ALIANÇAS, CONFLITOS E MOBILIDADE SOCIAL NA CONSTRUÇÃO DA NORMA ESTATUÁRIA E VIVIDA PELOS IRMÃOS DO ROSÁRIO DE SÃO JOÃO DEL-REI (1787-1841 (original) (raw)
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EM BUSCA DO MODELO ESTÉTICO À ÉPOCA DE D. JOÃO, PRÍNCIPE E REI
Introdução A partir de três eixos em torno do artista, premissa deste seminário, resolvemos seguir aquele que se intitula O artista e os seus modelos, permitindo-nos estabelecer um paralelo entre Portugal e o Brasil durante um curto espaço temporal situado entre 1807 e 1821-correspondendo, respectivamente à primeira invasão francesa e à data do regresso de D. João VI, sendo que 1807 marca igualmente a deslocação da família real e corte para o Brasil. Neste contexto escolhemos como modelo dos artistas D. João, princípe e rei, e a respectiva evolução das representações alegóricas de caráter nacional. Os programas decorativos iniciais O legado de D. Maria I-a iconografia cristã do Sagrado Coração de Jesus No ano de 1795 o Príncipe Regente resolveu mandar construir uma nova habitação real 1 , já que havia ardido a "Barraca da Ajuda", seguindo a tradição dos seus avoengos que deixaram para a posteridade um edifício que evocasse o respetivo reinado. O seu, malogrado pelas invasões francesas, devastado pela guerra política e crise económica interna que a estas se sucederam, acabou por relembrar até aos nossos dias o fim da monarquia absoluta. Mas por volta de 1802, momento em que resolveu dar um novo impulso à construção do novo Paço, o Príncipe contava para a sua decoração com uma equipa de pintores, escultores e arquitectos, todos de formação romana.
Revista Mosaico, 2018
Resumo: O reinado de D. João I (1385-1433) foi marcado por diversos aspectos utilizados em seu governo como estratégias de legitimação política, e outros que seriam reforçados mais tarde nas narrativas cronísticas com a mesma intenção de dar legitimidade à dinastia recém-entronizada. Dentre essas estratégias, selecionamos quatro que acreditamos terem sido fundamentais nesse processo: a aliança com a Inglaterra por meio do Tratado de Windsor (1386); o casamento do monarca português com a filha do Duque de Lencastre, Dona Filipa; a conquista de Ceuta em 1415 e o início da expansão territorial além-mar; e a evocação do poder régio por meio de cerimônias simbólicas de exaltação a autoridade régia, como as chamadas "entradas régias". Como aporte teórico, partimos de estudos sobre história e memória, os usos do passado na construção e legitimação do poder político, utilizando como referência as obras de Le Goff (2013), Pierre Nora (1993), P. Ricoeur (2007), P. Bourdieu (2010), Marcella L. Guimarães (2012) e Maria Helena Coelho (2008). Partindo dessas referências, propomos analisar como as memórias dos eventos históricos selecionados estão presentes nas narrativas, especialmente na Crônica de D. João I, de Fernão Lopes e na Crônica da Tomada de Ceuta de Gomes Zurara, e como esses elementos foram evocados como estratégias de legitimação da Casa de Avis no século XV. Palavras-chave: D. João I, Memória, Legitimação, Poder Régio, Narrativas. LEGITIMATION STRATEGIES OF THE REIGN OF KING JOHN I OF PORTUGAL (1385 - 1433) IN THE NARRATIVES OF FERNÃO LOPES AND GOMES ZURARA Abstract: The reign of King John I of Portugal (1385-1433) was marked by several aspects used in his government as strategies of political legitimation, and others that would later be reinforced in the chronological narratives with the same intention to give legitimacy to the newly enthroned dynasty. Among these strategies, we selected four that we believe were central to this process: the alliance with England through the Treaty of Windsor (1386); the marriage of the Portuguese monarch to the daughter of the Duke of Lencastre, Dona Filipa; the conquest of Ceuta in 1415 and the beginning of territorial expansion overseas; and the evocation of royal power through symbolic ceremonies of exaltation to royal authority, as the so-called "royal entrances". As a theoretical contribution, we start from studies on history and memory, the uses of the past in the construction and legitimation of political power, using as reference the works of Le Goff (2013), Pierre Nora (1993), P. Ricoeur (2007), P. Bourdieu (2010), Marcella L. Guimarães (2012) and Maria Helena Coelho (2008). From these references, we propose to analyze how the memories of the selected historical events are present in the narratives, especially in the Crónica de D. João I, by Fernão Lopes and in the Crónica da Tomada de Ceuta by Gomes Zurara, and how these elements were evoked as strategies to legitimize the House of Avis in the fifteen century. Keywords: King John I of Portugal, Memory, Legitimation, Royal Power, Narratives.
Revista Hydra, 2019
Resumo: Com este trabalho, objetivamos apresentar alguns resultados de uma investigação em desenvolvimento sobre as singularidades diplomáticas entre Portugal e a Cúria romana durante o reinado de D. João III, entre 1521 a 1557. Nesse período, o governo português buscou aperfeiçoar seu aparelho administrativo criando novos órgãos e instituindo membros políticos. Nesse contexto, a partir da correspondência entre os embaixadores e o rei D. João III, disponível no Corpo Diplomático Português, nosso interesse é circunscrever as ações dos atores políticos durante as negociações com a Cúria romana. Os embaixadores D. Miguel da Silva e D. Martinho de Portugal buscaram garantir lugares futuros no consistório romano. o rei pela posse de cargos. Acreditamos que essas disputas de interesses foram um dos fios condutores das relações entre Portugal e Roma, mas também das relações internas do reino, principalmente, entre rei e nobreza, haja vista que a escolha para determinados cargos era um grande anseio dos nobres da corte. Abstract: This paper aims to present some results of an ongoing investigation into the diplomatic singularities between Portugal and the Roman Curia during the reign of King John III, from 1521 to 1557. During this period, the Portuguese government sought to perfect its administrative apparatus by creating new organs and instituting political members. In this context, from the correspondence between the ambassadors and King D. João III, available in the Portuguese Diplomatic Corps, the interest in this research is to circumscribe the actions of the political actors during the negotiations with the Roman Curia. The ambassadors D. Miguel da Silva and D. Martinho of Portugal sought to secure future places in the Roman consistory. Besides them, Braz Neto, Henrique de Meneses, Pedro de Souza de Tavora, Pedro de Mascarenhas, Cristovao de Souza, Baltasar de Faria and Afonso de Lencastre were involved in various conflicts with the king for a work position. We believe that these disputes of interests were one of the guiding threads of the relations between
H i s t o r i e n -R e v i s t a d e H i s t ó r i a [ 8 ] P e t r o l i n a , d e z 2 0 1 2 -m a i o 2 0 1 3 Página 99 Historien Ano IV Resumo: O objetivo do presente artigo é analisar a atuação de João Batista da Costa, capitão-mor da aldeia de São Barnabé, no que diz respeito à aplicação da política indigenista pombalina no Rio de Janeiro. Nesse sentido, a atuação de João Batista da Costa é crucial a fim de denotar a participação ativa dos índios nesse processo -que, enquanto agentes históricos, procuraram agir a partir de seus próprios interesses e motivações -e o progressivo avanço colonial sobre as aldeias estimulado pelos pressupostos assimilacionistas do Diretório. Além disso, a trajetória em questão permite concluir que a efetivação da política indigenista pombalina foi condicionada pelas especificidades locais e pela interação constante com a política indígena, representada principalmente pelas lideranças das aldeias. Palavras-chave: Política Indigenista Pombalina; Política Indígena; Aldeias coloniais. Abstract: The aim of this paper is to analyze the role of João Batista da Costa, indian capitão-mor of the Indian village of São Barnabé, concerning the application of Pombal's Indian policy in Rio de Janeiro. In this sense, the role of João Batista da Costa is crucial to denote the active participation by indians in the processwhich, as historical agents, sought to act on their own interests and motivationsand the progressive colonial expansion in Indian villages stimulated by the assimilationist rules of the Diretório. Furthermore, the trajectory in question indicates that the realization of Pombal's Indian policy was conditioned by local specificities and the constant interaction with indigenous politics, represented mainly by the leaders of the villages. A Política Indigenista Pombalina A maior parte dos estudos sobre as mudanças introduzidas pela política indigenista pombalina destaca particularmente o Grão-Pará e o Maranhão. Isto se deve, em grande parte, ao fato dela ter sido construída e pensada para tal região. Em meados H i s t o r i e n -R e v i s t a d e H i s t ó r i a [ 8 ] P e t r o l i n a , d e z 2 0 1 2 -m a i o 2 0 1 3
Neste texto, trataremos das transformações de alguns direitos de propriedade dos escravos da Fazenda de Santa Cruz já no contexto de colapso do paternalismo e do fim do escravismo. Sabemos que os termos da transição para liberdade foram intensamente disputados por senhores e cativos, conforme já bem demonstrou Hebe Mattos. Portanto, resta-nos saber se esta comunidade escrava foi capaz de fazer frente a negociações cruciais para a consolidação ou ampliação de seus direitos. Ao usarmos o termo ‘direitos’ estamos tomando nossa posição no que diz respeito às origens e aos usos de recursos, que por outros podem ser lidos como ‘privilégios’ ou ‘concessões’ senhoriais. Encarando-os como direitos, ressaltaremos o caráter coletivo e regulado destas concessões, possivelmente fruto de negociações com os senhores, sancionadas não apenas no campo dos costumes, mas também nos regulamentos da Fazenda desde o tempo dos jesuítas. Por outro lado, são direitos porque melhoravam as condições de vida das famílias escravas e por isso eram almejados com grande expectativa pelos próprios cativos. Trataremos especificamente de alguns direitos de propriedade, aqueles que nos remetem ao campo da subsistência e da autonomia na gestão do tempo, do trabalho familiar e de seus frutos. Falamos, por exemplo, do direito a ter um fogo e uma casa; do direito de criar animais; do acesso a recursos naturais naquele tempo indispensáveis para a manutenção de uma família: a terra para produção de alimentos, a caça, a lenha e a água. Entendemos estes como direitos de propriedade, na medida em que regulam o acesso a meios de produção, a apropriação dos seus frutos e a possibilidade de legá-los ou transferi-los. É mister reconhecer as influências de E. P. Thompson e Rosa Congost nesta abordagem, já que encaramos como direitos não apenas o que sanciona a lei, mas aquilo que emana da tradição, do costume e do processo social, e também o que é reivindicado por grupos sociais como direito, mesmo que fora da lei ou em suas brechas. Encarados dessa forma, a análise da transformação destes direitos nos obriga a integrar neste texto aspectos que quase sempre são estudados separadamente: grupos sociais, condições de vida, trabalho, produção, o papel da lei e do Estado, hábitos, costumes e tradições.
NOTAS SOBRE SUPERSTIÇÃO E CULTURA (DITA) POPULAR NO REINO SUEVO: O CASO DO DE CORRECTIONE RUSTICORUM. , 2023
No presente artigo buscamos trazer à luz algumas considerações gerais sobre a persistência de práticas supersticiosas dentro do Reino Suevo (SEC. V-VI). Essas, com o aparente apoio no opúsculo De Correctione Rusticorum, foram frequentemente associadas (se não deliberadamente identificadas) pelos historiadores aos habitantes dos campos da Galiza. De modo contrário, nós procuramos argumentar, com o auxílio das fontes e das demais produções historiográficas sobre o assunto, em direção a uma perspectiva mais abrangente: que essas crenças, na verdade, estiveram difundidas também entre os demais setores da sociedade, isto é, nos espaços citadinos e entre as aristocracias laica e clerical, não sendo uma característica distintiva ou exclusiva dos camponeses.