Crianças em situação de rua de Porto Alegre: um estudo descritivo (original) (raw)

Como ser uma criança na calçada: pontuações etnográficas sobre algumas crianças em situação de rua na cidade do Recife

Mediações - Revista de Ciências Sociais, 2004

D eque Crianças estamos Falando? Na obra7beoris'ing Childhoocf, os sociólogos da infância]ames,]enks eProut problematizam aconcepção definidora do próprio objeto de estudo-infância-como uma categoria unificada caracterizada exclusivamente pela questão geracional. De acordo com os autores, tal simplificação não leva em conta outras categorias identitárias como classe social, gênero, etnicidade, etc. Aesse respeito HalJ3 propõe uma noção de identidade que contrapõe o projeto moderno de permanência e estabilidade. Oconceito de identidade agora está relacionado às diversas possibilidades de ser e vir a ser de acordo com a interação de discursos, histórias, práticas eposicionalidades que não são atualizados sem problemas. Agora é o momento de contradições eantagonismos. Tomar as crianças em situação de rua como categoria antropológica faz-se fundamental, pois o modo como as olhamos e com elas nos relacionamos reflete a natureza de nosso sistema social. Aforma como a sociedade em geral exerce controle sobre as crianças explicita como lida com opoder, pois acriança não apenas não éum ser natural e neutro, como também é um ser político. 4 É tomando a infância como um momento particular de inserção do indivíduo na comunidade, que jána década de 1950 Ruth Benedict afirmava que "todas as culturas devem negociar de uma fonna ou de outra com ociclo de crescimento da infância para a idade adulta".5 I Doutoranda em Estudos Culturais na Nottinghan Trent University/lnglaterra. Bolsista da Capes.

Street children in Porto Alegre: a descriptive study

1998

Resumo Este artigo tem por objetivo descrever uma população de crianças em situação de rua do centro da cidade de Porto Alegre. Para tanto, foi utilizada uma entrevista estruturada, aplicada a uma amostra de vinte crianças (20)-doze meninos e oito meninas, com idades entre seis e doze anos. Através da entrevista, buscou-se investigar as relações da criança com a família, com o trabalho, com a escola e com a forma como ocupa seu tempo. Os autores enfatizam a importância de estudos descritivos, que priorizem caracterizar esta população, a fim de que programas interventivos tenham como base aspectos fidedignos da mesma, tornando-se, assim, mais eficazes. Palavras-chave: descrição; crianças em situação de rua; observação.

“Nessa rua, nessa rua falta proteção”: uma revisão de escopo sobre crianças e adolescentes, em situação de rua no Brasil

Saúde em Redes

O aumento de crianças e adolescentes vivendo nas ruas é crescente. Objetivo: investigar a extensão, alcance e natureza dos estudos com crianças e adolescentes em situação de rua no Brasil. Percurso metodológico: revisão de escopo, que utilizou as bases de dados Scopus, Web of Science, BVS, PudMed e o indexador Scielo para as consultas. As diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta) foram seguidas para sistematizar o processo de inclusão dos estudos, bem como o acrônimo PCC (P= população; C= conceito; C= contexto) para a questão orientadora. Resultados: a maioria dos participantes era composta por negros/pretos, do sexo masculino; com situação familiar de desemprego, chefiadas por mulheres; com baixa escolaridade e uso de drogas. Discussões: a intersetorialidade é imperativa para o engendramento de novos lugares a serem ocupados por essa população, além da rua e do risco social. A rua é um lugar de passagem, mas também território de cuidado às pes...

Questões sobre o desenvolvimento de crianças em situação de rua

Estudos De Psicologia (natal), 1997

A Psicologia e a pesquisa científica não oferecem respostas satisfatórias para várias questões relativas ao desenvolvimento de crianças em situação de rua. Alguns estudos afirmam que o viver na rua é prejudicial, ou retarda o desenvolvimento psicológico, devido às experiências a que estas crianças estão expostas, como adições, violência e exploração. Outros estudos mostram que a rua possibilita vivências cumulativas que promovem o desenvolvimento. Estes achados incongruentes indicam a necessidade de se realizar mais estudos nesta área. O CEP-RUA/UFRGS vem desenvolvendo vários estudos sobre o desenvolvimento emocional, cognitivo e social destas crianças. Os resultados destes estudos têm revelado que crianças em situação de rua apresentam altos níveis de stress e de exposição a riscos pessoais e sociais. Porém, constatamos que elas desenvolvem habilidades para lidar com o stress e com os riscos, compensando suas dificuldades com estratégias que exigem competência e autonomia. Uma das estratégias utilizadas relaciona-se aos agrupamentos afetivos, econômicos e sociais, por meio dos quais garantem sua sobrevivência e segurança. As crianças testadas pelos pesquisadores do CEP-RUA não apresentam índices de depressão e de sofrimento psicológico mais elevados do que crianças de nível sócioeconômico baixo. Testadas quanto ao seu bem-estar subjetivo, elas também não diferem significativamente de outros grupos. Estudos realizados para investigar eventos de vida

Histórias de crianças em situação de rua em jornais paranaenses: uma proposta de pesquisa

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

Esta proposta de pesquisa busca a compreensão sobre as confluências que as mudanças semânticas em torno da temática “crianças em situação de rua” podem desenvolver, trazer ou causar aos diversos atores sociais, possíveis públicos ou autores desses materiais, em seus campos de atuação, como a sociedade, o governo e a própria imprensa, representada por seus profissionais, os repórteres. Compreende-se que a reportagem é o meio de expressão da prática jornalística que define tanto o campo do jornalismo quanto o profissional. Nesse contexto, considera-se que os estudos de Cremilda Medina, sobre a produção da reportagem e suas técnicas, contribuem para compreender como a reportagem tradicional ou convencional resiste e, ao mesmo tempo, inova e alicerça a prática jornalística.

Crianças e adolescentes abrigados: perspectiva de futuro após situação de rua

Psicologia & Sociedade, 2014

Crianças e adolescentes abrigados normalmente experimentaram muitas formas de exclusão em suas vidas: o abandono, a violência doméstica, a privação econ™mica, social, cultural e política. Este estudo investigou a perspectiva de futuro entre crianças e adolescentes abrigados após sua vivência em situação de rua. A pesquisa foi realizada com 14 participantes, moradores de três abrigos públicos do município de Vila Velha-ES. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada e submetidos à análise de conteúdo conforme propõe Bardin. Verificou-se nos relatos dos participantes a presença de temas como: a experiência da ruptura familiar, a intenção de regresso à família de origem, a crença na possibilidade de transformação de sua realidade por meio do estudo e do trabalho. É oportuno discutirmos a implementação de políticas públicas para essa população no sentido da oferta de atenção integral com vistas a favorecer a sua inclusão na sociedade.

Por uma cartografia do meio fio: a alfabetização do olhar na pesquisa com jovens em situação de rua em Porto Alegre

2021

Os estudos acerca das juventudes contemporâneas indicam tanto a premencia da garantia de direitos e da promocao dos sujeitos pelas politicas publicas, quanto o carater plural das presencas juvenis. No intuito de problematizar a possibilidade de fruicao juvenil na rua, este texto aponta para as potencias da pesquisa com jovens a partir da rua. Sugere-se que o pesquisador-educador deambule e se deixe capturar pelas cenas e sujeitos na luta cotidiana pela existencia como pessoas jovens. Do ponto de vista metodologico, foram utilizados os registros dos autores em diarios de campo e em redes sociais como espacos para narrar as imagens do pensamento. Ela compoe um estudo maior, no qual se investiga como jovens em situacao de rua constituem suportes ou apoios em relacao a protecao social, mirando nos processos de individuacao em Martucelli. Tambem sao levados em conta autores que estudam as juventudes. Os resultados apresentados anunciam as possibilidades da pesquisa com juventudes na rua ...

A PERCEPÇÃO DO ESPAÇO URBANO : O OLHAR A PARTIR DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES MORADORES DE PORTO VELHO -RO

Este trabalho da análi se si stemát ica de mapas mentai s desenvolvidos por crianças resi dentes na cidade de Porto Velho e assim partimos da discussão acerca do território e representação simbólica dos mesmos a partir de mapa s mentai s construídos pelas mesm as. O mesmo pret ende di scutir a luz dos diálogos entr e a geografia, cultura, r epresentação e o di alogi smo, as possibilidades de análi se do espaço. Igualment e, pretende oferecer uma ótica diferenciada do espaço urbano de Porto Velho, elucidando isso pelo olhar das crianças e adolescent es estudantes da Escola Estadual Carmel a Dutra e moradores desta cidade. Nesse senti do, vi sa contribuir para a reflexão sobre a cidade como pal co das representações dial ógicas dentro do dinamismo exposto pelos olhares de diferent es atores sociai s sobre as represent ações simbóli cas do território que m esclam t erritorialidades, identidades, cosmogoni as diferente s que enfrentam fenôme nos col etivos e inter pretam individualment e.

Caracterização qualitativa do bem-estar subjetivode crianças e adolescentes em situação de rua

Temas em Psicologia, 2016

Trata-se de estudo de casos múltiplos com objetivo de investigar qualitativamente o bem-estar subjetivo de crianças e adolescentes em situação de rua. Participaram 6 adolescentes de Fortaleza (10-17 anos), todos do sexo masculino. Destes, três viviam em instituição de acolhimento, dois em serviço aberto e um na rua. Utilizou-se entrevista estruturada, fi guras representativas dos contextos (escola, família, rua, amigos e instituição) e diário de campo para contemplar os aspectos de satisfação de vida, afetos positivos e negativos. A análise de conteúdo permitiu identifi car uma avaliação positiva da satisfação de vida pela maioria dos adolescentes. Eles tenderam a relacioná-la à rede de apoio, projetos futuros e estar vivendo numa situação melhor do que vivia antes de virem para a rua. Atribuiu-se os afetos positivos ao relacionamento com os pares, à presença dos familiares, apoio das instituições para familiares e envolvimento em atividades lúdicas e de lazer. Já os afetos negativos relacionaram-se aos confl itos e brigas (com amigos, familiares e profi ssionais das instituições), preconceitos da sociedade, punições por desobedecer regras, realização de atividades domésticas e violência física e sexual. A rua e a família foram os contextos mais associados aos afetos negativos quando comparados à instituição, à escola e aos amigos. Porém, os afetos positivos não estiveram excluídos da rua e da família. Enfatiza-se a importância de estudos acerca dos processos positivos, os quais propõem uma leitura mais abrangente do desenvolvimento humano em contextos de vulnerabilidade e que não estejam baseados exclusivamente no levantamento de indicadores de risco vivenciados por essas populações. Palavras-chave: Satisfação de vida, afeto positivo, afeto negativo, adolescentes, situação de rua.

Fatores associados ao bem-estar subjetivo de crianças e adolescentes em situação de rua

Buscou-se caracterizar o bem-estar subjetivo de crianças e adolescentes em situação de rua de três capitais brasileiras: Fortaleza, Porto Alegre e Salvador, veri cando os fatores a ele associados (idade, sexo, eventos estressores e rede de apoio). Participaram 111 jovens (M=14,18 anos; DP=2,4), sendo a maioria (n=90; 81,1%) meninos. Utilizou-se o Inventário de Eventos Estressores, Mapa dos Cinco Campos, Escala de Satisfação de Vida e Escalas de Afeto Positivo e Negativo. Os participantes avaliaram positivamente a satisfação de vida e relataram mais afetos positivos que negativos, embora tenham vivenciado eventos estressores. Satisfação de vida associou-se negativamente com idade e afetos negativos associaram-se positivamente ao impacto dos eventos estressores e negativamente ao fator de proximidade da rede de apoio. Discute-se que as adversidades não afetaram a expressão de afetos positivos e satisfação de vida, bem como a importância da rede de apoio para promoção de bem-estar.