A Distante Harmonia: Marcel Mauss e a nação (original) (raw)
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A recepção de Marcel Mauss no Brasil
Horizontes Antropológicos, 1997
Resumo O presente artigo comenta a produção intelectual de Marcel Mauss e sua recepção no Brasil e aponta para as dificuldades de uma visão de conjunto devido a dispersão e fragmentação de sua obra. Apresenta as tentativas dos discípulos de Mauss para dar unidade e sistematização aos escritos do mestre através de publicações comentadas. Realiza um inventário das traduções do autor em língua portuguesa, mostrando suas virtudes e lacunas. Por fim, traz uma periodização e uma cronologia das publicações de Mauss na França e no Brasil.
O encanto radical de Marcel Mauss
Revista de Antropologia USP, v.61 n.3, 191-195, 2018
Em 1983, nos tempos do saudoso Caio Graco, a Brasiliense publicava Antropologia dos sentidos-Introdução às idéias de Marcel Mauss, "primeiro vôo" no Brasil de Fernando Giobellina Brumana. É um texto pequeno, enxuto, de inegável valor pedagógico. Em seu "Prólogo", Fernando assumia a dimensão de encanto radical que lhe despertara a obra de um autor tão rico e tão complexo. Ao longo dos anos, o encanto não esmaeceu. Estendeu-se ao grupo singular forma-do por alunos de Mauss, pertencentes à sociedade francesa do entre-deux-guerres, ou seja, dos anos 20 aos 30 do século XX. Época de desagregação dos valores-monetários e outros-, de violentos embates políticos, de transgressões no campo da criação estética, com Dadaismo e Surrealismo; e, na área que nos toca mais de perto, o abalo das certezas do colonialismo, pai da antropologia. Daí por diante, os trabalhos de Fernando Giobellina desenvolvem duas vertentes. De um lado, a pesquisa no campo das religiões afro-brasileiras, com a produção de textos instigantes sobre umbanda-quimbanda (Marginália Sagrada, 1991), candomblé (La forma de los Dioses, 1994), e os avatares dos trabalhos eruditos (La jurema y outras yerbas, 2013). Do outro, a pesquisa no campo da história das ideias etnológicas, que acompanha o percurso deste grupo perdido nas ambigüidades de um terreno fugidio, tal como o fantasma de uma África inatingível (Soñando con los Dogons, 2005), ou desafiando os próprios demônios (El lado escuro, 2014). É na perspectiva da história das ideias que se situa o Don de l'essai, em que analisa o contexto no qual Marcel Mauss elaborou suas obras.
Nota sobre Marcel Mauss e o ensaio sobre a dádiva
Revista de Sociologia e Política, 2000
Este artigo analisa a obra clássica de M. Mauss, Ensaio sobre a dádiva, à luz de desenvolvimentos recentes da Antropologia. Salienta como contribuição de Mauss o entendimento da dimensão política da troca de dádivas, assim como a sugestão de sua universalidade, posteriormente demonstrada por Lévi-Strauss, constituir-se em princípio formal-abstrato, e não num fato empírico-concreto. A partir desse princípio, avalia a tese segundo a qual a dádiva é fundamento de toda sociabilidade e comunicação humanas, assim como sua presença e sua diferente institucionalização em várias sociedades analisadas por Mauss, capitalistas e não-capitalistas.
A sociologia de Marcel Mauss: dádiva, simbolismo e associação
Revista crítica de ciências sociais, 2005
Marcel Mauss é mais conhecido como antropólogo e etnólogo. Muitos ficam surpreendidos ao saber que ele também tem uma relevante contribuição sociológica, que é comprovada tanto por ter sido um dos principais animadores, juntamente com Durkheim, da revista ...
Reler Marcel Mauss: notas sobre o autor, professor e militante
Ilha, 2024
A história da antropologia e da sociologia acordou a Marcel Mauss a posição de um cânone paradoxal. Por um lado, é indiscutível a centralidade de sua figura para a constituição teórica e a identidade da disciplina, sendo ele um dos nossos mais citados, respeitados e romantizados autores. Por outro lado, nossa compreensão sobre Mauss pode ser excessivamente atrelada à figura de Émile Durkheim, seu tio e primeiro mentor. Neste artigo, partindo de trabalhos biográficos, cartas publicadas, programa de ensino e artigos redigidos por Mauss, revisito essas grandes narrativas de modo a pensar a formação e a trajetória desse intelectual para além da figura de Durkheim e do grupo da Année Sociologique. Exploro sua relação com Paul Fauconnet, Henri Hubert, Sylvain Lévi, Jean Jaurès e Alfred Espinas, assim como seu engajamento com a formação de linhagens e de redes mais amplas. Abordo também controvérsias envolvendo a amplitude de sua obra. Insisto, por fim, nos elementos constitutivos de um pensamento maussiano fundado em suas proposições teóricas e políticas, mas também em sua prática como professor e militante socialista.
Micro-Etnografia da fala e História da antropologia: Marcel Mauss
É na qualidade de socio-antropólogo que abracei a Análise da Conversação, reconhecendo nela com entusiasmo um corpo já consolidado de teorias, métodos e conhecimentos me habilitando a prosseguir as minhas pesquisas com um rigor e um alcance sem precedentes. E isso com a convicção formada e serena de não sair das fronteiras disciplinares da antropologia e da sociologia. É construindo pontes e estabelecendo conexões com os trabalhos de um dos principais fundadores europeus da antropologia, Marcel Mauss, que, neste subcapítulo, espero contribuir em inscrever a Análise da Conversação na agenda investigativa dos antropólogos e sociólogos portugueses.