O Mito De Orfeu Nas Metamorfoses De Ovídio (original) (raw)

Salema (UFRJ) RESUMO A atual pesquisa consiste no estudo do mito de Orfeu a partir dos versos 1-85 do livro X das Metamorfoses de Ovídio. Este trabalho propõe-se a interpretar o mito através da depreensão das propriedades linguísticas e literárias presentes no texto latino, que, sem dúvida, conferem maior expressividade ao poema. Esse estudo, de fato, versa sobre um dos mitos mais célebres da mitologia grega, de Orfeu e Eurídice. Uma comovente história de amor, recontada pelo grande poeta latino Ovídio, exímio poeta na arte da versificação. Palavras-chave: 1. Ovídio, Metamorfoses. 2. Orfeu e Eurídice. INTRODUÇÃO O presente artigo apresenta uma proposta de tradução e interpretação do mito de Orfeu, presente nos versos 1-85 do Livro X das Metamorfoses de Ovídio. Por meio de uma análise voltada para a depreensão dos aspectos linguísticos e literários, objetiva-se evidenciar os elementos mais expressivos da linguagem poética do autor. Ovídio: vida e obra Públio Ovídio Nasão nasceu em 20 de março de 43 a.C. em Sulmona. Sua família era rica e tinha a origem eqüestre. Quando jovem, viajou para Roma, onde aprofundou seus conhecimentos das literaturas grega e romana e também estudou gramática, oratória e retórica. Recebeu instrução na escola de Aurélio Fusco e Pórcio Latrão, complementou seus estudos de filosofia em Atenas e foi para Ásia, Egito e Sicília. De volta à cidade de Roma, Ovídio encarregou-se de algumas funções públicas, mas decidiu se afastar dos tribunais, e deu preferência à arte de compor versos. Seus primeiros escritos, compostos entre 19 e 15 a.C., são Amoreselegias de amor publicadas em cinco livrose Heroidescartas de amor escritas em versos elegíacos. No ano I a.C., escreveu mais três obras: Ars Amatoria, Remedia Amoris e De medicamine faciei. Compôs também uma tragédia intitulada de Medea que não se preservou até os dias de hoje. Perfazem, ainda, a produção ovidiana, dois poemas menores Íbis e Halieutica. No primeiro, o escritor investe contra um amigo infiel, desejando a este todos os males possíveis; o segundo se constitui numa obra didática, em hexâmetros dactílicos, que trata dos peixes do Mar Negro. Outra obra de grandioso empreendimento foram as Metamorfoses, escritas em quinze livros em versos hexâmetros, em que se descrevem muitas histórias da mitologia grega nas quais toda espécie sofre uma mutação, do Caos à transformação de César. Juntamente com este livro, compôs Fastos, escrito em seis livros em dísticos elegíacos, em que são relacionadas as festas, os costumes e as lendas do calendário romano. Em 8 d.C., por motivos ainda obscuros, Ovídio foi enviado, por ordem de Augusto, ao exílio na cidade de Tomos, região muito distante de Roma, situada nas margens do Mar Negro. No mesmo ano, o imperador também exigiu que fosse retirada das bibliotecas públicas a Ars amatoria. Durante a viagem rumo ao desterro, o poeta deu início à composição dos Tristia, escrevendo os dois primeiros livros. No Ponto Euxino, longe da família e de todas as pessoas queridas, prosseguiu com a elaboração dessa obra e publicou mais três livros em 12 d.C. Nessa composição, em dísticos, apresentamse cinco livros cuja temática se concentra em lamentações e súplicas de regresso a Roma, dirigidas a Augusto. Nesse território hostil, escreveu também as Epistolae ex Ponto-quatro livros com a mesma temática dos Tristiaem que o escritor se dirige à família e aos amigos de Roma. Mesmo após a morte de Augusto, em 14 d.C., Ovídio ainda alimentou a esperança de voltar à sua terra, obtendo o perdão de Tibério, o sucessor do império. Chegou a escrever em língua géticafalada na região em que estava relegadoum poema que glorificava a Augusto e a Tibério, mas foi tudo em vão. Após diversas tentativas de obter a liberdade, Ovídio morreu em Tomos no ano 18 d.C. Ovídio mostrou-se um exímio poeta na arte da versificação, com um talento esplendoroso. Foi, pois, considerado um dos maiores poetas elegíacos latinos.