido como um produto turístico preferencial, na medida em que concentra todo um conjunto patrimonial, que para o turista pode significar um contacto mais rápido e eficaz com a cultura de um povo. No panorama actual em que o turista cultural pretende conhecer mais e viver novas experiências, faz todo o sentido o investimento neste tipo de equipamentos, no sentido de aproximar as estruturas museológicas em relação aos visitantes. O contacto com o património cultural, enquanto objecto de desejo dos turistas, tem sido fomentado, de tal forma que os produtos de turismo cultural multiplicam-se, evidenciando que qualquer local pode ter uma história para contar e pode ser um foco (de maiores ou menores dimensões) de turismo cultural. É portanto pertinente efectuar uma análise do papel dos museus perante esta situação, verificando como a sua actuação pode ser importante no panorama turístico e no panorama cultural. Num segundo momento desta reflexão, pretende-se investigar a realidade museológica da Região Oeste, enfatizando como casos de estudo os concelhos de Óbidos e Caldas da Rainha (Museus da Rede de Museus e Galerias de Óbidos; Museu José Malhoa e Museu de Cerâmica, respectivamente), com os objectivos essenciais de verificar como estas instituições se assumem perante os visitantes e como se relacionam com a actividade turística. Perspectiva-se uma análise das estruturas destes museus para verificar se são aplicados os pressupostos referidos na primeira parte desta reflexão, tais como as técnicas de marketing na museologia, ou a assunção de museus como espaços de lazer interactivos.