Arranjos da sobrevivência escrava na cidade de São Paulo do século XIX (original) (raw)

Demografia e família escrava em uma vila paulista, século XIX

2008

Regimes demográficos são um tema que tem preocupado os estudiosos da população européia desde os anos 1960. No caso do Brasil, apesar de a discussão desse tema na demografia histórica nacional remontar à década de 1980, através do trabalho pioneiro escrito por Maria Luíza Marcílio e, posteriormente (início dos anos 2000), retomada e ampliada por Sérgio Odilon Nadalin, os regimes demográficos têm recebido pouca atenção de nossos historiadores demógrafos. No intuito de avançar para a discussão sobre os regimes demográficos propostos para o passado brasileiro, este trabalho procura contribuir sobre os regimes demográficos da escravidão através da caracterização da demografia escrava e da reconstituição de trajetórias familiares de cativos em uma área voltada à criação de gado e ao abastecimento interno. Embora Nadalin tenha avançado em relação a Marcílio na reflexão do regime demográfico da escravidão ao incorporar novos elementos econômicos, socioculturais e demográficos, esses autores apresentam o regime demográfico da escravidão partindo de uma realidade muito mais próxima das plantations. Esperamos, dessa forma, chamar a atenção para a existência de trajetórias demográficas da população escrava diversificadas de acordo com o período e o contexto econômico em que se encontravam, além de trazer novos ingredientes para o estudo da escravidão.

Famílias escravas no norte paulista, século XIX▪

abep.nepo.unicamp.br

Este trabalho focaliza trajetórias de famílias escravas através do cruzamento nominativo de fontes. Ao todo, conseguimos identificar 211 famílias que pertenceram a 31 proprietários escravistas moradores na Vila Franca do Imperador durante o século XIX. A reconstituição dessas trajetórias foi em parte inspirada na bibliografia existente, no entanto, desenvolvemos uma metodologia tendo em conta as especificidades locais e que esperamos contribuir para o estuda da família escrava. Em nosso trabalho, estamos buscando não apenas caracterizar uma paróquia e suas famílias escravas a partir de um enfoque micro-histórico, mas também propor elementos para se pensar a família escrava oitocentista de uma perspectiva sociodemográfica: nupcialidade e legitimidade, idade ao casar e ao ter filhos e intervalo entre os nascimentos.

Sociabilidade negra na São Paulo do séc. XIX

Cadernos De Pesquisa Do Cdhis, 2011

O ritmo cotidiano da São Paulo do oitocentos foi fortemente marcado pelo movimento diário do ir e vir de escravos, libertos e africanos livres que, juntos, impuseram suas cores e sons à cidade. O presente artigo objetiva identificar a circulação dos libertos, africanos livres e escravos em São Paulo no século XIX, observando a apropriação de espaços da cidade e o estabelecimento de redes de convívio pelos mesmos. O espaço urbano foi pensado como lugar privilegiado para as trocas de experiências e para a elaboração de arranjos, os quais se mostraram fundamentais nos processos de alforrias de escravos e de emancipações de africanos livres.

Posse de escravos em São Paulo no início do século XIX.

Pesquisa-se a estrutura de posse de escravos, para dez localidades paulistas, no início do século XIX. Destacam-se o grande número de pequenos proprietários de escravos e a expressiva massa de cativos por eles possuídos. Coautor: Francisco Vidal Luna.

Os senhores e a distribuição da propriedade escrava no Rio de Janeiro do século XIX

História Econômica & História de Empresas, 2012

UFF "O branco foi feito para comandar e descansar, o negro para obedecer e trabalhar". Era assim que os senhores de escravos de todo o Brasil se expressavam, revelando sua concepção geral de organização do trabalho e da sociedade ou a "fórmula filosófica da sociedade brasileira", como tão bem registrou o viajante francês Charles Expilly. 1 Um pouco antes de Expilly, o viajante anglo-americano Thomas Ewbank havia constatado a generalização da escravidão negra em todo * Este artigo é parte do Capítulo III ("Masters and slaves in nineteenth-century Rio de Janeiro") da tese de doutoramento intitulada Urban Slavery in Nineteenth-century Rio de Janeiro, defendida em janeiro de 1988, no University College London (Universidade de Londres).

Alimentação e transformações urbanas em São Paulo no século XIX

Almanack, 2014

Resumo Este artigo procura identificar algumas transformações nos espaços urbano e doméstico em São Paulo no final do século XIX, associada com o consumo de alimento nas casas e nas ruas. A introdução de tecnologias como o fogão a gás e a trajetória dos cafés, restaurantes e novos cardápios, foram delineadas juntamente com a transformação da cidade, principalmente a questão sanitária, associada ao desejo das elites de modernização.

A Cidade e a escravidão: trabalhadores e escravizados urbanos no Rio de Janeiro do século XIX

Movimentos, trânsitos & memórias: novas perspectivas (século XVII-XIX), 2019

O Rio de Janeiro do século XIX era uma cidade negra e fortemente escravizada. Os variados viajantes que passaram por ela nesse período não deixaram de registrar esse fato, e dificilmente uma imagem foi feita sem a presença de um homem ou uma mulher escrava exercendo algum ofício. Logo, pensar essa cidade é ter na escravidão uma referência importante na argumentação e, consequentemente, a ideia de trabalho, exercida por homens e mulheres escravizados e livres. As demandas que uma Corte criava não eram atendidas apenas por trabalhadores escravizados, outros também estariam na missão de ordenar a cidade e fazê-la funcionar. Deste modo, esse texto é uma reflexão sobre as características da cidade como ambiente de trabalho, escravo ou não, e como seus moradores, em grande parte trabalhadores, se organizaram, ou foram organizados, por legislações e outros tipos de organizações que procuravam satisfazer alguns interesses. Sendo assim, pensar uma cidade imperial é também inserir trabalhadores, de todos os tipos, na sua organização.