O riso na União Soviética (original) (raw)

O Riso no Realismo Português

Romanische Forschungen, 2017

Defendemos, neste artigo, que muito do valor mais substancial da crítica portuguesa de todos os tempos sobre o riso e a sátira reside em textos de Eça de Queirós e de Ramalho Ortigão (que, como é bem sabido, também escrevem textos satíricos em prosa ficcional e jornalística). No seu todo, esses escritos funcionam como uma poética mais didática do que normativa e como um tratado de sociologia da sátira portuguesa, acessível a um grande público. Segundo Eça e Ramalho Ortigão, a sátira deve orientar-se pelos melhores modelos universais, de Rabelais a Boileau. Ao procurarem e ao divulgarem as leis ou as invariantes de uma sátira eticamente formada, ao detetarem os exageros e os perigos em que incorrem os satíricos, estes autores referem-se com grande clareza e profundidade à elevação e à sublimação mas também à maldição da sátira.

O riso de Freud

Resumo: Este ensaio faz uso da literatura de Henry Miller (1891-1980) para pensar alguns aspectos do discurso psicanalítico freudiano do século XX, problematizando o seu caráter inventivo e ficcional. A filosofia de Friedrich Nietzsche (1844-1900) e de Gilles Deleuze (1925-1995) é utilizada como suporte para sustentar a tese de que a teoria psicanalítica, como toda teoria, é criação de mundos. Saibamos, pois, ouvir o riso da invenção. Abstract: The present essay makes use of the literature of Henry Miller (1891-1980) in order to shed light on some aspects of Freudian psychoanalytic discourse of the 20th century; its inventive and fictional character is discussed herein. The philosophy of Friedrich Nietzsche (1844-1900) and Gilles Deleuze (1925-1995) is used as to support the thesis that, just as all theories are, psychoanalytic theory is a creation of worlds. Hence, let's listen to the laugh of invention.

Rebeldia Comunista: História do Rock and roll na antiga União Soviética

Durante a maior parte da existência da União Soviética, o partido o comunista tentou exercer um rígido controle sobre as artes e a cultura, inclusive restringindo a entrada e a execução no país de obras e gêneros musicais vindos de países do bloco capitalista . O rock and roll, fenômeno musical e cultural nascido nos Estados Unidos, foi um dos principais alvos dessa política. Este artigo analisa como a repressão oficial afetou o desenvolvimento e a sobrevivência do rock no Estado soviético, de meados dos anos 1950 até a dissolução desse bloco de nações em 1991.

A psicanálise nos primeiros tempos da Rússia Soviética

Discurso, 2019

O objetivo deste artigo é fazer uma breve exposição sobre a trajetória da psicanálise nos primeiros anos da Rússia soviética. Entre as práticas que tornaram a psicanálise acessível à classe trabalhadora, concentraremos nossa apresentação na experiência pioneira da “Casa das Crianças” (Detski Dom) de Moscou, primeira escola de educação infantil embasada em princípios psicanalíticos. Documentada por sua fundadora, Vera Schmidt, a escola funcionou entre 1921 e 1925, abrigando 30 crianças com idade entre 1 e 5 anos. Assim como a escola, nos anos que se seguiram à morte de Lênin e ao exílio de Trotsky as demais instituições psicanalíticas sucumbiram à censura ideológica. Em 1936, a repressão stalinista baniu oficialmente a psicanálise da União Soviética, interrompendo um processo que modificou a prática da psicanálise e ampliou o alcance cultural e social das ideias de Freud. Entretanto, o interesse pelo inconsciente se manteve, e no final dos anos 80 a psicanálise foi retomada na Rússia.

A sátira social no cinema soviético da Era Brejnev

Faces da História, 2019

O Glavlit era o orgao encarregado da censura na Uniao Sovietica. Sua presenca na diretoria de produtoras, em fiscalizacoes e no controle da edicao nao era a unica fonte de repressao na producao filmica. Estudios e diretores dependiam dos contratos com o governo, pois trabalhavam em um sistema estatizado. Era conveniente receber as encomendas de filmes – cuja producao era numericamente prevista pela planificacao. Embora houvesse apenas uma fonte de financiamento, existiam varios estudios repartindo tais recursos. O sistema incentivava a autocensura. Os diretores eram cobrados para que o filme fosse economicamente viavel e agradasse ao publico. Entretanto, havia espaco para a critica no cinema sovietico, dentro de certos limites. Sua transposicao equivalia a condenar a pelicula a tesoura da censura. Esse espaco de manobra variou durante as etapas politicas do regime: aberto nos tempos de Lenin (durante a NEP), estreito sob Stalin, amplo com Kruschev (1953-64) e um pouco menos extenso ...

O riso de Fausto

Revista Leitura, 2024

This article constitutes an inquiry into one of the most subtle themes in Thomas Mann’s novel ‘Doctor Faustus’ – namely, Adrian Leverkühn’s lau-ghter. Its aim is to establish a connection between a specific element within the novel (Adrian’s laughter) and the overarching theme of artistic creation in the modern age. Not only does the author explicitly link the novel to the broader concept of artistic creation, which is its central concern, but the presence of Theodor Adorno, who was both a reader and critic of the work further underscores this connection. Consequently, the question that gui-des this study is the following: In what way does Adrian’s laughter intersect with his own artistic creation? Throughout this article, we make associa-tions with Stanley Cavell’s ideas on acknowledgment and skepticism which refers to its failure. Theorists such as Bergson, Baudelaire, and Morreall provide the foundation for theories of laughter. What’s more, in the es-say, the presence of laughter in other Faustian interpretations written in the first half of the twentieth century will also be comparatively addressed. Thus, in this study, Adrian’s unique position in the Faustian landscape is shown to be connected to the eruption of laughter, which, far from being a minor detail, proves to be crucial for understanding his artistic production.