Por uma política do co-passionamento: comunidade e corporeidade no Modo Operativo AND (original) (raw)

O corpo entre a ação e a contemplação na sociedadelaboratório

Pro-Posições, 2010

Os estudos do corpo prosseguem com grande relevância para a pesquisa contemporânea em educação e arte. Atravessado por uma miríade de referências teóricas e práticas, perfurado e transfigurado a partir de uma perturbadora combinação entre natureza, sociedade, ciência e tecnologia; mergulhado num campo de tensões no qual se aproximam, se distanciam ou se sobrepõem conceitos e categorias como o sujeito, o objeto e a imagem, o corpo, que é mente incorporada e compreende um "observador livre" ao mesmo tempo, precisa ocupar um entrelugar a partir do qual seja possível resistir à perda de unidade, organicidade e integridade.

Jogo das perguntas: o modo operativo "AND" e o viver juntos sem ideias

Fractal : Revista de Psicologia, 2013

O jogo das perguntas "como viver juntos?" e "como não ter uma ideia?" compõe o Modo Operativo AND, sistema que emergiu da contaminação recíproca entre a Composição em Tempo Real e a Etnografia como Performance Situada. No plano "como viver juntos?", o jogo tem o ritmo da improvisação coletiva em tempo real - podendo ser jogado no interior de qualquer acontecimento quotidiano ou ser praticado de modo laboratorial. No plano "como não ter uma ideia?", o jogo assume o ritmo da investigação solitária e a temporalidade da depuração: é o jogo que jogamos ao executar uma tarefa ou criar uma obra, em qualquer área de atuação.

Corpos artistas - Práticas colaborativas de modelo vivo em contra ataqu

Dissertação de Mestrado, 2021

This research is a theoretical development of the author’s practice as an educator, artist and model in the collaborative workshops of live model drawing held in São Paulo between 2012 and 2019 by the art collective colabMOV. The collaborative atelier of live model drawing is presented as a space for questioning procedures of the canonical nude, eliminating the separation between artists and models to oppose the body’s objectification processes. An analysis of images of women in the European canonical tradition is made, taking them as a paradigmatic example of the ideological principles that guide the narratives about what is art and what kind of body/ person can be understood as an artist. In contrast to the canonical objectified body, I propose the notion of the artist-body, based on the recognition of all the bodies involved in the creative process as subjects. Finally, this dissertation presents a didactic-poetic material composed by a series of practical propositions that can be used to trigger collaborative workshops of live model drawing conducted autonomously in one’s own community. ___ Esta dissertação é um desdobramento teórico da prática realizada como educadora, artista e modelo nas oficinas colaborativas de modelo vivo realizadas em São Paulo entre 2012 e 2019 pelo coletivo colabMOV. Apresento o ateliê colaborativo de modelo vivo como espaço de questionamento dos procedimentos do nu canônico, eliminando a separação entre artistas e modelos para opor-se aos processos de objetificação dos corpos. Tomo as imagens de mulheres na tradição canônica européia como exemplo paradigmático dos princípios ideológicos que guiam as narrativas sobre o que é arte e que tipo de corpo/pessoa pode ser artista. Em contraposição ao corpo-objeto canônico, proponho a noção de corpo-artista, fundamentada no reconhecimento de todos os corpos implicados no processo criativo como sujeitos. Por fim, esta dissertação apresenta um material didático-poético composto por uma série de proposições práticas que podem ser utilizadas como disparadores pelas pessoas interessadas em conduzir oficinas colaborativas de modelo vivo em suas comunidades.

Dança no Cotidiano das Cidades: poética-política dos corpos em movimento

2012

Este trabalho visa refletir sobre a relacao da performance nos espacos urbanos entendida como poetica-politica do corpo em ato. Refere-se a pesquisas que o autor vem desenvolvendo desde 2010, com performances junto ao coletivo planoB (Florianopolis/SC); como docente da disciplina de Performance, no curso de Licenciatura em Danca da UFMG; e como parte de sua pesquisa de pos-doutorado. O eixo fundamental que conecta essas experiencias e o da poetica-politica dos corpos nos centros urbanos, problematizados por meio da alternância gestual cotidiana e extracotidiana, e de suas possiveis micropoliticas disruptivas em nossa contemporaneidade. Nesse aspecto, utiliza-se a danca contemporânea, especificamente a tecnica de contato improvisacao, como ferramenta de intervencao urbana. Esta e experimentada por meio de percursos de improvisacao nas cidades. Sao trabalhados tres exemplos de intervencoes urbanas: Florianopolis (SC), Belo Horizonte (MG) e Poitiers (Franca). Conclui-se pela potencia d...

O Comum Como Ação Coletiva No Espaço e Cotidiano

2018

Entendendo o espaço como algo aberto, inacabado, produto e produtor, porém também material, visível e representação de relações sociais, então, sua produção é condição, meio e produto da reprodução espacial, sendo repleto de intencionalidades. Assim, em cada momento histórico se produz um espaço condizente com o modo de produção vigente e, na atual fase do capitalismo, esse está atrelado aos processos de mercadificação e metropolização, que cada vez mais excluem e segregam a sociedadejá que a produção do espaço se dá em função de necessidades políticoeconômicas e não para reprodução da vida social. O cotidiano, por sua vez, tem se caracterizado pela busca da ampliação do consumo como totalidade da reprodução focada no consumo; aparecendo, então, como o local da reprodução de tradições e valores, do banal, do programado e, por isso, de permanência e manutenção de situações alienadas e alienantes. O artigo busca demonstrar que também é no espaço que se materializam as tensões, interações e as lutas entre dominação e resistências, apoiando-se no cotidianojá que neste está guardada a possiblidade de mudanças, na medida em que é nele que a existência humana se realiza. A partir disso, visualizamos que os comunsentendidos como recursos materiais ou imateriais coletivamente compartilhados, usados e geridos por uma comunidadeseriam espaços apropriados coletivamente pela sociedade e se configuram como perspectivas de transição para uma cidade e uma sociedade mais justas.

Coreografando em Larga Escala: Corpo Social, Corpo Dançante.

Esse artigo apresenta uma introdução ao pensamento central da pesquisa Coreografando em Larga Escala, que propõe uma reflexão sobre a prática coreográfica e as danças urbanas em um campo de investigação especifico: o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, Porto Alegre – RS. Inserido em um contexto institucional, o objeto de estudo centra-se no corpo como inscrição do social, selecionando uma comunidade específica; e do dançante, articulando procedimentos de criação e composição coreográfica para grandes grupos, ideia associada ao fenômeno Flash Mob. O projeto artístico ampara-se por uma abordagem etnográfica e de análise sociológica do corpo, para se utilizar dos conceitos de habitus, capital e campo propostos por Pierre Bourdieu (1994). A transposição dos conceitos sociológicos para o âmbito da dança contemporânea é experimentada em certos estudos a fim de alimentar as reflexões críticas que compreendem o corpo e suas relações sociais de poder e pertencimentos. Como resultado, tais empenhos irão conduzir uma criação cênica “em larga escala” com um grupo de adolescentes da rede pública de ensino porto-alegrense. A proposta de intervenção artística em espaço não convencional se aproxima das manifestações políticas ao mobilizar indivíduos em seus contextos sociais. A coreografia criada será produtivamente conceituada como teorização de identidade corporal, individual e social.

O corpo que incomoda: Movimentos Sociais, Corpo e Autoridade

Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro), 2017

Este dossiê reúne textos apresentados no Seminário Temático "Dinâmicas Subjetivas e Espaço Público: gramáticas emocionais, corporais e estéticas", realizado no âmbito do 40º. Encontro da Anpocs, Caxambu, Minas Gerais, em outubro de 2016. O dossiê elegeu como objeto único de análise os movimentos sociais, abordado pelo prisma de suas dinâmicas subjetivas-corporais, emocionais e estéticas. Em relação ao corpo especificamente, a proposta do Seminário era acolher estudos que nos permitissem refletir sobre os processos corporais envolvidos de alguma maneira nas manifestações políticas. Os corpos, entendidos simultaneamente como produtos e produtores de significados sociais e culturais, aparecem nesses casos como um "discurso emotivo" (Lutz & Abu-Lughod, 1990) com capacidade de confrontar formas tradicionais de adesão ao mundo social. Com esta perspectiva no pano de fundo, selecionamos, para esta publicação, os trabalhos que priorizaram a análise do lugar do corpo em movimentos reivindicatórios específicos. A natureza das demandas em questão percorre um amplo arco, incluindo a reparação/responsabilização no caso de vitimização em tragédias, os direitos de sujeitos surdos, as reivindicações feitas em nome de sujeitos autistas, as manifestações em defesa de direitos femininos e da diversidade sexual e, retornando à vitimização, a transformação semântica de "ossadas" de escravos, retiradas do lugar de "objetos" de investigação científica e alçadas a evidências de uma condição vitimizada digna de reparação e reconhecimento. Colocados em conjunto, os trabalhos nos permitem entrever alguns pontos de aproximação entre estes "casos". Nesta "Introdução", percorreremos os principais pontos de cada um dos trabalhos, dispostos intencionalmente em um "arco" organizado a partir do problema da vitimização/reconhecimento/reparação. Esse arco tem, em uma extremidade, o caso das vítimas da tragédia da boate Kiss, ocorrido em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em janeiro de 2013, e se fecha na outra com as disputas em torno do lugar atribuído a ossadas de escravos descobertas no Rio de Janeiro (com as ossadas fazendo aqui um "trabalho teórico" de ampliação dos limites da própria concepção de "corpo"). Entre um extremo e outro, dois trabalhos sobre experiências de "deficiência" (com o próprio status da deficiência, sendo evidentemente objeto de reivindicação/contestação) e dois trabalhos sobre experiências de diversidade sexual relacionadas ao exercício da sexualidade. Este percurso nos sugere um ponto central que anunciamos desde já com a finalidade de guiar o olhar do leitor pelas páginas seguintes: qual o trabalho realizado pelo corpo na construção da autoridade na cena pública? * * * O primeiro texto, de autoria de Monalisa Siqueira e Ceres Víctora, aborda as