O Despertar Da Primavera: Pelos Desfiladeiros Da Sexualidade (original) (raw)
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Apresentação: Gênero e Sexualidades: Dissidências e Respirações
Pontos de Interrogação — Revista de Crítica Cultural, 2021
já que sabemos tod@s que, porra, o ser é com perucas, que não ontologias. Horácio Costa, "Projeto para uma revolução urbana em Goiânia ou: o Ser é com Perucas" [...] as suas famosas palavras foram não consigo respirar então, se somos nós sempre a ameaça para quem para onde nos havemos de voltar, pedindo protecção? Pamela Sneed, "I can't breathe", 2020 Em tempos tão nevrálgicos como estes por que passamos, em meio a ameaças de novas ditaduras, do ressurgimento desavergonhado da supremacia branca, do sexismo, da homofobia, da transfobia, acompanhados no último ano pela pandemia que fez alargar de forma alarmante o fosso entre ricos e pobres, mais urgente que nunca se afigura falar em dissidências. Porque dissidência significa dissonância, desobediência, o oposto de aquiescência e de submissão. Falar em corpos dissidentes é dar visibilidade ao que desafia uma dada estrutura cultural e social que só aparentemente é hegemônica e é
Enquanto as ruas: deambulações entre sexualidades e cidades
Tensões entre o Urbano e o Digital: discursos, arte, política(s), 2022
O presente texto ensaia uma discussão sobre as relações entre a circulação de pessoas LGBTQIA+ e os espaços da cidade, focando a atenção no exemplo apresentado no romance Enquanto os dentes (2017), de Carlos Eduardo Pereira. Na obra, um homem gay negro e cadeirante, que viveu a plenitude de suas experiências artísticas e sexuais, em total exercício de suas subjetividades na cidade do Rio de Janeiro, está fazendo o trajeto de retorno à casa dos pais, em Niterói, enquanto rememora a vida através do olhar para o percurso que executa. Propomos, junto com Eribon (2008) e Landowski (2002), que os traçados da circulação e pertença nas geografias da cidade permitem ou proíbem a expressão da sexualidade, havendo uma guetização do homem gay que, quando forçado a habitar o espaço heteronormativo, precisa, como medida de sobrevivência, desvestir-se de si mesmo, conformando-se à infelicidade e à solidão. Família, escola e periferia estarão em oposição a coletivos, universidade e centro como instâncias negadoras e concedentes, respectivamente, de alteridade e sexualidade.
TEORIAS DE GÊNERO E FEMINISMOS NA ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: DO DIMORFISMO SEXUAL À PRIMAVERA QUEER
Revista de Arqueologia Pública, 2019
RESUMO Nesse artigo discutiremos como a noção de gênero vem sendo trabalhada na arqueologia brasileira, a partir da história e de grandes temas de nossa disciplina. Nosso enfoque perpassa a arqueologia pré-colonial, em pesquisas que vão da bioarqueologia até arqueologia do simbolismo (arte rupestre, cerâmica, etc.); a arqueologia histórica, em especial da relação das mulheres e o mundo material. Finalizamos a discussão com um panorama mais recente, mostrando o debate de gênero, teoria queer e o feminismo teórico e militante. E como essas discussões vão além do suporte interpretativo para as relações humanas no passado, mas são fundamentais para o entendimento e questionamento de relações de poder e trabalho presentes na arqueologia profissional e acadêmica. ABSTRACT In this article we will discuss how the notion of gender has been worked on in Brazilian archeology, from the history and major themes of our discipline. Our approach runs through pre-colonial archeology, in research ranging from bioarchaeology to archeology of symbolism (rock art, pottery, etc.); historical archeology, especially the relation of women and the material world. We conclude the discussion with a more recent picture, showing the gender debate, queer theory and theoretical and militant feminism. And since these discussions go beyond the interpretative support for human relations in the past, they are fundamental to the understanding and questioning of power and work relations present in professional and academic archeology. RESUMEN En este artículo discutiremos cómo la noción de género viene siendo trabajada en la arqueología brasileña, a partir de la historia y de grandes temas de nuestra disciplina. Nuestro enfoque atraviesa la arqueología precolonial, en investigaciones que van desde la bioarqueología hasta la arqueología del simbolismo (arte rupestre, cerámica, etc.); la arqueología histórica, en especial de la relación de las mujeres y el mundo material. Finalizamos la discusión con un panorama más reciente, mostrando el debate de género, teoría queer y el feminismo teórico y militante. Y como estas discusiones van más allá del soporte interpretativo para las relaciones humanas en el pasado, pero son fundamentales para el entendimiento y cuestionamiento de relaciones de poder y trabajo presentes en la arqueología profesional y académica.
Relação de gênero no Vale do Amanhecer de Belém
Anais Do Congresso Internacional Da Faculdades Est, 2012
Resumo O artigo proposto aborda a relação de gênero no Vale do Amanhecer de Belém do Pará, levando em consideração os aspectos de seu inicio e sua fundação por uma mulher, Neiva Chaves Zelaya. Considera, ainda, de seu contexto "matriz" de Brasília, onde mitos e o contexto da capital contribuíram para seu nascimento, porém mas especificamente a partir de uma abordagem etnografica do Vale do Amanhecer do Icuí Guajará, região metropolitana de Belém, onde os médiuns aparás e doutrinadores serão minuciosamentes observados e estudados neste artigo a fim de analisar a relação de gênero existente desde sua raiz até o percurso que o Vale do Amanhecer como religião espiritualista faz por outras regiões e em conquista do mundo, conforme observado em pesquisa. O artigo também analisa como a relação espiritual e intelectual é compreendida a partir da mulher e do homem no que diz respeito ao tratamento espiritual de seus "pacientes".
Sexualidades Amordaçadas: A Atualidade Dos Falatórios De Stella Do Patrocínio
Psicologia & Sociedade
Resumo No contexto atual de retrocessos no campo da saúde mental, dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos, os falatórios poéticos de Stella do Patrocínio ecoam como registros de um passado manicomial que insiste em retornar. O objetivo deste artigo é problematizar os falatórios de Stella do Patrocínio, contidos no seu livro póstumo “Reino dos bichos e dos animais é o meu nome” (2001), no que se refere às sexualidades. A partir de um diálogo interseccional, tais falatórios permitiram ver uma sexualidade associada a enquadramentos normativos de gênero, raça e classe e seus efeitos nos processos de subjetivação. Além disso, foi evidente a articulação entre a lógica asilar, a biopolítica e a eugenia com os saberes e práticas das ciências psis que tendem à tutela e normalização das sexualidades, principalmente de corpos como o de Stella. Portanto, Stella nos deixa importantes contribuições e questionamentos para o campo da psicologia.
American Reflexxx: O Nomadismo do Gênero como Fuga da Normalização dos Corpo
O artigo busca identificar na materialidade do sexo uma das formas de controle do capitalismo contemporâneo para normalização das identidades. A ascensão de novas tecnologias possibilita o trânsito entre identidades e instiga a percepção de novas formas de ser, porém plurinormativizar não implica em superar as normas. Utilizando como base as teorias queer e pós-humanistas e como objeto de análise o curtametragem de experiência social American Reflexxx, o artigo desenvolve a ideia da desmaterialização do corpo como resistência a um processo de normalização das identidades. O principal desafio da multidão queer, então, é evitar a segregação do espaço público, o que os levaria a uma condição constante de marginalidade, mas também evitar ser captado por enquadramentos, utilizando o nomadismo como escape.