A força de uma questão: Apresentação ao dossiê Sociabilidade Violenta: Novas Interpretações (original) (raw)

A violência como potência econômica na gênese da "questão social" no Brasil

Temporalis, 2021

O presente artigo aborda o processo de transição ao capitalismo e a gênese da "questão social" no Brasil em meados do século XIX, reforçando o papel decisivo da coerção estatal como catalisador histórico nas mudanças entre modos de produção e nas fases do capitalismo. Para isto, recolhemos um conjunto de aportes: a obra marxiana sobre a acumulação primitiva do capital e a violência como potência econômica; as teorias dependentistas sobre as particularidades históricas do capitalismo no Brasil e do padrão de reprodução do capital agromineiro exportador; os textos clássicos do Serviço Social sobre a "questão social" e; a historiografia marxista nacional e internacional sobre a escravidão e a emergência do trabalho livre no Brasil. PALAVRAS-CHAVE Violência como potência econômica. "Questão social". Capitalismo dependente. Brasil.

FRANÇA [2019] - Sociabilidade violenta como modo de orientação da conduta.pdf

DILEMAS: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 2019

Este artigo tem por objetivo apresentar uma proposta de análise da especificidade da violência urbana brasileira contemporânea a partir da noção de sociabilidade violenta. Para isso, toma-se esse conceito como forma desregulada de uso da força física para fins criminais, impactando nas possibilidades de legitimação requerida às ações sociais. Duas possibilidades analíticas resultam dessa operação: avança-se na própria compreensão da sociabilidade violenta como elemento explicativo; e se permite a análise da criminalidade brasileira a partir da consideração de distintos modos de orientação da conduta, expondo uma sociedade normativamente fragmentada.

A ‘sociabilidade violenta’ como interpretante efetivador de ações de força: Uma sugestão de encaminhamento pragmático para a hipótese de Machado da Silva

DILEMAS: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 2019

O objetivo deste ensaio é apresentar um reenquadramento pragmático do conceito de sociabilidade violenta, proposto por Luiz Antonio Machado da Silva. A ideia consiste em interpretar o conceito como uma representação, operada pelos atores como metafísica e como dispositivo e dotada de actância suficiente para efetivar a mobilização de grandes quantidades de força necessárias a certas ações de imposição em situações não rotineiras - e que, por conta da representação, são entendidas como (se fossem) rotina. Para tanto, discutimos como uma perspectiva distópica de mundo se soma a uma representação de que uma metafísica baseada na força atua perenemente entre os homens.

PARA ALÉM DA APARÊNCIA: O desafio de deciframento da categoria violência no exercício profissional do Assistente Social

2017

O presente artigo objetiva apontar considerações sobre a categoria violência buscando apreendê-la para além da aparência com que se manifesta na realidade. Considera-se que a violência está imbricada ao modo pelo qual os homens produzem e reproduzem suas condições sociais de existência em dada sociabilidade. O contexto contemporâneo desafia-nos no enfrentamento das mais variadas manifestações da violência (da mais particular, a mais universal). O Serviço Social, enquanto especialização do trabalho, ao depara-se com as expressões da “questão social”, entre elas, as diferentes manifestações da violência, não pode prescindir do descortinamento de sua forma fenomênica. Assim, faz-se necessário ultrapassar a aparência da realidade para assim construir mediações e (re)posicionar a ação profissional na construção de alternativas que possam contribuir para o enfrentamento das mais diversas manifestações da violência

Tópicos de Sociologia da Violência

Disciplina ministrada junto ao Programa de Pós Graduação em Direito Constitucional do Instituto Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão (IDP), março/abril, 2022.

Expressões da Violência na Escola: Rupturas e desafios em debate

Fronteiras Journal of Social Technological and Environmental Science, 2014

Resumo Esta pesquisa objetivou analisar o modo como as crianças representam a violência na escola, assim como o impacto da experiência de violência nas relações que se instauram no contexto escolar. Para concretizar esse estudo utilizou-se os dados de uma pesquisa qualitativa (Lüdke e André 1986) realizada anteriormente em uma escola pública de ensino fundamental, localizada em Campinas, São Paulo. As análises do material empírico, ancoradas na perspectiva histórico-cultural em Psicologia (Vigotski 1999), evidenciaram fundamentalmente dois aspectos: as crianças recorrem a diferentes modos de linguagem (produções gráficas: desenhos e escrita; gestos; jogo simbólico; silêncio) para dramatizarem a violência física/simbólica que vivem no meio social/familiar; a violência imprime marcas na linguagem e por ser um fenômeno que pertence à ordem da cultura traduz, no mundo contemporâneo, a réplica da secular exclusão social, das condições de miséria humana e das ínfimas possibilidades de vida a que milhões de crianças estão brutalmente submetidas.

Excurso Sobre O Problema: Como É Possível a Sociedade?

Sociologia & Antropologia, 2013

Resumo Este texto foi originalmente publicado em 1908, em alemão, como parte da Soziologie - considerada a obra sociológica maior de Simmel. Ofereço aqui uma tradução deste. No texto propriamente dito, o autor tem em vista descrever e investigar três condições a priori na base das quais a sociedade empírica como a conhecemos seria possível. O próprio autor apresenta a discussão como um esboço teórico. Este é guiado por uma série de comparações positivas e negativas entre a natureza segundo Kant e a sociedade, e aborda (de maneira não sistemática, mas bastante pioneira, considerando o estado da arte de seu tempo) diversas questões que se tornariam centrais para a teoria social que estava por vir.