Estruturas, Atores e Análise Política (original) (raw)
1994, Revista de Sociologia e Politica
(NEPP) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). Democracia ou reformas? Alternativas democráticas à crise política: 1961-1964 é a versão em livro, ligeiramente modificada, da tese de doutorado defendida pela autora no departamento de Ciência Política da Universidade de Chicago em 1987. Percebe-se claramente que o livro é fruto de um trabalho exaustivo de pesquisa empírica, recheado de informações e entrevistas inéditas, onde Figueiredo promove uma sistematização impressionante de dados a respeito do período, o que faz dele, desde já, uma fonte obrigatória de consulta para os estudiosos das condições prévias ao golpe de 1964. A banca examinadora foi formada por intelectuais de peso como Jon Elster e Adam Przeworsky, sendo este último o prefaciador do livro. A presença dos autores acima citados na banca julgadora toma-se compreensível a partir das páginas introdutórias do livro. A autora usa suas contribuições para a análise do período político em questão. Para uma maior compreensão da proposta de Argelina Figueiredo nesse livro é interessante descrever brevemente as características principais da "escola" à qual esses autores pertencem, apesar das grandes diferenças entre eles: o "marxismo analítico". Não quero dizer com isso que Figueiredo se filie a essa corrente, mas inegavelmente retira dos seus membros declarados indicações metodológicas para o seu trabalho. Podemos dizer que, guardadas as diferenças entre os diversos intelectuais que o compõem, o marxismo analítico pode ser identificado com três propostas básicas. A primeira consiste em manter como objeto de estudo central os temas substantivos do marxismo: luta de classes, alienação, exploração, justiça, socialismo etc. Segundo esses autores, o marxismo tem muito a ensinar no que se refere aos objetos de estudo relevantes na Ciência Social. A segunda proposta reside na negação categórica de qualquer especificidade metodológica exclusiva do marxismo. Para eles, por muito tempo os marxistas se orgulharam de ter um método específico-o dialético-em oposição ao método "viciado" das ciências sociais burguesas, em especial o individualismo metodológico. Isso deve ser deixado de lado já que a dialética não se presta senão à formulação de frases obscuras e à elaboração de um pensamento pouco claro e, por isso, pouco científico. Finalmente, como corolário da segunda proposta, o marxismo deve adotar os métodos próprios daquilo que eles consideram a "boa ciência social" e que, ainda segundo eles, se expressa na conjugação do individualismo metodológico, da teoria da escolha racional e da teoria dos jogos, ou teoria da interdependência das ações, como Jon Elster prefere chamar esta última. O objetivo dessas três propostas é fugir das explicações puramente funcionais, cabalmente rejeitadas por Elster e aceita com restrições por outros autores, colocando no seu lugar a busca incessante da revelação dos mecanismos que dão origem aos fenômenos de ação coletiva e que permitem a sua reprodução. Revelar * * *