Em diálogo Gilles Deleuze e Platão (original) (raw)
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Deleuze e dialogo sobre desterritorialização
RESUMO: Antitradicionalista, a modernidade foi uma época de grandes descobertas e revoluções na cultura, no pensamento e na ciência. A era moderna ofereceu um novo tipo de conhecimento ou verdade que, passando pelo crivo da razão e do método, poderia levar à compreensão do mundo real. Assim, a modernidade estabeleceu um novo padrão de racionalidade. Com ela, os homens acreditaram no poder e na força de suas intervenções no mundo por meio da razão esclarecida, tornando-se senhores deles mesmos e da natureza, pois a razão, unidade substancial, era a única fonte de verdade e conhecimento. Tempo de grande mudança que incluiu o cogito, ergo sum (Eu penso, logo existo) de Descartes. Este pensador encontrou refúgio seguro e fixo para que o "Eu" pudesse obter a verdade e a certeza indubitáveis. O espírito racional e científico trouxe com ele a ideia de um sujeito consciente, autônomo e centrado em si mesmo. Assim, o sujeito é afirmado e, por meio da razão, da consciência, pode construir os processos de representação do mundo. Esta perspectiva desenhou um tipo de padrão de subjetividade que marcou uma forma inteira de pensar e compreender, estabelecendo, de uma maneira ou de outra, certos modos de vida para os sujeitos. Este ensaio trabalha com nova forma de pensar que privilegia a diferença como uma maneira de contribuir para a instauração de outra perspectiva e entendimento da subjetividade, não mais unificada, essencializada e universal, mas em movimento e deslocamento. Assim, a escritura textual responde às seguintes questões: Por que Deleuze e Guattari rejeitam a ideia de subjetividade fincada no modelo da representação? Como se pode pensar a ideia de subjetividade a partir do conceito de desterritorialidade? O que seria uma subjetividade desterritorializada? Que caminhos e expressões possíveis a subjetividade pode introduzir na vida e na existência de quem a exercita? Que modo de existência é afirmado por ela? A hipótese desenvolvida neste ensaio é que Deleuze e Guattari fazem uma efetiva rejeição da ideia de subjetividade unificada e centrada, de um "Eu" senhor de si mesmo, porque ela nega a complexidade da mudança da vida e da existência. O conceito de desterritorialidade e sua inferência com a ideia de subjetividade desterritorializada serão tratados em oposição à ideia de subjetividade unificada e universal, com a finalidade de vislumbrar um novo modo de existência que perpassa pela criatividade e constituição de um tipo de singularidade e subjetividade para além da lógica da identidade. Dessa forma, a subjetividade desterritorializada opera em conexões, fluxos heterogêneos, movimentos, deslocamentos e dobras. Este ensaio também usa obras de Escher e René Magritte para exemplificar o que Deleuze e Guattari pressupõem sobre a subjetividade em movimento, pois a arte desses artistas racha com a interioridade, a universalidade, a unidade e a centralidade de uma subjetividade fincada pela identidade para pensar a ideia de subjetividade em relação ao outro, com alteridade. Deleuze e Guattari, artesãos de um tipo de subjetividade que vai para além da lógica da representação instauram a linha do fora para pensar novos modos de intensidade em um movimento de oposição à codificação, aos modelos estabilizados, para pensar outras formas de afirmação da vida. Daí a ideia de uma subjetividade desterritorializada, porque a desterritorialização promove a vida, pois ela trabalha pela criação e recriação de outros movimentos / deslocamentos para além do que foi dado.
Uma breve conversação de Deleuze para com Rousseau
2016
Apresentacao sobre a hipotese interpretativa formulada por Deleuze, acerca do pensamento de Rousseau, no texto Jean-Jacques Rousseau – Precursor de Kafka, de Ce line e de Ponge de 1962, fruto do curso tema tico concernente a filosofia politica de Rousseau que foi ministrado no contexto da comemoracao do aniversa rio de n umero 250 de nascimento do pensador genebrino. Semelhante hipotese consiste no seguinte: a filosofia de Rousseau e dotada de um carater sistematico, de uma pote ncia c omica e de um manifesto logico preciso, bem como da problematizacao sobre as condicoes objetivas da maldade. Esse manifesto logico pode ser caracterizado em seu nucleo por uma suposicao e pelos efeitos da mesma. A suposicao defende que o homem, no minimo, nao e mau no estado de natureza. Ja seus efeitos interpretativos sustentam que a obra de Rousseau e um projeto voltado para reabilitar o homem privado e o cidadao. Com base nisso, postula-se que para Deleuze elaborar semelhante leitura ele estabelece...
Bento e Deleuze: contradança filosófica
Trans/Form/Ação
Resumo: Ao cruzar as trajetórias de Bento Prado Jr. e Gilles Deleuze, no tocante a Bergson, revelam-se coincidências inesperadas, entre as quais a dívida comum para com Sartre.
Pragmática menor em Gilles Deleuze
2011
This thesis aims at providing a study on a pragmatics based on Deleuze's thought. On the one hand, we try to trace the ways that lead Deleuze to contact pragmatics. We can observe how the strength of his thought-chiefly his theory of multiplicity-shifts the philosophical bias of pragmatics away from its main trends in contemporary thought. This change also implies a new character for pragmatics as an autonomous discipline. In fact, Deleuze assumes that pragmatics is not simply one of the parts of linguistics, coming in third after syntax and semantics. Instead, pragmatics shall be the very condition of language and shall take over linguistics as well. On the other hand, we try to point out and develop the consequences of such attitude, which blurs the wellknown face of pragmatics. The path that leads to a minor pragmatics impell us to examine the contact between Deleuze and the empiricist-pragmatist thought around the binomial immanence-empirism. This contact launchs the ontological basis for this work and allow us to develop the concepts, the methodology and the disciplines (linguistic and semiotics) related to this transformed pragmatics.
Entre ética e dialética: defronte a Platão e Gadamer
Filosofia Unisinos, 2020
A partir da tese de Habilitação de Gadamer, "Ética dialética de Platão. Interpretações fenomenológicas do Filebo" (1928), este artigo busca destacar as linhas fundamentais da imagem de Platão, esboçada naquela primeira publicação filosófica do autor (1931). O confronto com os temas da ética e da dialética, no estado atual dos estudos platônicos, indica que na imagem de Platão desenhada no confronto precoce com o Filebo, claramente influenciado pela noção fenomenológica do Dasein, já despontaram os traços fundamentais da que virá a ser a hermenêutica filosófica de Gadamer, plenamente emancipada da tutela heideggeriana.
Gilles Deleuze e a Questão da Técnica
DoisPontos, 2011
resumo O texto aborda em termos gerais a problemática da técnica contemporânea, tomando como ponto de partida o diagnóstico de Martin Heidegger. O horizonte principal da análise será aberto pela pergunta em torno do estatuto ontológico da Técnica, a partir dos conceitos oferecidos pela ontologia do "virtual" de Gilles Deleuze, expondo por esta via o deslocamento decisivo que o filósofo francês opera com relação à leitura heideggeriana. Neste sentido, a questão nevrálgica passa por considerar, desde a filosofia deleuziana, este universo técnico, não como homogêneo e determinado por uma unidade endógena, mas como multiplicidade autodiferenciada. A noção de virtual é a peça central, em chave ontológica, para pensar a Técnica como produção que opera pela atualização singular de um campo virtual animado internamente pela Diferença. O trabalho verifica como, segundo Deleuze, é possível afirmar que a tecnologia nada acaba, encerra, ou enclausura, uma vez que ela se agencia em variadas configurações sempre diferenciadas. palavras-chave Deleuze; ontologia; técnica; Heidegger; diferença; virtual Introdução No ano de 1933-ano de vastos e decisivos acontecimentos que ainda hoje tentamos abarcar-, Ortega y Gasset inaugura sua Meditação sobre a Técnica com uma sentença profética e exata: "Um dos temas que nos próximos anos será debatido com maior brio é o do sentido, vantagens, danos e limites da técnica [...]" (ORTEGA Y GASSET, 1991). Com essas poucas linhas o filósofo espanhol nos situa diante de nosso centro. Que
Uma Estudiosa De Platão Em Delos
Phoinix, 2022
In a reminiscent narrative, this text recovers the experiences of Professor Maria das Graças de Moraes Augusto in some of the archaeological missions conducted by the author in Delos, specifically during the 2002, 2008 and 2015 campaigns. This tribute is complemented by a set of photos that record moments of work and friendship.
Gilles Deleuze e Aristóteles: a diferença no feliz momento grego
Griot : Revista de Filosofia, 2021
As críticas deleuzianas ao pensamento representacional convergem para o entendimento do pensamento como um processo recognitivo. Reconhecer é pensar. Entre todos os problemas concernentes a tal modelo de pensamento, há um empecilho fundamental na recognição: ela não reconhece aquilo que não cabe em suas premissas previamente estabelecidas e que delimitam a linearidade de um pensamento correto. Assim sendo, a diferença, nos alerta Deleuze, nunca chegou a ser pensada por si mesma. Nessa noção a diferença é apenas uma oposição ao igual. Em um dos seus diálogos com a tradição filosófica, o pensador francês encontrou uma rachadura pontual que tratou a diferença no pensamento do filósofo grego Aristóteles. Um momento em que a diferença emergiu e quase foi considerada por si mesma. Ocasião que Deleuze chamou de “O feliz momento Grego”. É sobre o pensamento aristotélico da diferença, o tal momento grego e a crítica conceitual que Deleuze realiza para compor sua teoria que o artigo irá tratar.
Gilles Deleuze, filósofo do futuro
ETD - Educação Temática Digital, 2009
As cicatrizes, queimaduras, erupções do filósofo são apenas as figurações mais literais das emoções que se depositam em nossas faces - as emoções que a filosofia em si precisa conceitualizar, por sua vez. Para Deleuze, a própria natureza do conceito emerge de tais “contatos imediatos” com algo sem precedentes e até mesmo apocalíptico, que não pode ser representado, mas, no entanto, precisa ser pensado. O filósofo sci phi usa a sensação de seus encontros em seu corpo e sua mente, quer estas sejam marcas que entalharam sua carne delicada, ou as impressões fora-deste-mundo que se resolveram em expressões, ou as experiências que formaram as dobras delicadas da matéria cinza.