Livros didáticos e desafios para a história indígena (original) (raw)

Resumo: O presente trabalho reflete brevemente a respeito da construção histórica da representação do índio na historiografia brasileira e sobre a maneira como essa representação emerge nos livros didáticos de história voltados para o ensino fundamental. A reflexão é construída com base na análise de livros do 7º ano, publicados em período posterior à lei 11.645/2008, e utilizados pelos professores/as no ensino de História no município de Marabá, estado do Pará, ressaltando a questão do preconceito, racismo e invisibilidade presente tanto na história escrita quanto nos manuais pensados para ministrar o conhecimento histórico. A análise aponta para alguns avanços, mas também para a permanência de equívocos e estereótipos, característicos da representação historicamente construída. Neste sentido, procura-se pensar sobre os desafios e possibilidades que os docentes se deparam atualmente para abordar a questão indígena em sala de aula. Palavras-chave: Índios. Livro didático. Historiografia. Ensino de História Indígena. _____________________________________________________________________________________ Considerações Iniciais Durante muito tempo os indígenas ocuparam um lugar secundário na historiografia e foram caracterizados pelos colonizadores europeus a partir de referências e padrões estrangeiros. Para tornar inteligível a diferença dos povos nativos, os europeus estabeleceram classificações e descrições, frequentemente carregadas de preconceitos e estereótipos. É preciso ter em vista que essas representações não marcam apenas as cartas dos primeiros viajantes, mas em grande medida fundamentam também a percepção que parte da sociedade nutre ainda hoje a respeito dos povos indígenas. Elas estão presentes ainda nos livros didáticos de história, que em alguns casos são o único recurso didático disponível em escolas públicas espalhadas pelo país. A escola, como um espaço de interação entre grupos diferentes em que se constrói diálogos e socializações de conhecimento, é, ou pelo menos deveria ser, um ambiente favorável para a desconstrução dos estereótipos, dos preconceitos e da invisibilização a que são relegados determinados temas e grupos sociais. Enfatiza-se, neste sentido, a importância da abordagem em sala de aula da história dos índios no Brasil e da diversidade de contextos e culturas que ela implica. Segundo Manuela Carneiro da