“Amante, amásia, transeira e subversiva”: as representações de Iara Iavelberg na grande imprensa durante a ditadura civil-militar (original) (raw)
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Mulheres jornalistas e ditadura civil-militar no Brasil
Revista Extraprensa, 2019
Frente às desigualdades de gênero, este trabalho reflete sobre atuações e contribuições de mulheres repórteres na investigação jornalística. Analisa métodos de apuração, fontes consultadas e a composição narrativa a partir de um corpus formado por três livros-reportagem de jornalistas investigativas sobre a ditadura civil-militar brasileira. Inicialmente, foram identificados 22 livros com este perfil, publicados entre 1986 e 2018, a partir de levantamento de 125 livros de autoria de jornalistas envolvendo a temática. Para uma análise detalhada e aprofundada, a pesquisa se concentra em movimentos da análise crítica da narrativa (MOTTA, 2013), a fim de alcançar um panorama sobre as contribuições de mulheres jornalistas na investigação do período autoritário. Os dados denotam uma participação ainda tímida, mas fundamental para a reconstituição mais plural de memórias e histórias de resistência à ditadura, com ênfase em possibilidades estéticas.
Imprensa alternativa durante a ditadura militar: entre contracultura e marxismo
XIII Encontro Nacional de História da Mídia (Alcar), 2021
O artigo tem por objetivo tecer algumas reflexões sobre a divisão simbólica entre esquerdas no lócus da imprensa alternativa brasileira durante a ditadura militar. Do ponto de vista teórico, a pesquisa se ampara na discussão histórica sobre imprensa alternativa e a sua relação com as esquerdas do período. Na vertente metodológica, busca-se, a partir da divisão categórica de Bernardo Kucinski (2018), entre jornais existenciais e jornais políticos, compreender como essa ramificação no subcampo da imprensa alternativa manifestou-se nos depoimentos de jornalistas resistentes à ditadura. Como resultado, apreende-se que o tensionamento em questão, influenciado por movimentos político-culturais mais amplos, foi responsável por estruturar aspectos éticos, estéticos e organizacionais dos periódicos alternativos.
Representações da mulher na propaganda durante a ditadura militar no Brasil
Scientia Plena, 2014
Resumo: A história da publicidade permite considerar que a imagem da mulher é continuamente veiculada a partir de estereótipos construídos para o gênero, os quais invariavelmente acentuam uma condição de subalternidade feminina. Analisar representações de mulheres na publicidade constitui o objetivo geral do presente trabalho, em específico, as veiculadas na mídia impressa durante o período caracterizado pela ditadura civil militar no Brasil (1964-1985) e disponíveis on-line. Desse modo são apresentados alguns anúncios que trazem por temática a mulher na publicidade durante a ditadura no Brasil. Entre outros resultados, ressalta-se que, apesar da ditadura ser caracterizada, sobretudo, pela repressão e negação dos direitos civis, as mulheres transgrediram a ordem estabelecida, demarcando uma ruptura e problematizando a tradicional hierarquia de gênero, ainda que nem sempre a publicidade tenha representado esse fato em seus modos de produção. Pelo contrário, algumas vezes chegou a desconsiderar o protagonismo político feminino, desconstruindo ou minimizando a mulher como sujeito ativo da história. Palavras-chave: História das Mulheres; História da Propaganda e Publicidade; Ditadura Civil-Militar. Woman's representation in advertising during the military dictatorship in Brazil
Boletim do Tempo Presente, 2024
Este artigo tem por objetivo analisar os discursos de memória sobre a ditadura brasileira e as esquerdas revolucionárias no período vinculados no livro Iara: reportagem biográfica (1992), da jornalista Judith Patarra –biografia de Iara Iavelberg (1944-1971), judia paulistana assassinada pela ditadura. Serão utilizados os conceitos de memória e história, aliados à corrente historiográfica que propõe que, a partir da segunda metade da década de 1970, formou-se uma memória dominante crítica ao período da ditadura no Brasil.
Grafipar Edições: uma reação erótica à ditadura militar
Revista Internacional de Folkcomunicação
Durante a primeira década da ditadura-civil militar, uma editora curitibana – a Grafipar –, de propriedade de uma família muçulmana, deixa de publicar livros de história e atlas e passa a investir no ramo de “revistas adultas”. Torna-se um polo nacional do gênero, chegando ao ápice de 49 títulos, 1,5 milhão de exemplares mês e 1,5 mil cartas/mês de leitores. Entre seus colaboradores, jornalistas malvistos pelo regime e intelectuais à esquerda, como os poetas Paulo Leminski e Alice Ruiz. Em meio aos então chamados “nus artísticos”, uma pequena de rede de intelectuais, de forma anônima, orientava a redação, num claro combate ao obscurantismo. Este artigo explora a resistência jornalística e intelectual disfarçada no conteúdo erótico. E o “lugar difícil” da qualificação desse material, que ficou à margem da chamada imprensa alternativa. Imprensa alternativa; revistas eróticas; comportamento.
Travestis e transexuais no jornal ‘Lampião da Esquina’ durante a ditadura militar (1978-1981)
Dimensões
Esse artigo analisa as representações das travestis e transexuais nos discursos do jornal Lampião da Esquina entre 1978 a 1981, período de circulação do periódico. O Lampião foi um marco na defesa da diversidade sexual e de gênero durante a ditadura militar, por sua influência na construção e lutas do movimento homossexual no Brasil. O estudo dessa fonte permite, por um lado, conhecer a resistência às ações violentas do regime autoritário contra travestis/transexuais. Por outro lado, possibilita compreender como a travestilidade e a transexualidade estavam sendo representadas no imaginário de um jornal homossexual em pleno Estado de exceção no Brasil.
19º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, 2021
O artigo pretende compreender como os jornalistas que realizavam oposição à ditadura militar brasileira no escopo da imprensa alternativa se relacionaram com o campo jornalístico e com os mecanismos de repressão do período autoritário em questão. Parte-se do princípio de que esses agentes compartilhavam um ethos de resistência jornalística em contraposição às posições dominantes do campo. O corpus analítico é composto por seis depoimentos fornecidos ao projeto Resistir é Preciso, iniciativa do Instituto Vladimir Herzog. Do ponto de vista teórico, vale-se das categorias de ethos, campo e capital oriundas da proposta sociológica de Pierre Bourdieu. Procurou-se identificar categorias de análise a partir dos relatos memorialísticos. Infere-se que o ethos desses agentes pode ser analisado sob a ótica de quatro categorias: 1) Sentimento de insuficiência com a imprensa convencional; 2) Disposição contestatória; 3) Oposição à estrutura organizacional tradicional do jornalismo; e 4) Estratégias comunicacionais de enfrentamento e burla.