TRAJETÓRIA DA HISTORIOGRAFIA DAS MULHERES NO BRASIL (original) (raw)

AS MULHERES NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA

A recente inclusão das mulheres no campo da historiografia tem revelado não apenas momentos inesperados da presença feminina nos acontecimentos históricos, mas também um alargamento do próprio discurso historiográfico, até então estritamento estruturado para pensar o sujeito universal, ou ainda, as ações individuais e as práticas coletivas marcadamente masculinas. Como se a História nos contasse apenas dos homens e de suas façanhas, era somente marginalmente que as narrativas históricas sugeriam a presença das mulheres, ou a existência de um universo feminino expressivo e empolgante. Todo discurso sobre temas clássicos como a abolição da escravatura, a imigração européia para o Brasil, a industrialização ou o movimento operário, evocava imagens da participação de homens robustos, brancos ou negros, e jamais de mulheres capazes de merecerem uma maior atenção.

HISTORIOGRAFIA E MASCULINIDADES GAYS NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS

2019

RESUMO: Este texto tem por objetivo refletir sobre a escrita da história e a historiografia sobre as sexualidades, com foco nas sexualidades masculinas dissidentes. Em um momento de delicadas mudanças para a comunidade LGBTI+, esta reflexão nos possibilita estabelecer as bases nas quais historiadoras/es tem se aportado para inscrever as sexo-dissidências na história. Para tal análise, dividimos este texto em duas partes. A primeira estabeleceu a articulação entre os estudos sobre gênero e masculinidades apresentando algumas discussõesteóricas acerca dos conceitos e suas aplicações. E por último uma breve reflexão sobre o desenvolvimento do campo no Brasil. ABSTRACT: This text aims to reflect on the writing of history and the historiography about sexualities, focusing on dissident male sexualities. In a time of delicate change for LGBTI+ community, this reflection enables us to establish the basis on which historians have come to inscribe sex dissent in history. For such analysis, we have two parts. The first one established the articulation between the studies on gender and masculinities presenting some theoretical discussions about the concepts. And finally a brief reflection on the development of field in Brazil.

Página36 Direitos autorais distribuídos a partir da licença Creative Commons (CC BY-NC-SA -4.0) MULHER INVISÍVEL: AUSÊNCIA DE SERTANEJAS NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA TRADICIONAL

Esse texto versa sobre a ausência ou pouca notoriedade de mulheres na historiografia tradicional brasileira. Ao mesmo tempo, traz discussões acerca de algumas inserções importantes de mulheres na nova historiografia, a partir da década de 1970. Há também a exposição da ausência de sertanejas entre as produções dos historiadores clássicos e, ao mesmo tempo, faz-se uma apresentação de pesquisas recentes sobre as sertanejas de diversas partes do Nordeste, buscando contemplar personagens outrora invisibilizadas e negligenciadas pela história tradicional do Brasil. A discussão teórica é amparada em estudos da crítica historiográfica, história, história das mulheres e estudos culturais. O formato de apresentação do texto é um itinerário, que começa com a apresentação do assunto e segue, não de modo linear, mas com idas e vindas no acervo de teóricos, comparandoos e apresentando reflexões em torno de suas produções para, em seguida, fazer uma inserção em produções de autores que trazem sertanejas como protagonistas de suas pesquisas, reiterando a importância de se documentar sobre outras histórias de diferentes personagens. A intenção é denunciar a parcialidade da historiografia tradicional brasileira e, ao mesmo tempo, oferecer possibilidades de contar novas histórias a partir de outros pontos de vista, como o de sertanejas. Para tanto, foi realizada pesquisa bibliográfica, voltada para a presença/ausência de mulheres em geral e de sertanejas nas páginas de autores da historiografia brasileira. Por fim, é reforçada a importância de se evidenciar e valorizar novos olhares sobre a historiografia, que favoreçam a diversidade de personagens.

A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO

Resumo Este artigo se propõe a compor um panorama bibliográfico das linhas teóricas e metodológicas norte-americanas e inglesas que discutem a relação das mulheres com a história e a escrita histórica. Parte-se do princípio que este tema precisa ser relacionado a uma questão epistemológica importante, qual seja, a do pressuposto de que na constituição do cânone historiográfico ocidental, o sujeito do conhecimento é quase sempre masculino. Historiadoras e teóricas feministas têm se preocupado em investigar a vida e a obra de historiadoras " amadoras " e profissionais, bem como o gênero como parte estruturante da consciência e da escrita histórica. A escolha das pesquisas abordadas se dá conforme a significativa representatividade no interior dos estudos sobre a relação das mulheres com a disciplina história e, especialmente, por trazerem luz a uma área que se encontra incipiente no Brasil. Palavras-chave: Gênero. Historiadoras. Cânone. Historiografia. Abstract This article proposes to make a bibliographic overview of the American and British theoretical and methodological lines discussing the relationship of women and history with historical writing. We assume that this matter must be related to an important epistemological issue, namely the assumption that in the formation of the Western historiographical canon, the subject of knowledge has been almost always a male subject. In contrast, historians and feminist theorists have focused on investigating the life and work of historians "amateur" and professional, as well as the structuring of gender awareness and historical writing. The choice of research addressed occurs as a significant representation of these authors within the studies on the relationship of women to the discipline of history and especially for bringing to light an area that lies incipient in Brazil.

DUAS DESIGN: MULHERES ESTAMPANDO HISTÓRIAS EM RECIFE

Sofia Zeltser é a primeira autora deste trabalho. Resumo: O processo criativo e metodológico de estamparia da "Duas", marca recifense criada e formada por mulheres e que ilustra em suas estampas as histórias de figuras do design, artes visuais, arquitetura e culturas diversas, foi o foco de análise desta pesquisa. Isto mostra como a estamparia autoral age não só como linguagem da identidade da marca, mas também como forma de agregar valor ao produto de moda.

A HISTÓRIA DAS MULHERES.CULTURA E PODER DAS MULHERES: ENSAIO DE HISTORIOGRAFIA

O longo período de invisibilidade feminina e as formas mais atuais assumidas pela história das mulheres informam muito sobre o seu lugar na disciplina histórica. Tanto trazem esclarecimentos sobre a escolha dos objetos tais como se apresentam num dado momento para a história, como informam sobre a maneira particular de tratá-los. Decorridos dez anos, ocorreram mudanças importantes na forma de identificar e de analisar os objetos históricos. No interior deste amplo movimento sobre o qual poucas reflexões foram desenvolvidas, a história das mulheres oscilou entre sistemas muito variados de exclusão, de tolerância e de banalização, esse último tema da maior importância no momento. Colocá-los em evidência responde a um duplo objetivo: o de permanecer crítico com respeito às formulações próprias à história das mulheres; o de questionar, por outro lado, a necessária relação entre este campo de estudos e o conjunto da pesquisa histórica. Trata-se de um projeto ambicioso e sabemos da dificuldade de colocá-lo em prática: sempre é mais fácil formular questões do que resolvê-las. Mas a história não é somente produção de saber, é também formulação de perguntas. As questões que suscita e que lhe são propostas são também um campo específico de pesquisa, espaço de reflexão a sempre aberto a uma impreterível discussão. Escolher para isto esta revista, os Annales, não decorre do acaso, nem mesmo do desejo de demarcar um território numa publicação que, sem ignorar a história das mulheres, não lhe tem concedido um grande espaço 1. Trata-se, sobretudo, de colocar abertamente questões concernentes aos modos de análise dos papéis sexuais, matéria da qual a revista tem freqüentemente se ocupado, e de suscitar indagações quanto às formas pelas quais uma certa historiografia recente pode apropriar-se do campo de estudo do masculino e do feminino.

História das Mulheres no Brasil Meridional

História das Mulheres no Brasil Meridional. 2. ed. São Leopoldo/RS: Oikos, Editora UNISINOS, 2022, 2022

A obra constitui-se em uma relevante contribuição para a historiografia sul-rio-grandense e brasileira, bem como para debates realizados no tempo presente nos campos sociopolítico, econômico e cultural acerca de questões e problemas relativos à História das mulheres e das relações de gênero. A coletânea é composta por 19 capítulos, produzidos a partir de investigações de caráter inovador, realizadas por 25 pesquisadores/as vinculados a diferentes instituições de ensino superior. As narrativas presentes na obra, concebidas a partir de uma gama abrangente de fontes, abordam os seguintes temas: relações sociais no âmbito da família, ações implementadas pelo Estado e pela sociedade civil nas áreas das infâncias e da saúde, processos relativos à escravidão, relações de trabalho, movimentos sociais com ênfase nos Feminismos, encarceramento em instituição de contenção, escolarização, visões da imprensa e modos de vestir.

AS OFICINAS DE HQs NO ENSINO DE HISTÓRIA: REIVINDICAÇÕES E CONQUISTA DO VOTO FEMININO NO BRASIL

Capítulo do livro, parte da coletânea: BEZERRA, Antonio A.; MELO, Deywid W. de; ALMEIDA, Jacqueline P. de; BOIA, José F.; GAUDENCIO, Júlio C.; MOTA, Maria Danielle A. (Org.). PIBID/UFAL no contexto do ensino remoto emergencial: vivências, práticas e aprendizagens. Curitiba: CRV, 2022, p. 249-261., 2022