A obra de arte na era do ruído sem ruído (original) (raw)
Mono, v. 1, p. 78-89, 2007.
"O artigo trata do (não) lugar da obra de arte na contemporaneidade tecnológica, partindo do pressuposto de que há, embutido no agenciamento digital de todas as esferas do vivido, um projeto utópico: o de um fluxo informacional imaculado, a utopia de um mundo sem ruído. Tal constatação coloca um paradoxo: como podem as proposições estéticas e o ativismo político -- tradicionalmente formas de "ruído" na sociedade da ordem -- operar através de aparatos digitais que demandam, para que se possa usufruir de suas possibilidades, que tais manifestações possam ser formalizadas "sem ruído"? Examina-se, a partir daí, a percepção como fundamento da experiência, suas relações com sentido, cultura, poder e tecnologia, tendo em conta a intervenção dos suportes tecnológicos na paisagem, bem como na percepção contemporâneas. Pode-se então assumir o campo percebido como campo de batalha, onde se disputa a gênese dos sentidos do real, e pensar o papel decisivo arte como a prática de uma guerrilha perceptiva -- a luta incessante contra o monopólio dos sentido da experiência vivida."