Contraponto literário: "Caminhos Cruzados" de Érico Veríssimo (original) (raw)

Literatura cabo-verdiana em trânsito

SOLETRAS

Exame da literatura cabo-verdiana na representação de sua especificidade crioula em contato com outras culturas, a europeia e a brasileira, na busca de indagar o Outro enquanto contraponto adverso ou de seu próprio reflexo. As problematizações dessas representações se fizeram com o exame do diálogo, do ponto de vista da perspectiva diaspórica que irá reconfigurar os lugares das identidades em diferentes contextos e espaços, a partir da construção/deconstrução dos parâmetros eurocêntricos com Achille Mbembe, Kabengele Munanga, Walter Mignolo, Pires Laranjeira e Alberto Costa e Silva, entre outros a fim de se verificar a conexão entre os espaços. A conclusão é o projeto estético-histórico que uniu Cabo Verde ao Brasil, principalmente desde o Modernismo Brasileiro até à atualidade, na perspectiva que colocou em evidência o elemento africano, que se deslocou e se transformou em diferentes realidades.

Crossroads e Caminhos cruzados

Resumo: Caminhos cruzados (1935), de Erico Verissimo, foi o primeiro romance a ser traduzido pelo projeto tradutório da política da boa vizinhança durante a Segunda Guerra Mundial. O objetivo deste artigo é cotejar Caminhos cruzados e sua tradução, Crossroads (1943), para verificar se houve modificações textuais na tradução devido à natureza política do projeto. Crossroads foi acomodado aos padrões morais estadunidenses, mas excedeu os limites diplomáticos e pedagógi-cos para o qual foi projetado. Apesar do controle governamental, o texto se apre-sentou imbuído de crítica social. Palavras-chave: Estudos da tradução. Política tradutória. Representação.

O tempo, o vento e o negro: consolidação literária do mito da democracia pastoril: o cativo, em O Continente, de Érico Veríssimo.

Pensado em pleno Estado Novo, quando vigia a repressão das tendências regionalistas estaduais, fortíssimas no Rio Grande do Sul, quando da hegemonia castilhista-borgista [1891- 1930], Veríssimo começou a redigir O continente, em 1947, após o fim do regime ditatorial, ao qual acordara seu apoio, ao menos inicialmente. O próprio autor reputaria "a publicação da primeira parte de O tempo e o vento" como "o acontecimento mais importante" de sua "carreira de escritor". O primeiro tomo de O continente aborda os tempos que vão da ocupação territorial luso- brasileiro à Revolta Farroupilha. Em suas memórias, Veríssimo assinalou que, na construção desse imponente painel, "cabia pois ao romancista descobrir como eram por dentro os homens da campanha do Rio Grande." Ou seja, descrever e singularizar os personagens que via como responsáveis pela construção do Rio Grande do Sul.

Suíte Cemitério: Trânsitos entre minificção e crônica na literatura brasileira

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), 2020

Praticada formalmente no Brasil desde fins dos anos 1960, a minificção só foi se consolidar no país a partir da órbita da virada para o século XXI, quando micronarrativas de Dalton Trevisan, Fernando Bonassi, Heloísa Seixas e João Gilberto Noll, entre outros autores, atraíram a atenção da academia, do público leitor e da imprensa especializada. A partir das primeiras pesquisas sobre o gêneroou subgênero, ou, ainda, supragênerona década de 2000, fundamentadas principalmente sobre um arcabouço teórico hispano-americano, na ausência de estudos específicos no país até então, uma tradição minificcional foi sendo aos poucos desvelada. Embora a minificção (ou miniconto, microconto, microrrelato) compartilhe procedimentos com diversas outras expressões literárias e extraliterárias de formato breveo poema-minuto, a notícia, o hai kai, o slogan, o grafite, a charge-, a investigação de sua genealogia no Brasil aponta para uma aproximação muito particular com um gênero (in)específico: a crônica. Compartilha com ela a brevidade, a ambiguidade, o hibridismo genérico e o gosto pelas coisas do cotidiano, jogando não só com a indiferenciação da natureza de suas textualidades, mas frequentemente também com o nublamento das fronteiras entre o real e o ficcional. Uma constante busca pelo inespecífico que pode ser observada desde as micrônicas de Clarice Lispector no Jornal do Brasil até os instantâneos de Fernando Bonassi na Folha de São Paulo.

Uma leitura d’O castelo dos destinos cruzados como texto-máquina

Anuário de Literatura, 2011

Este texto tem como propósito analisar o processo de construção de narrativas de Italo Calvino na obra O Castelo dos Destinos Cruzados como um texto-máquina, como uma produção textual que, através de restrições ao processo criativo, empresta procedimentos combinatórios do tarô e de processos maquinais como meio para expandir as possibilidades de composição.