Por uma estética semiótica (original) (raw)
2018, Sementes de pragmatismo na contemporaneidade
Já é sobejamente conhecido, mas não custa repetir, que a palavra "estética" vem do grego aesthesis e seu principal significado é o sentir, um "sentir não com o coração ou com os sentimentos, mas com os sentidos, rede de percepções físicas" (SANTAELLA, 1994, p. 11). A estética, portanto, define a ciência da percepção de modo geral e funciona como um sinônimo de conhecimento através dos sentidos-definição esta que encontra suas raízes na obra "Reflexões filosóficas sobre algumas questões pertencentes à poesia", de Baumgarten (1735). De acordo com seu fundador, a estética seria a equivalente sensual da lógica. Isso significa que, enquanto a lógica trata do saber analítico, baseado no raciocínio, a estética lida com um outro tipo de conhecimento, aquele que se realiza pela mediação dos sentidos, por meio da sensorialidade. O que se tem aí, portanto, é um modo de percepção em que o todo não é apreendido e reconhecido para propósitos práticos, nem está apto a se submeter a procedimentos estritamente analíticos, pois depende de uma capacidade sintética, justo aquela que os sentidos nos fornecem quando atentamos especialmente para os aspectos qualitativos de que a realidade perceptiva está prenhe, tais como: Tomando como ponto de partida a noção acima especificada de estética, o objetivo deste artigo é discutir os conceitos necessários para a elaboração de uma estética de cunho semiótico, ou seja, uma estética alinhada à noção de estética desenvolvida por C. S. Peirce nas relações por ele estabelecidas com a semiótica. Pretende-se que, com isso, possam ser expostos os fundamentos para se pensar essa estética semiótica como basilar para uma semiótica da arte. Antes de tudo, entretanto, é preciso considerar alguns pressupostos para que possamos chegar à estética peirciana pisando em terreno mais seguro e confiável.