Interview led by Mariana Durães to the article “Os brasileiros ‘têm meia língua portuguesa?’ Quando as palavras são motivo de discriminação”, Público, 5 May 2021 (original) (raw)
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O uso da língua para a discriminação
A Cor das Letras
Analisamos uma postagem no Twitter do Ministro da Educação da República Federativa do Brasil que motivou a Procuradoria Geral da República a instaurar inquérito para apuração de crimes resultantes de preconceito e discriminação. No texto da postagem, sistematicamente o “r” é trocado por “l”, em caixa alta. O conteúdo evoca as histórias da Turma da Mônica, cujo enredo gira em torno de “planos infalíveis” de Cebolinha e Cascão para derrotar Mônica. Por analogia, a China estaria envolvida em um plano conspiratório para disseminar a COVID-19. Demonstramos como a manipulação de um traço linguístico pode evocar discriminação e preconceito.
«A língua portuguesa usa capulana»: provavelmente a última entrevista de Eduardo White (online)
Em Malhangalene (bairro de Maputo) todos conheciam “o White”. Aquele homem alto que tinha que curvar-se para entrar na porta baixa do seu bar favorito ao final da tarde, aquele homem branco que se dizia “pardo mestiço”, filho de mãe portuguesa e pai de descendência inglesa, bisneto de uma negra “grande e analfabeta”, aquele “poeta do povo” que, logo após o pôr-do-sol, tomava um whisky ou dois nas barracas do jardim da Malhangalene, mais conhecido como “o Pulmão”, entre a Rua da Resistência e a Rua do Padre André. Eduardo White morreu a 24 de agosto de 2014.
Português como Língua Adicional: uma entrevista com Marisa Mendonça [2020]
Revista Virtual de Estudos da Linguagem - ReVEL, 2020
A professora Marisa Mendonça inicia esta entrevista com a história da constituição da área de PLA em Moçambique. Em seguida, oferece uma apresentação das características sócio-históricas, linguísticas e culturais do continente africano de modo a contextualizar as especificidades e os desafios ali encontrados em relação ao ensino e à aprendizagem de PLA. Também reflete sobre o papel do IILP para a área de PLA e compartilha sua opinião especializada quanto ao que entende ser essencial para um currículo de formação inicial e continuada de professores de PLA, destacando os principais desafios e problemáticas para a área de PLA no futuro. Por fim, nos deixa indicações de leituras para interessados em ingressar nessa área de estudos.
Visões da língua(gem) em comentários sobre "Internetês não é língua portuguesa"
Filologia e Linguística Portuguesa, 2006
O objetivo deste trabalho é discutir as representações que estudantes de nível universitário de cursos de licenciatura em letras e em pedagogia colocam em circulação a respeito do chamado “internetês”, forma grafolingüística que se difundiu em gêneros digitais como chats, blogs e redes sociais como o orkut. De maneira popular, o internetês é conhecido como o português escrito na internet, caracterizado por simplificações de palavras que levariam em consideração, para sua composição, a modalidade falada (em sua vertente popular e estigmatizada) da língua, em detrimento da modalidade escrita (em sua vertente padrão e prestigiada). A partir de uma proposta de produção textual, os referidos alunos deveriam discutir a pertinência da afirmação internetês não é língua portuguesa, atentando para determinadas concepções teóricas sobre língua, linguagem, relação fala-escrita e letramento, examinadas na disciplina de prática de leitura e produção de texto. Este trabalho procura problematizar, em especial, representações de língua(gem) que circulam entre os estudantes universitários. A hipótese é a de que os que concordam que internetês não é língua portuguesa têm como referente concepção(ões) de língua portuguesa como norma grama- tical que deve ser obedecida em quaisquer circunstâncias de uso, sobretudo, quando se trata da modalidade escrita. Apoiado na reflexão de Corrêa (2004) – o modo heterogêneo de constituição da escrita –, este trabalho busca mostrar que a linguagem é heterogênea em sua concepção, o que exclui a possibilidade de pensar o internetês como mera representação da fala ou como produção textual que apenas sofre interferência da fala na escrita. / This paper aims to discuss the representation that university students of letters and pedagogy courses use in the so-called “internetês”, a grapholinguistic form which has been spread in digital genres such as chats, blogs and social networks as the orkut. Popularly, the “internetês” is known as “portuguese language as written on the internet”, characterized by word simplifications that would consider, in the formation process, the spoken genre (the non- standard and stigmatized varieties) of language, rather than the written genre (the standard and prestigious varieties). By means of a textual composition activity, the students were supposed to discuss the relevance of the statement internetês não é língua portuguesa, paying attention to some theoretical conceptions about language (both in idiomatic and systematic terms), speaking – writing relation and literacy, assessed in a reading and writing practice course. This paper seeks to discuss, mainly, university students’ representation of their own language. The hypothesis is that those students who think that internetês não é língua portuguesa conceive portuguese language as a set of grammatical rules which must be followed whatever the circumstances might be, especially concerning written language. Based on the reflections of Corrêa (2004) – o modo heterogêneo de constituição da escrita – this paper attempts to show that language is heterogeneous in its conception, which makes it impossible to think “internetês” as a simple representation of speech or as textual composition influenced by spoken language.
A Língua Portuguesa e os Média na Integração de Imigrantes Nepaleses em Portugal
Branco, Inês (2012). A Língua Portuguesa e os Média na Integração de Imigrantes Nepaleses em Portugal. X Congresso Lusocom, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), Lisboa. 27-29 de Setembro.
O artigo discute a Língua Portuguesa (LP) como Língua de Acolhimento na integração de imigrantes e o papel dos média, enquanto ferramentas de aprendizagem da língua. Realizaram-se inquéritos e entrevistas em profundidade, focando-se no trajecto de vida, nos usos dos média e na utilização da LP pela comunidade imigrante nepalesa residente em Portugal. Palavras-chave: Média, Imigração, Integração, Ensino de PLE, Comunidade Nepalesa