Um pássaro rebelde: Violência simbólica e subversão feminina na ópera "Carmen" (original) (raw)
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Subjetividades femininas na ópera oitocentista: notas sobre Norma, La Traviata e Carmen
Artigo, 2018
Além da importância musical e teatral, as óperas oitocentistas representam, na cultura ocidental, uma inestimável importância narrativa-textual que proporcionou, junto com a cultura literária e artística da época, a configuração de subjetividades de gênero, especialmente aquelas relacionadas ao feminino. As análises de Norma, La Traviata e Carmen permitem avaliar as subjetividades femininas que eram representadas por suas protagonistas e como elas se relacionavam com seus desejos, afetos e pares amorosos. Partimos de uma leitura feminista e de gênero que tem por objetivo estudar as múltiplas possibilidades que o feminino foi representado nesta arte, vinculando-o com as principais agências que se tornaram responsáveis pela produção das subjetividades das mulheres do século XIX e que se estendem até os dias atuais: sexualidade, amor, filhos e matrimônio.
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Além da importância musical e teatral, as óperas oitocentistas representam, na cultura ocidental, uma inestimável importância narrativo-textual que proporcionou, junto com a cultura literária e artística da época, a configuração de subjetividades de gênero, especialmente aquelas relacionadas ao feminino. As análises de Norma, La Traviata e Carmen permitem avaliar as subjetividades femininas que eram representadas por suas protagonistas e como elas se relacionavam com seus desejos, afetos e pares amorosos. Partimos de uma leitura feminista e de gênero que tem por objetivo estudar as múltiplas possibilidades que o feminino foi representado nesta arte, vinculando-o com as principais agências que se tornaram responsáveis pela produção das subjetividades das mulheres do século XIX e que se estendem até os dias atuais: sexualidade, amor, filhos e matrimônio.
A construção musical da feminilidade na ópera Il Guarany (Carlos Gomes
Resumo: Pretendemos neste artigo analisar de que forma Cecília, a única personagem feminina da Ópera Il Guarany, de Carlos Gomes, é representada através das estruturas verbais e musicais. Como protagonista, ela angaria a centralidade da ação da ópera, e todos os personagens masculinos preponderantes orbitam a personagem através de formas diferentes de amor e desejo. Em sua trajetória dramática ela translada o caminho de jovem ingênua à mulher dona de seu erotismo, apresentando elementos musicais representativos destas novas posturas perante a sua sexualidade Palavras-chave: Il Guarany; Carlos Gomes; ópera; análise musical; musicologia de gênero The construction of femininity in the opera Il Guarany (Carlos Gomes) Abstract: In this article, we intend to analyze how Cecilia, the only female character in the Opera Il Guarany, by Carlos Gomes, is represented through the verbal and musical structures by her author. As the protagonist, she captures the centrality of the opera's action, and all the predominant male characters orbit the character through different forms of love and desire. In her dramatic trajectory she translates the path from a naive young woman to the woman who control her eroticism, presenting musical elements representative of these new attitudes towards her sexuality Introdução As técnicas de construção de uma inflexão retórica e emocional em música não são naturais, mas frutos de uma elaboração consciente surgida no século XVII, com o nascimento da ópera. Desabrocharam com a finalidade de dar suporte aos dramma per musica ou favola in musica do stile rappresentativo, estruturando um vocabulário musical capaz de representar a essência dramática do personagem (seu caráter temático) e as ações do enredo (narrativa figurativa). É uma semiótica musical que, naturalizada, expandiu seus horizontes para além dos âmbitos dos estilos vocais da ópera, transbordando para a música instrumental, sendo suas metáforas utilizadas até hoje (McCLARY, 1989, p. 203). A obra teatral (musicalizada ou não) reflete uma estrutura de poder inerente à realidade nela representada. Desta mesma forma, a caracterização da natureza masculina ou 1 Orientador: Professor Doutor Carlos Palombini
Do rito ao palco: inversão de gênero e performance nas Tesmoforiantes, de Aristófanes
Nuntius Antiquus, 2020
Das onze comédias remanescentes de Aristófanes, três utilizam a inversão de papéis de gênero em que as mulheres são representadas exercendo funções convencionalmente desempenhadas por homens. Lisístrata (411 a.C.) e Assembleia de mulheres (392 a.C.) tratam da intrusão da figura feminina nos espaços públicos de Atenas – Acrópole e Ágora respectivamente, prefigurando a participação delas na vida política e econômica da cidade. Em Tesmoforiantes (411 a.C.), entretanto, temos o reposicionamento em torno da batalha dos sexos e do travestismo de gênero, o que compreende o domínio da estética e do visual, que se projeta no próprio teatro. Em vez do confronto coletivo de homens e mulheres, a peça dirige as ações das mulheres contra um único alvo masculino – o poeta trágico Eurípides. Salvas do constrangimento social e dos padrões convencionais que as mantêm dentro do oîkos, silenciosas e inertes em espaços públicos do discurso e da ação, no palco da comédia as mulheres são representadas com...
A mais violenta das artes : expressão não-intencional e emancipação política no romantismo musical
Resumo: Este artigo visa a discutir as mudanças no conceito de expressão a partir do romantismo musical, em especial, a partir de Chopin. Ele defende que o conceito romântico de expressão ainda guia eixos importantes da estética contemporânea. Abstract: This article aims to discuss the changes in the concept of expression upon the musical romanticism, specially upon Chopin. The article sustain the idea that the romantic concept of expression still guide some important discussion in contemporary aesthetics.
Uma adaptação operística ó’As Aves de Aristófanes na Alemanha de Weimar
Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos, 2014
Este artigo propõe uma comparação entre a ópera Die Vógel de Walter Braunfels (1882-1954) e a comédia ,4s Aves de Aristófanes (segunda metade do séc. V a.C.), que a inspirou. Se, por um lado, a retomada da comédia grega, num contexto histórico e cultural diverso, explicita sua recepção na modernidade, por outro, a escolha dessa obra específica e as adaptações a ela propostas são significativas para que se possa compreender o período que a suscitou.
A FEMINILIDADE DA SERPENTE Subversão, simbologia e sugestão no contexto fiinissecular
Revista RiCognizioni, 2021
RESUMO: Não parece exagerado afirmar ter sido a serpente um dos animais cuja simbologia menos se alterou ao longo da história do imaginário ocidental. Conhecido como “serpente”, “cobra”, “víbora” ou “áspide”, de uma forma ou outra, esse réptil ganhou seu espaço, talvez pelo medo que é capaz de suscitar. Visto sempre com desconfiança, desde o Éden bíblico, banalizou-se como símbolo do mal em diferentes culturas e épocas. Na conjuntura finissecular, no entanto, adquiriu conotação sutilmente divergente, pois, mesmo quando designava algum aspecto negativo, este, a partir da subversão de valores comuns à literatura da época, pode se tornar positivo (como a visão da morte como algo desejado, por exemplo). No caso, a serpente passou a sugerir o feminino e, mais especificamente, a feminilidade, sugerindo mistério, perigo, sensualidade. Não por acaso foi uma das imagens animalistas mais utilizadas por Charles Baudelaire, tão preocupado como era em representar o feminino de forma transgressora e menos usual. Por consequência, tornou-se imagem importante para poetas simbolistas e decadentes que buscavam nas “flores” baudelairianas imagens nas quais se inspirar, e, dentre estes, nomeadamente, para os autores de língua portuguesa, como Camilo Pessanha, Eugénio de Castro e Cruz e Sousa, em cujas obras abundam as sinuosas figuras ofídicas. A partir desse contexto, o presente trabalho pretende mapear a presença das serpentes na poesia finissecular em contextos francófonos e, particularmente, lusófonos, bem como analisar em qual medida houve renovação ou continuidade da tradição na forma como foi representada nesse período, em contraste com a forma como se cristalizou no imaginário das poéticas anteriores. Abstract: The Femininity of the Serpent: Subversion, Symbolism and Suggestion in the Fin de Siècle Context. The serpent has been arguably one of the animals whose symbolic meanings varied little during the history of Western imaginary. Known as serpent, snake, viper, or asp, this reptile has marked its territory, perhaps owing to its capacity for rousing fear. Usually regarded as suspicious since the biblical Eden, it has become the sign of evil throughout different cultures and ages. At the end of the 19th century, nevertheless, the serpent imagery acquired a subtly different connotation: whenever its negative aspects were employed, they were subverted so as to become a positive quality, following the thought pattern in the contemporary literature, in which, for instance, death could be seen as desirable. The serpent, then, was thus associated with the female and, more specifically, with femininity, which turned the symbol into a sign of mystery, danger, and sensuality. Publicado em: https://www.ojs.unito.it/index.php/ricognizioni/article/view/5801
Godard contra a adaptação: Carmen e outras histórias do cinema
Aletria: Revista de Estudos de Literatura
Resumo: Através do estudo da obra cinematográfica de Jean-Luc Godard e de seus escritos sobre o cinema, esse texto procura colocar em relevo certos aspectos do pensamento do cineasta que constituem uma verdadeira teoria da adaptação. Privilegia-se a análise de seu filme Prénom Carmen (1983), uma adaptação livre do conto homônimo de Prosper Mérimée.Palavras-chave: adaptação literária; roteiro; imagem e texto; Godard.: This study on Jean-Luc Godard’s movies and cinematographic critical writings intends to emphasizes some aspects of the movie director’s thought that constitute a real theory of literary adaptation. We mainly analyse the film Prénom Carmen (Godard, 1983), a free adaptation of Prosper’s Mérimée novel.Keywords: litterary adaptation; screen-play; image and texte; Godard.
Volúpia de ser pássaro: o canto-resistência dos “Poemas aos homens do nosso tempo”, de Hilda Hilst
Opiniães
O presente trabalho pretende explorar a resistência poética de Hilda Hilst, com base na leitura dos “Poemas aos homens do nosso tempo”, pertencentes à obra Júbilo memória noviciado da paixão (1974). O contexto de publicação remonta ao período da ditadura militar, marcado pela censura, a ausência de liberdade e a supressão dos direitos humanos. As obras de arte possuíam, sob a forma de um imperativo, o compromisso de posicionar-se diante dos acontecimentos concretos da realidade. Neste sentido, pretende-se refletir acerca das contribuições e das limitações da noção de engajamento proposta por Jean-Paul Sartre (1989). Como um ato fundamental de amor, o canto-resistência hilstiano manifesta-se no esforço de restabelecer o élan fraterno entre os seres humanos e destes com a palavra poética. Os poemas da escritora conferem grandeza à arte, tendo em vista que cabe ao poeta o papel primordial de repensar criticamente o mundo.