Variação, mudança, letramento e tecnologia (original) (raw)

Variação, mudança e estilística: demonstrativos

I Simpósio Mundial de Estudos da Língua Portuguesa, São Paulo, 1-5 setembro 2008, 2008

Linguistic variation, constitutive of human language, manifests itself differently according to different factors. To understand how this variation manifests itself in literary texts, we conducted an analysis of the linguistic behavior of demonstratives in eight works of a Brazilian (carioca) author , written between 1986 and 2006. The results showed that in the period considered (a) linguistic variation in the use of demonstratives effectively manifested in the works analyzed, (b) there were changes in the pattern of use of the demonstratives of a work to another and (c) patterns of use found don't coincide with the standard oral pattern of the city of Rio de Janeiro or with the standard advocated by grammars, being marked by hipercorrection, which gives it a particular pattern (own style). // A variação lingüística, constitutiva da linguagem humana, manifesta-se de forma diferenciada segundo diversos fatores. Para compreender como essa variação se manifesta em textos literários, realizou-se uma análise do comportamento lingüístico dos demonstrativos em oito obras de um autor brasileiro carioca, escritas entre 1986 e 2006. Os resultados permitiram verificar que, no período considerado, (a) a variação lingüística no uso dos demonstrativos se manifesta efetivamente nas obras analisadas, (b) houve mudanças no padrão de uso dos demonstrativos de uma obra para outra e (c) os padrões de uso encontrados não coincidem com o do padrão culto oral da cidade do Rio de Janeiro nem com o da norma preconizada pelas gramáticas, sendo marcados por hipercorreção, o que lhe confere um padrão particular (estilo próprio).

Variação linguística e sua inter-relação com letramento

Tabuleiro de Letras

Associando a variação linguística aos processos de letramento, levantamos a problemática de como esses dois temas se relacionam com a fala de pessoas de baixa escolaridade em ambientes industriais com exigências de práticas letradas. O objetivo esteve em analisar realizações de concordância verbal em 3ª pessoa (CV3) de trabalhadores da cidade de São Luís, MA, de baixa escolaridade. Como hipótese, estabeleceu-se, inicialmente, que a vivência em espaços laborativos letrados interfere no aspecto linguístico de concordância verbal desse trabalhador. Ancoramo-nos em trabalhos de estudiosos como Street (2014 [1995]), (1991); Kleiman (1995), Kleiman e Assis (2016), Labov (2006[1968]; 2008[1972]), Weinreich, Labov e Herzog (2006 [1968]), Lucchesi (2015a, 2015b), Bortoni-Ricardo (2011, 2014), Mollica (2014) e Castilho (2016). Desenvolvida a partir do método sociolinguístico, trata-se de pesquisa quali-quantitativa cujo corpus foi extraído da fala dos indivíduos, a partir de aplicação de even...

Letramento e diversidade textual

Cara Professora, Caro Professor, 2006

Ler é melhor que estudar." Esta frase de Ziraldo, já famosa, virou botton e foi carregada do lado esquerdo do peito por parte de nossa juventude. Ela nos remete à ineficiência da escola e à sua distância em relação às práticas sociais significativas. Um depoimento da cantora Miúcha, irmã mais velha de Chico Buarque e filha de Sérgio Buarque de Hollanda, historiador de Raízes do Brasil , pode nos esclarecer a razão da unanimidade desta parcela da juventude sobre como se aprende a ler fora da escola: "Sua [de Sérgio] influência sobre Chico e os outros filhos se dava de forma sutil. As paredes da casa da família eram cobertas por livros, e o pai incentivava a leitura através de desafios. 'Ele não ficava falando para a gente ler', conta Miúcha. 'Mas era um apaixonado por Dostoievski, conversava muito sobre ele. Nós todos líamos. E tinha Proust, aquela edição de 17 volumes. Ele dizia, desafiando e instigando: 'Proust é muito interessante, vocês não vão conseguir ler, é muito grande. Ah, mas se vocês soubessem como era madame Vedurin...' Aí todo mundo pegava para ler" (Regina Zappa, Chico Buarque, pp. 93-94). * ROJO, Roxane. Letramento e diversidade textual. In: Boletim 2004, Alfabetização, leitura e escrita, programa 5. Disponível em: <www.

Natureza da mudança e aceleração tecnológica

2003

Desejo que deste breve artigo, decorra algum esclarecimento sobre o alcance das matérias da área da Sociologia Histórica. Um dos principais objectivos da Sociologia Histórica reside em pretender compreender a modificação conjuntural, recorrendo à identificação das estruturas de longa duração. No que conceme a este artigo: se é certo que toda a alteração se fez, ao longo dos tempos, na via do alargamento da informação, do conhecimento e do desenvolvimento, não é menos certo que o momento actual sugere uma alteração qualitativa, radical, com fortes probabilidades de modificação da própria condição humana. O título dese artigo comporta em itálico, a palavra «natureza». Quero com isso tomar claro que não é meu objectivo imediato, abordar, filosoficamente, o conceito de natureza para cuja complexidade (se bem que «amiga» de um encontro entre ciências, em interdisciplinaridade), peço a ajuda dos especialistas... Agradeço ainda a vossa compreensão para a hipótese de, ao franquear as (legítimas) fronteiras das diversas matérias, tomar menos profícua a tarefa a que me propus, com a seguinte Súmula Aproximação à natureza da mudança, bem expressa no Relatório do Desenvolvimento Humano-2001-elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento: «Tal como a máquina a vapor e a electricidade aumentaram o poder físico, para tomar possível a revolução industrial, os processos digitais e genéticos estão a aumentar o poder do cérebro». Lembrar alguns dos contributos das modernas tecnologias, sobre o alcance das quais, já em 1968, Henri Laborit vaticinara: «no estádio de mundiali-Dep. de Sociologia (área: Sociologia Histórica).

Variação e Mudança Na Fala e Na Escrita: Caminhos e Fronteiras

Revista Textos Linguisticos, 2014

Resumo: Este texto discute a contribuição da pesquisa variacionista de base laboviana para o entendimento da entrada de fenômenos variáveis na escrita brasileira em diversos gêneros discursivos. Nosso principal ponto é evidenciar que entram na escrita, em especial na escrita da mídia, variações linguísticas que não são estigmatizadas pela comunidade de fala mais ampla, ou aspectos variáveis mais encaixados linguisticamente, imperceptíveis do ponto de vista da marcação social. Com base nas evidências apresentadas, argumentamos que, diferentemente do senso comum, não é o registro da tradição gramatical que regula estas questões. Para tanto, apresentamos uma síntese e uma hierarquização de fenômenos linguísticos variáveis que entram na escrita padronizada. Os fenômenos abordados são (1) o futuro perifrástico, (2) a expressão gramatical do imperativo, (3) a expressão gramatical do objeto direto anafórico, (4) o uso de a gente na sua manifestação pronominal e (5) a concordância verbal de terceira pessoa do plural. Desta forma, consideramos que os resultados das pesquisas variacionistas podem contribuir, mais uma vez, para evidenciar que são as interações sociais, e não a tradição gramatical, que determinam, em primeiro plano, as dinâmicas linguísticas.

TECNOLOGIAS, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

A presente pesquisa é um estudo voltado para as tecnologias de informação e comunicação aliadas à educação, de modo especial, o vídeo no processo de ensino aprendizagem. Objetivou evidenciar as possibilidades e dificuldades, contribuições e potencialidades deste recurso no ensino fundamental e educação infantil. Adotou-se a pesquisa bibliográfica que busca por materiais já elaborados a fim de deixar o pesquisador sobretudo em contato com os materiais já elaborados sobre os sujeitos da pesquisa com uma abordagem qualitativa na qual busca uma análise crítica e reflexiva dos dados coletados. Analisou-se obras de autores reputados

LÍNGUA, VARIAÇÃO E ENSINO

Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande M e s t r a d o e m L e t r a s • U E M S / C a m p o G r a n d e I S S N : 2 1 7 8-1 4 8 6 • V o l u m e 3 • N ú m e r o 9 • m a r ç o 2 0 1 3 E d i ç ã o E s p e c i a l • H o m e n a g e a d a P R O F E S S O R A D O U T O R A M A R I A L U I Z A B R A G A RESUMO: Trato, neste ensaio, das relações entre língua, variação lingüística e o ensino da Língua Portuguesa, pelo viés da Sociolinguística. Embora esse campo de estudos tenha buscado eliminar preconceitos ao postular que todas as línguas e variedades são igualmente complexas, reconhecendo a heterogeneidade como propriedade inerente a todo sistema linguístico e a competência linguística dos falantes como atributo que o leva a selecionar formas alternativas disponíveis no sistema; o ensino da Língua Portuguesa ainda tem se pautado em uma tradição pedagógica que estabelece apenas uma variante como padrão, definindo-a, institucionalmente, como norma. A questão entre língua, variação e ensino, longe de ser de natureza puramente pedagógica, cruza fronteiras de ordem social que passam pela classe social do falante e pela aceitação institucional de variedades não-padrão, como integrantes do sistema de comunicação brasileiro. Buscando discutir essas questões, parto, inicialmente, de uma perspectiva histórica dos estudos lingüísticos, mobilizando teorias que refletem concepções da língua como constitutivamente homogênea, até chegar a sua compreensão como fenômeno eminentemente social. Na sequência, discuto questões que passam pelas políticas públicas, em sucessivos regimes, que negligenciaram as variedades faladas pela imensa maioria do povo brasileiro, chegando ao ensino da Língua Portuguesa na contemporaneidade. ABSTRACT: The issue of this essay is the relations between language, linguistic variation and Portuguese Language teaching, focusing on a Sociolinguistics approach, which has been trying to eliminate prejudice by saying that all languages and varieties are equally complex, as well as by recognizing variation as part of every linguistic system and the speaker competence as an attribute that takes him/her to choose different structures of the system, according to the context of the interaction. However, in spite of it, the Portuguese Language teaching still is focused on an educational tradition that accepts only one variant as standard, defining it, institutionally, as norm. The issue about language, variation and teaching is not only a concern of pedagogical nature, but also one that crosses the boundaries of social order, that pass through the social class of the speaker and through the institutional acceptance of varieties which are not standard as part of the Brazilian communication system. Seeking to discuss these issues, I start from a historical perspective of the linguistic studies, taking into consideration theories which consider the conceptions of language as elementarily homogeneous, and then I discuss language as a phenomenon eminently social. After, I discuss the public policy, in successive regimes, which neglected the varieties spoken by the majority of the Brazilians, and, finally, the Portuguese Language teaching nowadays.

Letramentos e mediação da tecnologia digital

Tecnologias, Sociedade e Conhecimento

Esta edição resulta do fluxo aberto e regular de submissões, avaliações e revisões de artigos científicos, relatos de experiência e resumos estendidos de teses e dissertações. Neste volume, a revista inclui 05 trabalhos assim distribuídos: três artigos científicos e dois relatos de experiência. As contribuições deste volume foram escritas por autores atuantes na comunidade brasileira de informática na educação, originários de instituições de cinco diferentes estados da federação (PR, RN, RO, RS, SP). Os trabalhos envolvem questões da informática na educação nos três níveis (Fundamental I, Fundamental II e Ensino Médio) e nos espaços educativos formais e não formais.