Para a critíca da visão idealista da relação mercado e Estado (original) (raw)
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Estado e mercado: Uma perspetiva institucionalista e relacional
Revista Crítica de Ciências Sociais, 2011
As relações estado/mercado carecem de uma visão holista das relações entre as dinâmicas materiais e relacionais da sociedade, por um lado, e entre estas e as dinâmicas institucionais, por outro. sendo o estado a-instituição-das-instituições, ele comporta mecanismos essenciais à própria existência de mercados, que não são dados "naturais". Conceber o estado, o mercado e a sociedade como entidades opostas é, pois, errado. Certeira é a perspetiva institucionalista que, ancorada em Polanyi, propõe uma abordagem política do estado e do mercado. As economias são, de facto, sistemas institucionais de produção onde, aliás, a espessura material do estado enquanto organização e administração é relevante. Por isso, a perspetiva institucionalista precisa de ser refinada, para mostrar que o estado não é só uma entidade político-jurídica. esta é uma das finalidades centrais deste texto. Palavras-chave: estado; economia política; institucionalismo; instituições; mercado; relação estado-mercado. É nossa opinião que a vida económica pode ser compreendida muito mais claramente se houver um esforço para analisá-la integralmente.
A relação Estado-mercados na perspetiva do Institucionalismo Original
Revista Critica De Ciencias Sociais, 2011
Neste artigo faz -se a resenha de alguns dos argumentos que questionam radicalmente a teoria económica neoclássica da relação entre o Estado e os mercados e identificam -se as fragilidades metodológicas fundamentais dessa teoria. Em alternativa, apresenta -se uma interpretação da metodologia fundadora do Institucionalismo Original, a corrente de economia política iniciada por Thorstein Veblen. O texto apresenta uma visão da economia e dos mercados como instituições emergentes, em correspondência com uma metafísica dos sistemas sociais entendidos como processos complexos, auto--organizados e interativos. A relação entre o Estado e os mercados é analisada à luz desta interatividade institucional. Colocando em destaque a coevolução entre Estado e mercados, o texto atribui à política industrial um lugar central nos processos de desenvolvimento económico.
Democracia de mercado: a mente (totalitária) aprisiona
Ciência política global: perspectivas de estudos culturais e pós-colonialismo, 2021
O presente capítulo, entre o lírico e o épico - a poesia de Czeslaw Milosz e a Teoria do Valor em Robert Kurz -, é um contributo à crítica do “atual” campo histórico e sua idiossincrática democracia de mercado. Neste contexto, busca elucidar que o recrudescer da barbárie é resultante da incapacidade dos Estados nacionais em lidar com as contradições internas do sistema de produção social vigente. Não obstante, da miopia ideológica (conservadores e progressistas) em propor alternativas críveis para romper com os grilhões da precariedade que se alastra globalmente. Deste modo, resgata o mito da cordialidade para justificar as raízes coloniais e escravocratas do Estado brasileiro. Para tanto, seguirá a orientação metodológica desvelada por pensadores da Teoria Crítica (aparentemente diversos) como Hannah Arendt, Sérgio Buarque de Holanda, Judith Butler, David Harvey, Achille Mbembe, Walter Benjamin entre outros, para mergulhar nas profundas águas do fetiche (aparência superficial do objeto/sujeito a ser estudado) para descobrir o aparato conceitual teórico e capturar os movimentos subjacentes dos processos sociais. Desta maneira, lembrando um pescador de ostras, retornam à superfície com as pérolas selecionadas e buscam apreender a dinâmica da Vida social sob uma nova perspectiva. Somente a capacidade de pensar sem medo pode romper com a lógica totalitária e libertar as mentes aprisionadas.
RCCS_A relação Estado-mercados na perspectiva do Institucionalismo Original
A relação Estado-mercados na perspetiva do Institucionalismo Original Neste artigo faz-se a resenha de alguns dos argumentos que questionam radicalmente a teoria económica neoclássica da relação entre o Estado e os mercados e identificam-se as fragilidades metodológicas fundamentais dessa teoria. Em alternativa, apresenta-se uma interpretação da metodologia fundadora do Institucionalismo Original, a corrente de economia política iniciada por Thorstein Veblen. O texto apresenta uma visão da economia e dos mercados como instituições emergentes, em correspondência com uma metafísica dos sistemas sociais entendidos como processos complexos, auto-organizados e interativos. A relação entre o Estado e os mercados é analisada à luz desta interatividade institucional. Colocando em destaque a coevolução entre Estado e mercados, o texto atribui à política industrial um lugar central nos processos de desenvolvimento económico. Introdução No período entre a Segunda Grande Guerra e os anos setenta do século XX predominou no Ocidente um tipo de economia capitalista que alguns auto-res designaram por economia mista, uma economia em que o Estado punha em prática políticas que regulavam mais ou menos apertadamente os mer-cados, redistribuía o rendimento gerado através de impostos e prestações sociais, protegia os cidadãos de alguns riscos e detinha empresas em alguns setores da economia. A intervenção do Estado no funcionamento dos mercados foi justifi-cada pela teoria económica com recurso à ideia de que, em concreto, os mercados não funcionam exatamente nos termos do Modelo de Equilíbrio Geral (MEG) proposto no século XIX por Leon Walras, um dos fundadores da corrente neoclássica. Vilfredo Pareto, seu discípulo, desenvolveu o pen-samento do mestre através de uma abordagem particular das preferências dos indivíduos. Estas determinariam as suas escolhas e, em última análise,
"O Estado-mercadoria e o fim da democracia"
Público, 2011
Quem reina agora são os especuladores ("jazemos e possuímos"). As agências de rating são os seus oráculos A dominação não basta. É necessária uma ideologia da dominação. A maioria não conta. O que conta é a ideologia que a submete à minoria. Todo o poder consiste no controlo de uma maioria por uma minoria. Essa é também a essência de qualquer regime democrático. A ideologia da dominação garante à minoria a eleição pela maioria. A ideologia é uma crença. Fazer crer é aquilo em que se traduz o argumento político. Os meios de comunicação são o teatro. A estética, a ilusão perfeita. A "verdade" virtual sobrepõe-se à verdade real. Não se pode arrancar a máscara: já está colada à cara. As televisões vendem imagens. Os seus clientes são empresas de publicidade. O mercado garante a equivalência das mercadorias. Aquilo a que chamamos "informação" é apenas uma delas. O pluralismo ideológico é uma espécie de estante de supermercado no meio do shopping global. Este é o pluralismo a que temos direito. O pluralismo do consumo, e não o da cidadania. O mercado reduz tudo a mercadoria, incluindo a justiça, a educação, a saúde, o saber, a arte, o sexo, a religião e, é claro, a política. O mercado toma o lugar da ideologia na exacta medida em que se transforma na mais "diáfana" das ideologias: aquela que se dissimula a si própria e nos aparece sob a forma de mera "duplicação daquilo que já é". Agora chegou a vez do Estado. A constituição política, os direitos fundamentais, os órgãos de soberania, os partidos, as eleições parecem relegados para o museu das velharias inúteis. Os verdadeiros órgãos do poder político já não estão em Portugal, nem sequer na União Europeia, muito menos respondem perante o eleitorado.
Quando o político inglês Edward Burke designou a imprensa como quarto poder, nos idos de 1787, não poderia imaginar que seu termo seria recorrentemente utilizado na contemporaneidade.23 Contudo, para um amplo entendimento de sua proposta, fatores históricos preponderantes devem ser considerados. Ainda que não se trate de uma longa revisão do jornalismo como epistemologia, dando conta de seu amplo desenvolvimento ao longo dos anos, o presente artigo pretende resgatar algumas questões pontuais sobre o lugar que o jornalismo ocupa nas Ciências Sociais.
Estado, mercado, estatais e concorrência: "modos de fazer"
Conjur, A Terra é Redonda - eppur si muove..., 2021
Estado, mercado, estatais e concorrência: "modos de fazer" Os mercados não são meros espaços nos quais decisões lógicas são tomadas por agentes racionais, sendo tais interações entre demanda e oferta passíveis de tradução em gráficos, tal qual a caricatura da economia neoclássica e suas variações incutem rotineiramente no debate público. Mercados são instituições sociais, determinadas por cultura enraizada e variável, distintas detenções de poder e por específica e dinâmica disciplina jurídica. A percepção de que "o mercado é uma instituição jurídica" ou de que "o capitalismo é um modo de produção jurídico" são muito mais próximas à realidade do que a caricatura dos agentes racionais buscando suas vantagens no fantástico mundo ceteris paribus. Por isso, a escolha de como organizar empresas estatais em uma economia como a nossa, em que sempre foi evidente (i) a ausência de apetite do capital privado nacional e estrangeiro pela assunção do grande risco tecnológico e, (ii) pelo contrário, sua grande predileção pelo investimento de baixo risco e alto rendimento expressado pelos serviços públicos cobertos por regime jurídico protetivo, é estratégica. Essa escolha termina por impactar, simultaneamente, o incentivo (i) ao aumento de escala e escopo dos investimentos em tecnologia e (ii) à democratização de utilidades básicas, diretamente vinculadas à dignidade humana e aos objetivos da República insculpidos no art. 3º. da Constituição Federal.
Que estado para o mercado liberal? A propósito do pensamento de Karl Polanyi
2011
A base de análise deste estudo é o pensamento de Karl Polanyi, no âmbito da sua obra A Grande Transformação. Autor crítico que presenciou as duas grandes guerras do século XX e que teorizou uma nova forma de encarar o sistema económico, colocando em causa o sistema liberal e o seu mercado auto-regulador. Partindo da teoria conceptual do liberalismo que tem sido imposta pelo sistema internacional, este estudo tem como objectivo compreender a actualidade do pensamento de Karl Polanyi e avaliar a actualidade do pensamento do autor. Discussão actual de um momento histórico que nos tem mostrado um Estado simultaneamente intervencionista e liberal, o que pressupõe que estamos a passar por uma fase de transição no panorama internacional; ABSTRACT: The base of investigation of this study is the thought of Karl Polanyi, in his work The Great Transformation. He was an author critic who witnessed the two great wars of the twentieth century and theorized that a new way of viewing the economic s...
Tal mercado, tal príncipe: o paradigma da perfeição na economia política burguesa
2009
The following master research seeks to approach the relations between political theory, history of ideas and ideology analysis. Starting from the hypothesis that “the functioning of the ‘perfect market’ supposes the existence of a ‘perfect tyrant’”, our aim is to investigate the connections between economy and politics, deeply marked by the ideals of perfection that rounds the ideas of perfect prince and perfect market. Therefore, we adopt the hypothesis of Gisalio Cerqueira Filho and Gizlene Neder. This hypothesis argues that the ideals of perfection are nailed in the social political imaginary, due to the “long term permanencies” of religious thought with thomist stress. The analysis will be therefore centered at the tracing of the expressions invisible hand (Adam Smith) and bellum omnium contra omnes (Thomas Hobbes), because they figure as key-ideas for those who seek to comprehend the bourgeois order.