TESE A direita estudantil no Rio Grande do Sul entre a democracia e a ditadura 1961 1968Mateus da Fonseca Capssa Lima (original) (raw)

A DOPS e a vigilância política do movimento estudantil paranaense durante a ditadura civil-militar

Revista HISTEDBR On-line, 2012

Este artigo é resultado de uma pesquisa realizada nos arquivos da Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) do Paraná, em particular, junto aos documentos referentes à organização dos estudantes paranaenses, examinando a documentação relativa a União Paranaense de Estudantes Secundaristas (UPES). O objetivo deste trabalho é elucidar a forma como a polícia política agia em relação ao movimento estudantil paranaense secundarista e ainda como o pensamento político de direita esteve presente na atuação estudantil durante o período da ditadura civil-militar (1964-1984).

A Frente da Juventude Democrática contra a esquerda estudantil durante a greve universitária de 1962

Entre o fim do Estado Novo e o golpe civil-militar de 1964, diferentes forças políticas exerceram controle sobre a diretoria da União Nacional dos Estudantes (UNE). Durante a segunda metade dos anos de 1940, a mais forte delas foi o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que elegeu os presidentes da UNE entre os anos de 1947 e 1949. Já na primeira metade dos anos de 1950, os estudantes da União Democrática Nacional (UDN) predominaram na diretoria da entidade, sustentando a eleição de todos os presidentes da UNE durante o período que se estende de 1950 a 1955. No ano seguinte, quando se reuniu o 19º Congresso Nacional dos Estudantes, a chapa udenista, que representava a situação, intitulada Resistência Democrática, obteve 280 votos. A da oposição, simbolicamente nomeada como Renovação, obteve 286 votos, vencendo o pleito e rompendo o período de predomínio das forças de direita (POERNER, 1995:169-172.). Para somar os seis votos de vantagem da Renovação, foi necessária uma aliança que envolveu setores nacionalistas, comunistas, socialistas, cristãos e trabalhistas (MARTINS FILHO, 1987:41) numa única frente de oposição. Do conjunto dessas forças, surgiu uma aliança que revelou os comunistas e os universitários católicos como os principais atores do meio universitário. Nesse primeiro momento, pelo menos até 1960, os comunistas parecem ter conseguido se sobrepor às demais forças. Já no ano de 1961, os cristãos de esquerda, organizados na Juventude Universitária Católica (JUC), obtiveram maior número na votação do 24º Congresso 1 , tornando-se a força predominante na diretoria da entidade. Nessa perspectiva, é possível afirmar que a UNE foi um canal de expressão de diversos grupos políticos. No entanto, para além do predomínio de uma ou outra força, houve a coexistência entre elas, tanto no interior da entidade, como no conjunto do movimento estudantil, assim como diferentes experiências associativas e políticas que se organizaram no interior das instituições de ensino. Essa diversidade já foi indicada por diversos autores e é importante para conceituar que o movimento estudantil não é imutável, e em diferentes * PPGH Mestrando/UNESP -Assis. Bolsista CAPES. 1 A chapa encabeçada por Aldo Arantes, estudante da PUC-RJ, contou com o apoio dos estudantes do PCB.

Tese de doutorado: O movimento estudantil e a transição democrática brasileira: memórias de uma geração esquecida

LACERDA, Gislene Edwiges de. O movimento estudantil e a transição democrática brasileira: memórias de uma geração esquecida. 2015. 216f. Tese (Doutorado em História Social). Programa de Pós-Graduação em História Social, Instituto de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015. Esta tese aborda a trajetória do movimento estudantil durante a ditadura militar brasileira, no período entre 1973 e 1985, analisando o papel deste grupo no processo de transição democrática a partir das memórias de seus ex-militantes. A reorganização do movimento estudantil e a nova tática na luta política nos anos 1970, designou a ele o pioneirismo no retorno às manifestações de ruas pós-1968, sendo o ano de 1977 o momento auge deste processo. As mobilizações do movimento estudantil envolveram os demais movimentos sociais que, unidos pela bandeira das liberdades democráticas, foram responsáveis por alargar os limites impostos pelo projeto de abertura “lenta, gradual e segura” proposto pelos militares. No entanto, o período da transição democrática ainda se constitui como um campo em disputa na memória sobre a Ditadura. As narrativas estudantis da geração da transição demandam pelo seu reconhecimento no tempo presente, demonstrando um ofuscamento da importância política dos estudantes neste contexto. O esquecimento desta geração é reflexo do modelo de transição pactuada vivenciado no Brasil e do processo de construção da memória sobre a Ditadura, marcado pelas políticas de memória do Estado, por ações de memória do próprio movimento e por produções memorialísticas sobre o movimento estudantil da transição em curso desde os anos 1970.

" ESTUDANTES DEMOCRÁTICOS " : A ATUAÇÃO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL DE " DIREITA " NOS ANOS 1960

RESUMO: A intenção deste artigo é apresentar os atos de uma juventude estudantil de " direita " , com um exame intermediado pelas ações feitas pelos seus pares etários de " esquerda " , nos anos 1960, no Brasil. Esse estudo foi possível por meio da análise do conteúdo de uma revista educacional mensal, conservadora, publicada pela Editora do Brasil S/A, editora que alçou o posto de principal produtora de livros didáticos do país, em 1972. Para depreciar uma juventude estudantil que atuava politicamente nas ruas, este periódico fez emergir a atuação de outro grupo estudantil, considerado por eles " saudável " e " bom " que, ao seu modo, também agiu politicamente, fosse atuando com práticas diversificadas, fosse ficando em silêncio. Palavras-chave: Movimento estudantil. Juventude. Pensamento Conservador. " Democratic Students " : the actions of the " right-wing " student movement in the 1960s ABSTRACT: This article aims to show the actions of right-wing young students, in the 1960s, in Brazil, through the analysis of the actions taken by their " left-wing " colleagues with the same age as them. This work was possible through the analysis of the content of a conservative monthly issue educational magazine, published by Editora do Brasil S/A, a publishing house that acquired the position of the main textbook publisher in the country, in 1972. To belittle the young students who acted politically on the streets, this magazine made another student group arise, which was considered by them as " healthy " and " good " who, in their own way, also acted politically, either through diversified practices, or silently.

Movimento estudantil, reforma educacional e vigilância do Estado: estudantes paranaenses fichados pelo DOPS , 1961 – 1964

Revista de História Regional, 2013

Ao se centrar no material e nas experiências educativas, culturais e políticas, produzidas entre 1961 e 1964, encontramos um dos períodos mais férteis dos movimentos políticos e populares. Foi na década de 1960, em meio a intensos debates e mobilizações, que o movimento estudantil e outros segmentos da sociedade passaram a reivindicar, de modo mais intenso, uma reforma educacional para o país. As ações realizadas pelos estudantes, neste contexto, foram vistas pela polícia política como uma ameaça à segurança pública, fazendo com que o movimento fosse estigmatizado como subversivo. Esta polícia-criada no período da ditadura do Estado Novo-ao desempenhar uma função preventiva, com o intuito de coibir reações políticas adversas à ordem, desenvolveu um arquivo documental para poder funcionar, já que uma de suas estratégias de ações era o gerenciamento de informações. O acervo desta polícia política, denominada Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS)-localizado no Departamento Estadual do Arquivo Público do Paraná-registra como os estudantes foram observados pela polícia política paranaense e como se desenrolou a luta/atuação dos estudantes em favor de reformas estruturais para o país, a partir das mobilizações ocorridas no Paraná, fi chadas e vigiadas pela DOPS estadual, no período de 1961 a 1964. Palavras-chave: Movimento estudantil. Vigilância política. DOPS. Reforma universitária. Paraná.

A Reforma Universitária Como Política Estudantil: A Uee Na Luta Universitária No Rio Grande Do Sul (1960-68)

Revista TOMO, 2011

São Cristóvão-SE Nº 18 jan./jun. 2011 resumo este trabalho se propõe a analisar a inserção e o desenvolvimento de uma política estudantil no Rio Grande do Sul, pautada no Movimento pela Reforma Universitária. No início da década de 1960, via União Nacional de estudantes (UNe), foi introduzida a temática da reforma, cuja difusão no estado dar-se-ia em ação conjunta com a sua entidade local, a União estadual de estudantes (Uee/RS). Seus desdobramentos passam pelas suigeneris transformações institucionais-diretório estadual dos estudantes (dee)-em que novas formas de ação e reivindicação estudantil se desenvolvem com roupagens e conteúdos diferenciados até fins de 1968, quando é instaurada uma política pública, a Lei Universitária Nº 5.540. Considerado um marco na história do Movimento estudantil Brasileiro, o período (1960-68) diferencia-se também pelo seu contexto político dicotômico, cujos efeitos modernizadores incidiram sobre o Sistema Universitário Brasileiro.